Mónaco é a corrida mais glamourosa da Formula 1. É a única corrida do calendário do qual a organização precisa dela para ter o prestigio que têm. É aquela que atrai a realeza, Hollywood - o Festial de Cannes acontece sempre por esta altura - e as estrelas de rock para se mostrarem no "paddock" mais apertado do calendário, na pista mais anacrónica do automobilismo. Mas também é a mais carismática, e mais reconhecível do mundo, e acontece no mesmo dia em que temos as 500 Milhas de Indianápolis, enchendo o nosso dia com automobilismo.
Os cenários são ótimos, mas poderemos dizer que a Formula 1 destes dias vive uma espécie de travessia do deserto. Como aconteceu muitas vezes no passado, uma equipa a dominar sobre todas as outras - agora é a altura da Mercedes - mas nesta semana de GP monegasco, ainda havia a sombra de Niki Lauda a pairar sobre o paddock da Formula 1. Mais do que a personalidade, a sua história de vida, o seu palmarés, os seus cargos, era alguém que fazia parte do mobiliário, do qual todos o reverenciavam, e já era uma lenda desde há imenso tempo. Alguém cuja vida tinha dado um filme. E no Mónaco, todos se lembraram dele, fazendo a sua devida homenagem, quase a lembrar outra, de há 25 anos.
A partida foi normal, com Hamilton a manter a liderança nas primeiras curvas, perante Bottas e Verstappen. Atrás, Charles Leclerc buscava escalar no pelotão para alcançar os pontos e o melhor lugar possível. E foi o que fez logo na primeira volta, quando passou Romain Grosjean em La Rascasse, acabando na 12ª posição quando passou de novo na linha de meta.
Em oito voltas, há havia dois pelotões: a dos quatro primeiros e a do resto, pois Daniel Ricciardo aguentava o resto, com dezoito segundos de diferença... após oito voltas. Mas pouco depois, Charles Leclerc tentou passar Nico Hulkenberg e as coisas... correram mal, com um toque entre os dois, e o monegasco ficou com um furo, que levou à entrada do Safety Car. Se as coisas andavam mal, pioraram ainda. Claro, todos aproveitaram para trocar de pneus.
Hamilton, por exemplo, saltou para médios. E Verstappen subiu para segundo, passando Bottas. O finlandês teve um furo, trocou para duros e caiu para quarto, passado por Vettel. Verstappen também foi às boxes e trocou de pneus, mas na saída, as coisas complicaram-se e os comissários decidiram que ele tinha feito uma saída insegura, e penalizaram-o em cinco segundos. As coisas andaram assim até à volta 18, quando Charles Leclerc parou nas boxes de vez. Era a primeira retirada - e depois, acabou por ser a única.
Na volta 29, a chuva fez a sua - ligeira - aparição, o que não desconcentrou os pilotos nas suas estratégias. Hamilton mantinha a sua liderança, no seu ritmo, e com pneus que aos poucos, degradavam-se. E para piorar as coisas, os seus adversários estavam melhor, mas Hamilton tinha a pista a seu favor. Verstappen pressionou o britânico para ver se cometia um erro, mas ele, e os pneus, aguentaram.
E no final, o vencedor parecia ser o mesmo, e parecia que a corrida tinha sido um suporífero de duas horas de duração. Mas de uma certa forma, tinha sido enganador. Hamilton aguentou um Verstappen com os seus pneus "nas lonas", e pressionado por Vettel e Bottas. Foi assim que conseguiu a sua quarta vitória do ano, e proavelmente, deu um pulo no comando do campeonato, disposto a conseguir mais um título mundial. Mas apesar do esforço, a penalização do holandês atirou-o para fora do pódio, deixando o alemão da Ferrari com o segundo posto, e o finlandês da Mercedes no terceiro lugar.
E mais atrás alguns resultados interessantes, como o quinto posto de Pierre Gasly - e volta mais rápida, seguido pelo McLaren de Carlos Sainz Jr, na frente dos Toro Rosso de Daniil Kvyat e Alexander Albon, o Renault de Daniel Ricciardo e o Haas de Romain Grosjean.
E com todos de chapéu vermelho na cabeça, acabava o GP do Mónaco. A vida continua, com alguns a quererem o fim da domínio dos Mercedes e desejar que a Formula 1 volte a ser competitiva. Pergunto a mim mesmo se alguma vez ela o foi?
1 comentário:
"Guess the year"
Após 6 corridas:
1 Alain Prost 45
2 Ayrton Senna 33
3 Gerhard Berger 18
4 Thierry Boutsen 11
5 Nelson Piquet 11
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