Há precisamente 40 anos, em Interlagos, René Arnoux herdou uma vitória que deveria ter sido a da segunda dobradinha da Renualt na história... e com Jean-Pierre Jabouille como vencedor. Mas como em 1980, os carros não eram fiáveis como são agora, a história desta corrida foram diversas "estórias". Desde ameaças de boicote por causa do estado do asfalto, até a demonstrações de pilotagem por parte de alguns dos participantes, passando por os azares da Renault, tão potente como quebradiça.
A corrida parecia estar destinada aos Ligier, mas o atraso de Pironi fez com que os Renault ficassem com os primeiros lugares, e tudo indicava que Jean-Pierre Jaouille iria ser o vencedor, numa corrida que pareceria ser aborrecida. Mas a quebra no carro de Jabouille deu a Arnoux a sua primeira vitória na Formula 1, algo que já merecia. Ele que, então com 31 anos, tinha sido campeão europeu de Formula 2 em 1977 e se tinha estreado na Formula 1 em 1978, no carro de Tico Martini., antes de aterrar na Renault, depois de ter corrido duas provas pela Surtees.
E podia... não ter acontecido. Havia preocupações com o asfalto, tal como tinha também acontecido em Buenos Aires, duas semanas antes, e murmurava-se por um pedido de boicote, que não foi diante. Mas sabendo dos problemas de São Paulo, o Rio de Janeiro meteu-se no assunto e disse que poderiam correr ali, e foi o que fizeram para o resto da década.
Nas televisões, todos vieram Gilles a passar de terceiro para primeiro em poucos metros, porque partiu melhor do que a concorrência. Mas também poucos sabem que Didier Pironi perdeu quase uma volta por causa da problemas com a sua saia lateral que o atiraram para o último posto, e depois fez uma prova "de trás para a frente", acabando no quarto posto da geral, os seus primeiros pontos ao serviço da Ligier. E foi por causa disso que Enzo Ferrari o viu na televisão e acabou por o contratar para a temporada seguinte e correr ao lado de Gilles Villeneuve.
Mas também foi uma prova onde o combativo Keke Rosberg mostrou mais uma vez que era melhor do que o seu patrão, quando logo na primeira volta o colocou em sentido na Reta Oposta. Claro, Emerson Fittipaldi não gostou da manobra, mas o seu irmão disse logo que ele pilotava bem melhor que ele. Se calhar, deve ter sido ali, naquele momento, que Emerson começou a pensar no seu final de linha como piloto de Formula 1.
No final, Arnoux ficou com uma vitória que, de uma certa forma, mereceu. Mas foi mais por estar no lugar certo, à hora certa, do que ter lutado para vencer.
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