Na noite de terça-feira, um amigo meu colocou na sua conta do Twitter uma página do insuspeito jornal "The Times" de Londres com um "exclusivo" anunciando o cancelamento do GP da China. Poucas horas depois, as autoridades locais pediram à Formula 1 para que a prova, prevista para o dia 19 de abril, fosse adiada para uma data posterior, o que foi acedido.
Era algo do qual era expectável. A epidemia do coronavirus já matou mais de 1100 pessoas, com 45 mil casos confirmados, só no Império do Meio, e cidades como Wuhan e Xangai, são cidades-fantasma. As pessoas tem medo de sair de casa, o comércio e a industria está paralisada, e a economia poderá sofrer os efeitos deste abrandamento. Mas com isso a acontecer, surgiu um novo problema: onde colocar a nova data para o GP da China de 2020?
A Julianne Cerasoli fala esta tarde no seu blog sobre os problemas logísticos de colocar esta corrida num calendário reformulado. Se não há abril, as melhores chances são setembro e outubro, quando a Formula 1 está de volta à Àsia. A primeira chance seria entre os GP's de Singapura e da Rússia, no final de setembro. O problema seria que isso transformaria essas proas em "back to back", ou seja, corridas em fins de semana seguidos. Poderia ser o delírio para os fãs do sofá, mas para mecânicos, engenheiros, pilotos e jornalistas, seria um inferno: ficar até 40 dias fora de casa é algo do qual muitos torcem o nariz. E num país como a China, onde a burocracia para tirar um visto é grande - demoram cerca de dez dias para o fazer. E muitos, ou fazem antecipadamente - falei esta semana que o Toto Wolff estava a tratar do visto, dois meses antes de acontecer - ou então, evitam.
Outra chance - meio de outubro, entre as corridas da Rússia e do Japão - tem, para além dos problemas referidos acima, o fuso horário - poderá ser mais uma violência para todos os que acompanham as provas no paddock. Ir ver uma corrida por ano pode ser uma maravilha, mas o resto não vai lá uma vez por ano, faz 22 corridas. E imaginar situações onde as pessoas ficam fora de casa, sem ver as familias por 20, 25 ou mais dias, é violento. Eu entendo isso perfeitamente, ao contrário de muita gente.
E fazer da corrida chinesa a última do ano, em dezembro, não seria mau de todo, se não fossem duas coisas: o quanto paga Abu Dhabi para ter esse privilégio, e as temperaturas da cidade nessa altura. Xangai é muito frio em dezembro, com algumas chances de neve. Logo, não seria muito viável.
Em suma: vais tentar encaixar a corrida, mas ao fazê-lo, irás zangar alguém. Não vai ser fácil, com um calendário de 22 provas... num calendário de 16, até daria, mas não agora. Daí achar que, apesar de tudo, aposto mais no cancelamento. Porque apesar de tudo, ainda não saberemos a evolução de uma doença como o coronavirus, do qual ainda não se alcançou o pico - os médios e a Organização Mundial de Saúde falam que poderá ser no final do mês, mas não se sabe até que ponto a epidemia estará controlada no final do verão, por exemplo, onde acontecerão diversas manifestações desportivas como o Europeu de futebol e os Jogos Olimpicos, que este ano serão em Tóquio, não muito longe de Xangai...
Sem comentários:
Enviar um comentário