Mas quem se lembra dessa corrida de há três décadas, sabe que foi uma prova onde poucos chegaram ao fim, com os dois Lotus a pontuaram na única vez naquele ano. Mas uma volta antes disso, não era o que se esperava, porque na quinta posição estava um solitário belga que fazia a sua primeira corrida do ano, na terceira prova da história da carreira de uma obscura equipa, que não deveria ter existido, mas foi obrigado a ser feito para cumprir os seus compromissos.
Falo da Modena. Ou Lambo.
Eric van der Poele era o elo final da cadeia, que começara muito antes, quando um mexicano, Ernesto Gonzalez Luna, afirmava ter 20 milhões de dólares para fazer a sua própria equipa de Formula 1. Com isso, comprou motores Lamborghini e encomendou um chassis a Itália. Dentro da equipa, estava Mauro Forgheri, o mítico engenheiro que trabalhara para a Ferrari por mais de 25 anos, e que tinha saído no final de 1985 para ir trabalhar para o rival, que na altura era controlado pela Chrysler, então presidido por Lee Iaccoca.
O motor V12 foi feito em 1989, para a Larrousse, e depois para a Lotus, e em 1991, estava nos chassis da Ligier, e a nova equipa seria ótima para construir mais motores. Mas um dia, algures em 1990, Luna desapareceu de cena, e com "o bebé" nos braços, o projeto avançou, mas sem o nome da Lamborghini envolvido, pelo menos em termos oficiais, porque quem estava ao leme era Carlo Patrucco.
O Lambo 291 não foi grande coisa, apesar de Nicola Larini o ter qualificado em Phoenix e o levar até ao fim na sétima posição, a quatro voltas do vencedor. Imola era a terceira corrida do ano, e com a pré-qualificação, e os Jordan de outra galáxia, dois lugares estavam em jogo para o resto do pelotão, e dois deles eram os Dallara. Isso significava que Van de Poele e Larini não tinham grandes chances. Mas em Imola, o piloto belga conseguiu um primeiro feito, o de colocar fora da corrida o Dallara de Emmanuele Pirro.
Contudo, colocar o carro entre os 26 que corriam no domingo era outra tarefa monumental. Os motores Lamborghini eram pesados e gulosos, e tinham tendência para quebrar. Contudo, quando funcionavam, tinham velocidade, e na sexta-feira, Van de Poele conseguiu o 21º tempo, bem dentro da qualificação. E no dia seguinte, a chuva fez a sua aparição, tinha conseguido o segundo milagre: qualificar-se.
A corrida foi o que foi: nada aborrecida. A começar pelo despiste de Alain Prost na Rivazza na volta de aquecimento (!) até a colisão de Nigel Mansell com o Brabham de Martin Brundle, na primeira volta, acabou com os dois McLaren, incólumes, com os únicos a acompanhar serem os Tyrrell de Stefano Modena e Satoru Nakajima. Pouco depois, eles abandonaram.
Com o passar das voltas, os abandonos entre os da frente aconteciam, e Van de Poele passava mais alguns carros, graças à potência do seu Lamborghini V12. E perto do fim, ele estava nos pontos. Era quinto, e se conseguisse essa pontuação, teria garantida a passagem para o grupo principal, saindo de vez da pré-qualificação. Aliás, com Letho a caminho de um pódio garantido, feitas as contas, na segunda metade da temporada, eram eles e a Dallara que sairiam, mantendo por lá a Jordan, porque aina não tinham pontuado.
Era um milagre da sobrevivência, e na última volta, era uma certeza. Mas... a ter algum problema, tinha de ser ali. A bomba de combustível cedeu, e o sonho virou pesadelo. Os maiores beneficiados? Os Lotus: Mika Hakkinen conseguia ali os seus primeiros pontos da sua carreira, e Julian Bailey, o único na Formula 1, e ele que correu também pela Tyrrell...
Faltou um pouco para a história do "underdog" ter dado sucesso. Van de Poele não sabia, mas iria ser a única vez que correu naquela temporada. O nono posto final, com quatro voltas de atraso, não refletiu o que foi aquela corrida.
No final do ano, a Lambo fechou as portas, acabando por ali a experiencia.
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