Já de volta? Tão rapidamente? E eles nos adoram?
Vamos ser honestos: quando comecei esta aventura e escrever neste canto, há 14 anos, pensava que o regresso da Formula 1 a Portugal poderia acontecer um dia, numa espécie de "whishful thinking", e pensava que, mesmo com a construção do Autódromo de Portimão, não voltariam pelos nossos lindos olhos, a nossa excelente cozinha e os nossos vinhos. Não. Como sabem, eles vieram cá por causa de uma pandemia.
Aliás, se me dissessem em janeiro de 2020 que iriamos ter Lewis Hamilton, Valtteri Bottas, Sebastian Vettel, Max Verstappen e o resto do pelotão, eu teria dado uma enorme gargalhada. Um ano e cinco meses depois, estamos aqui a receber os pilotos de Formula 1... pela segunda vez consecutiva. Isto porque este ano, ela vaio no lugar do GP do Vietname, que deveria ter acontecido, mas se descobriu que a construção do circuito nos arredores de Hanói foi devido à ambição desmedida de um administrador local, que usou indevidamente os fundos do Estado. E pagou o preço por isso...
Agora, ver a Formula 1 ali tem o seu sabor agridoce. É evidente que damos as boas vindas à elite do automobilismo num dos melhores circuitos do mundo - ironicamente, não foi construído por Hermann Tilke - mas como acontece sem espectadores, devido às restrições causadas pela pandemia. E hoje - nova ironia, bem sei - acontece no dia em que acabou o estado de emergência no país. devido aos baixo números de novos casos. E esta semana, houve dois dias onde não houve mortes devido ao CoVid-19.
É pena vermos esta corrida no conforto dos nossos lares, mas é fantástico voltar a recebê-los e chamar ao nosso circuito de "montanha-russa". E ainda por cima, pode ser que aqui que Lewis Hamilton consiga algo historicamente inédito: o primeiro piloto de sempre a conseguir cem pole-positions. Sim, leram bem: cem poles!
Com os céus com nuvens, mas mais a pintar a paisagem, a qualificação começava com tempo morno e os pilotos preocupados com as rajadas de vento e não passar dos limites nas curvas 4 e 5, sob pena de verem apagados os seus tempos, se fossem bons. E foi assim que começou a qualificação, com os comissários atentos para os exageros dos pilotos. Gente como Charles Leclerc, Lewis Hamilton e Nikita Mazepin eram os "contemplados".
Mais adiante, Sergio Perez chegou a sair de pista, antes de regressar, não ficando muito prejudicado com o que aconteceu. Para os segundos finais, depois de terem andado entre os moles e os médios, Bottas lá andava no topo da tabela de tempos, mas quando o cronómetro chegou ao zero, havia duas surpresas: o McLaren de Daniel Ricciardo e o Aston Martin de Lance Stroll estavam de fora, acompanhados pelo Williams de Nicholas Lattifi e os Haas.
Recolhidos às boxes, e as equipas a tentarem ver como é que conseguirão fazer as voltas no meio das rajadas de vento que se faziam por ali naquele momento, começava a Q2. Com os pilotos andando entre os médios e os moles, os que tinham os pneus mais duros estavam com dificuldades para aquecer a borracha mais rapidamente quanto queriam. De imediato, Lewis Hamilton ficava com o melhor tempo, na frente de Bottas, enquanto Verstappen apenas conseguia o quinto melhor tempo, por agora.
Para ver quem ia para a Q3, colocaram os moles no sentido de fazerem tempos melhores, e claro, a luta para conseguirem um bom tempo foi duro, mas conseguiu-se. Se os Mercedes, Red Bull, Ferrari, o Aston Martin de Sebastian Vettel, o Alpine de Esteban Ocon, o McLaren de Lando Norris, e o Alpha Tauri de Pierre Gasly foram para a Q3, George Russell ficou com a "fava", ao conseguir o 11º tempo com o seu Williams, na frente de gente como Yuki Tsunoda e Fernando Alonso. Ah, se o George tivesse sido piloto da Williams em 1993...
Agora com os dez primeiros em ação, e com aquela hipótese da pole inédita do piloto da Mercedes, lá foram os pilotos com médios, e claro, os comissários atentos aos excessos. Max Verstappen fez isso e viu o seu tempo apagado, enquanto em compensação, Valtteri Bottas era o mais veloz, com 1.18,348, deixando Hamilton para trás. E Sebastian Vettel era um digno quarto classificado.
Para a parte final, os Mercedes foram com os médios para a pista, a mesma tática que no ano anterior lhes deu a pole, mas com o vento a levantar-se, não se sabe se resultará. Verstappen só fazia 1.18,746, e não poderia ser pole, enquanto os Flechas Negras faziam o seu melhor, mas não conseguiam alterar os seus tempos. Assim... não haverá pole número cem para Hamilton: Bottas era o melhor, por sete milésimos. Max era terceiro, na frente de Perez, as duas primeiras filas tinham monopólios. Carlos Sainz Jr era quinto, na frente de Esteban Ocon, a melhor posição na grelha para um Alpine.
Claro, Bottas estava feliz à maneira finlandesa: tinha superado o britânico, ele tinha de esperar mais uma semana para chegar aos cem, mas o problema é que... uma coisa é a qualificação, outra é a corrida, não é?
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