terça-feira, 7 de setembro de 2021

A imagem do dia


Nesta foto, estamos no inverno de 2009, e Lewis Hamilton está a comemorar o seu primeiro título mundial, conquistado na última curva da última volta da última corrida do ano, em Interlagos. O (então) piloto da McLaren está a falar com os fãs num kartódromo, com alguns a pedirem-lhe autógrafos. Atrás dele, com dois livros na mão, está um entusiasta de 12 anos chamado George Russell. Gosta - e faz karting - e ficaria feliz da vida se ele assinar esses livros. E claro, à noite, deve ter sonhado que um dia, estaria onde ele está agora, coberto de glória e adoração. 

Estamos agora no final do verão de 2021. Nesses doze anos, Hamilton conseguiu mais seis títulos mundiais, todos pela Mercedes, e é tratado por "sir". George Russell mostrou todos os seus predicados, e nesse tempo, passou para os monolugares, subiu na hierarquia, e desde 2019, é piloto de Formula 1 de pleno direito, pela Williams, conseguindo impressionar com uma máquina que é uma das piores do pelotão. E no ano passado, quando o seu ídolo ficou doente com CoVid-19, sentou no lugar dele e quase venceu a corrida, se não fosse uma série de erros o ter levado para o oitavo lugar final. A fotografia dele, deitado no solo de Shakir, espelhava a sua frustração por ter mostrado que tinha estofo para vencer, ultrapassara Valtteri Bottas uma e outra vez, sem qualquer vergonha e respeito pela hierarquia, querendo mostrar ao mundo que tinha estofo de campeão, correu mundo.

Este ano, o seu carro mostrou por fim que é mais competitivo que no ano anterior. O Williams FW43B tinha por fim conseguido pontuar, especialmente nas circunstâncias chuvosas da Hungria e da Bélgica. Competitivo, a Mercedes achou por bem que já tinha a maturidade suficiente para correr ao lado do seu ídolo, do campeão que ira na sua infância naquela tarde já distante. 

Quando correr ao lado dele, Hamilton terá 37 anos. Muitos poderão dizer que ele já está na sua fase descendente, mas não creio. Ainda tem tudo para vencer, numa máquina triunfadora. Não tritura os adversários, e não sabemos se a marca terá um carro competitivo em 2022. E muitos, a começar pelos detratores do britânico, afirmam que ele terá, por fim, um piloto competitivo, que o fará suar, como fizera Nico Rosberg entre 2013 e 2016. E para esses, aí é que veremos o verdadeiro Hamilton, sem um companheiro de equipa que se parecesse um súbdito. E claro, ver se o aluno supera o mestre.

Mas também, há outra coisa: que carro a Mercedes dará aos seus pilotos na próxima temporada?    

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