domingo, 5 de setembro de 2021

A imagem do dia


Da esquerda para a direita na foto: Ronnie Peterson, no seu March, Francois Cevért, no seu Tyrrell, Mike Hailwood, no seu Surtees, e o BRM de Peter Gethin. O autor deste momento para mais tarde recordar é de Bernard Cahier

Uma das corridas mais marcantes da Formula 1 completa hoje meio século. E a vitória caiu ao colo de um "one hit wonder" que chegara à equipa algumas corridas antes, para substituir um colega caído. E a corrida acontecia no primeiro aniversário da morte de Jochen Rindt, na mesma pista. Mas a história de Peter Gethin é muito mais que este dia. 

Nascido a 21 de fevereiro de 1940, tinha corrido na Formula 2 em 1968 e na Formula 5000, onde se tornou num dos nomes mais estabelecidos desse campeonato. Campeão europeu em 1969 e 1970, e vice-campeão em 1975 e 76, a sua entrada na Formula 1 aconteceu de modo dramático. A 2 de junho de 1970, Gethin estava em Goodwood a fazer os primeiros quilómetros a bordo de um M14A quando viu a coluna de fumo vindo do M8D, o carro de Can-Am que Bruce McLaren testava nesse dia. O fundador estava morto e o lugar vago. Gethin teve de ser chamado a toda à pressa - Dennis Hulme recuperava das sua queimaduras nas mãos devido a um acidente em Indianápolis - para correr em Zandvoort.

A sua passagem na McLaren não foi memorável. Apesar de na Can-Am, venceu uma corrida e acabou no terceiro lugar do campeonato, na Formula 1, apenas conseguiu um ponto no Canadá, em 1970, e a meio de 1971, viu-se que não era um piloto do nível que a equipa estava já habituada. Depois do GP da Alemanha, foi dispensado dos seus serviços. Mas a BRM foi logo buscá-lo porque precisava de pilotos depois do desaparecimento prematuro de Pedro Rodriguez.

Em Monza, Gethin foi o 11º na grelha, distante dos carros de Jo Siffert e Howden Ganley, mas com o passar das voltas, ele subiu na classificação geral e começou a andar entre os da frente. E era o que estava a acontecer no inicio da volta final, quando corria atrás desses carros acima descritos, e fez o ataque decisivo na Parabólica, quando o March do sueco andou um pouco mais para a esquerda e perdeu tempo, com o britânico da BRM fazendo uso do seu motor V12 que tinha nas suas costas. Foi sorte, mas também muita pericia.

Para a BRM, foi a sua segunda vitória seguida, depois de Siffert na Áustria. 

Gethin ainda fez mais algumas vitorias em provas extra-campeonato. Venceu na Victory Race, cerca de mês e meio depois, em Brands Hatch, numa prova marcada pelo acidente mortal do seu companheiro Jo Siffert, e depois, no mesmo local, na Race of Champions de 1973. a bordo de um Chevron de Formula 5000, contra alguns carros de Formula 1. No ano seguinte, venceu a Tasman Series, num Chevron de Formula 5000, numa altura em que tinha fechado a sua carreira na categoria máxima do automobilismo.

Nos anos 80, Gethin foi o diretor desportivo da Toleman e geriu a sua própria equipa na Formula 3000 por alguns tempos. Acabou por morrer a 5 de dezembro de 2011, aos 71 anos, depois de uma longa enfermidade, quarenta anos depois daquela memorável tarde de Monza.  

1 comentário:

José Maria disse...

A chegada em Monza/71 é histórica.
Bela matéria sobre quem foi Peter Gethin.
Apenas um adendo, relativo à imagem:
O capacete do britânico é marrom, mas na imagem do post o piloto da BRM usa um capacete vermelho, portanto é Siffert.
Abraços desde o Brasil.
Zé Maria