quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

O que se passa nos bastidores da FIA?


As pessoas agitaram-se nesta quarta-feira quando alguém mostrou nas redes sociais o organigrama da FIA para os primeiros meses deste ano sem os nomes de Michael Masi e Nicholas Tombazis, o o chefe de assuntos técnicos da FIA. A imprensa britânica agarrou no assunto e afirmou que a saída poderá ter a ver com um acordo entre Mercedes e a entidade máxima do automobilismo, onde acordou o despedimento de Masi, em troca da continuidade de Lewis Hamilton para a temporada de 2022. 

Contudo, a Mercedes nega o assunto. Mas a FIA afirma que está a decorrer "uma investigação interna", que está a ser conduzido por Peter Bayer, secretário-geral para o automobilismo, cujas conclusões serão divulgadas a 3 de fevereiro.  

A BBC aproveitou para informar na terça-feira que uma “fonte superior” lhes revelou que a Mercedes “desistiu do seu apelo contra os resultados da corrida depois de ter acordado um acordo de 'quid pro quo' com a FIA”, e que: “este acordo significa que Masi e o chefe de assuntos técnicos da FIA, Nikolas Tombazis, deixariam de estar nas suas posições para a época de 2022”. E porquê Tombazis, o ex-projetista da Ferrari, de fora? Porque foi ele que aprovou o regulamento técnico que fez os Flechas de Prata perderem a vantagem que tinham a favor da Red Bull.

E é por isso que Hamilton ainda não decidiu a sua continuidade, afirmando que perdeu a confiança pelo orgão que regula o automobilismo, e que confia no seu novo presidente, Mohammed Ben Suleyman, para que haja "cabeças cortadas". E também é por isso que se explica todo este silêncio, apesar do presidente da FIA ter tentado ligar para ele nos dias a seguir à sua eleição.

Mas também existe outro problema premente: caso se decida pelo despedimento de Masi, não há um substituto "de imediato" para o lugar, e esse problema tem de ser resolvido de imediato, porque a primeira corrida do ano é a 20 de março, no Bahrein. Claro, há possíveis substitutos, e ambos oriundos da Peninsula Ibérica: a espanhola Silvia Bellot, diretora de provas da Fórmula 2 e comissária desportiva da Formula 1 em algumas provas, e o português Eduardo Freitas, que é o diretor de corrida no Mundial de Endurance (WEC) e nas 24 Horas de Le Mans. Contudo, há quem não creia que a nova administração faça uma alteração tão brusca como fez em 2019, quando Charlie Whitting, o anterior diretor de corrida, morreu em Melbourne, a poucos dias do GP australiano. 

Contudo, Toto Wolff disse que problema maior não é só a mudança de cabeças: é o próprio sistema que precisa de ser mudado. Como disse em Abu Dhabi. “Não é apenas uma decisão de mudar o diretor de corrida; todo o sistema de tomada de decisão precisa ser melhorado. O diretor de corrida certamente está sob grande pressão e parte disso se deve às nossas próprias falhas”. 

E uma das decisões que se espera é que o diretor de corrida não mais receba comunicação vinda das equipas.

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