"De momento temos um diálogo contínuo e todos desempenham o seu papel – eles estão lá para tirar as nossas vantagens e nós estamos lá para mantê-las. Eles não estão completamente chocados e nós também não. Ainda pode haver dez por cento para negociar", explicou à publicação Monaco Info.
O pomo da discórdia tem a ver com a transmissão televisiva e as receitas publicitárias. O Mónaco é o único local onde a transmissão televisiva é uma cadeia local, ao passo que toda o valor pago pela publicidade estática reverte a favor do organizador, ao contrário do que sucede nos restantes Grandes Prémios, em que o dinheiro entra diretamente nos cofres da FOM.
E sobre isso, Boeri não quer ser flexível. E avisou:
"[Deixá-los] governar a pista, os anúncios, a cerimónia de entrega de prémios, os marshals, tudo isso[?] Lamento, mas organizámos 79 grandes prémios e, no que me diz respeito, é evidente que não estou perto de os seguir em todos os seus pedidos. Podem pensar que não sou suficientemente flexível, mas continuo a pensar, no que diz respeito ao Mónaco, que não é um grande prémio inspirado nos outros. Ao contrário do que a Liberty pensa, a singularidade de cada corrida é essencial", apontou.
Contudo, o Mónaco conta com muitos privilégios. Durante o tempo de Bernie Ecclestone, este necessitava do prestigio da cidade-estado para fazer subir o prestigio da Formula 1 no geral. Os valores pagos eram inferiores ao normal - descobriu-se recentemente que o estado paga 15 milhões de euros por ano para receber a Formula 1, muito inferior à Arábia Saudita ou até a outros lugares na Europa como a Bélgica e os Países Baixos, que rondam os 25 milhões de euros por ano. E agora com a entrada de novas pistas, o facto de Mónaco estar a ter um largo desconto com os privilégios que tem já começa a ser um motivo de discórdia com a Liberty Media. Aliás, muitos falam que o ACM e a organização do Grande Prémio tem atuado de forma arrogante e inflexível em relação às novas condições que a Liberty Media deu a eles. Daí a demora na conclusão do acordo para voltar a receber a Formula 1 no Principado a partir de 2023.
Para piorar as coisas, as condições degradam-se de ano para ano, com um paddock cada vez mais apertado para receber as equipas, apesar do investimento de dezenas de milhões de euros em projetos imobiliários para ganhar alguns quilómetros quadrados ao mar Mediterrâneo. E para piorar as coisas, o traçado não é alterado significativamente desde 1973, há quase 50 anos, e os carros ficam cada vez maiores. Este ano, com a chuva - que atrasou o inicio da corrida em uma hora - e a má realização, as criticas foram cada vez maiores, e começa-se a falar da necessidade da Formula 1 ter o Mónaco, cuja corrida não se realizou em 2020 por causa da pandemia.
Em suma, a chance de termos visto a Formula 1 a passear pelo Monaco pela última vez poderá ter sido real. Veremos até que ponto ambos os lados cedem para que isso não aconteça.
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