Também poderia falar do segundo pódio de Mark Blundell, no seu Ligier, numa corrida onde conseguiu andar na frente de Ayrton Senna, no seu McLaren. Mas depois descobri que sobre 1993, ainda não falei de Michael Schumacher e da sua temporada, a segunda completa na Formula 1. Claro, poderia esperar por setembro e o GP de Portugal, onde conseguiu a sua segunda vitória da sua carreira, mas acho que aqui, por ser a sua corrida caseira, seria um excelente lugar. É que nesta corrida, iria conseguir a sua quinta volta mais rápida na sua temporada, no seu Benetton B193, provavelmente o carro menos falado entre os da frente.
Este é um projeto de gente conhecida: Ross Brawn, Pat Symmonds, Rory Bryne e William Toet. Brawn como diretor, Beyne como projetista, Symmonds como o pesquisador, e Toet como o aerodinamista-chefe. É uma continuidade do B192, que também era bom, mas aqui, graças ao motor Ford HB V8, que dava entre 710 e 730 cavalos, a 13.200 rotações por minuto, brigou com a McLaren para ser o "melhor do resto" em relação aos quase imbatíveis Williams. Era um carro bem construído, uma evolução na continuidade, rumo à excelência. A versão B apareceu em Donington Park, com a colocação de "bargeboards", no chassis.
O carro teve também controlo de tração, a partir do GP do Mónaco, mas quer Schumacher, quer Riccardo Patrese, seu companheiro de equipa, acharam que isso era um retrocesso em relação à performance em geral do carro. Inicialmente tinham o exclusivo da série VIII do Ford HB, mas a partir de Silverstone, tiveram de dar essa especificação à McLaren, por causa dos resultados que tinham conseguido no inicio da temporada, graças a um chassis melhor trabalhado, e com melhor uso do controlo de tração - e da capacidade "sobre-humana" do Senna em correr na chuva e nas condições mais húmidas.
Uma coisa é certa: com este carro, Schumacher tinha conseguido seis pódios e quatro voltas mais rápidas quando chegaram a Hockenheim (contra um pódio para o veteraníssimo italiano), e na Alemanha, o alemão conseguiu ser "o melhor do resto" na qualificação, ao ser o terceiro na grelha, à frente de Senna. Patrese foi sétimo, batido pelos Ligier-Renault de Blundell e Martin Brundle.
Na partida, Prost partiu mal e Schumacher foi um dos beneficiados, a par de Hill e Senna. O brasileiro tentou segurar o terceiro posto do francês da Williams, mas na saída da primeira chicane, Senna despistou-se e regressou à pista no fundo do pelotão. Por causa disso, o francês acabou por ser penalizado com um "stop & go" de 10 segundos. O francês carregou e chegou à liderança na nona volta, antes de ir para as boxes cumprir a penalização, regressando à pista no sexto lugar, atrás de Patrese.
Entretanto, Schumacher foi o primeiro a parar para trocar de pneus, caindo para quarto, atrás de Blundell e Prost, enquanto Senna tentava recuperar o mais que podia, chegando aos pontos depois do meio da corrida, mas não sem antes trocar de pneus, quando viu que não tinha chances de passar Berger por causa da potência do seu motor V12 na linha reta.
Contudo, o alemão decidiu-se por uma estratégia de duas paragens, e depois da segunda, onde já era terceiro, a meio minuto de Hill, quando regressou à pista, começou a apanhá-los, e foi ali que fez a sua melhor volta, com 1.41,859. Parecia que o lugar mais baixo do pódio era seu, mas a duas voltas do fim, e quando Hill já tinha a sua primeira vitória à vista, sofreu um furo e despistou-se quando tentava chegar às boxes. Assim sendo, o segundo lugar, como aconteceu a todos os que estavam atrás do britânico, caiu do céu aos trambolhões, uma espécie de dádiva. Mas isso não inviabilizou a grande corrida que fez naquela tarde, naquela que era a sua corrida caseira.
E mais conseguiria Schumacher até ao final do ano, num chassis bem conseguido. Aliás, daqui por adiante, o horizonte para o alemão só ficaria mais brilhante.
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