sábado, 16 de agosto de 2025

A tecnologia revolucionária das baterias de sódio


As baterias elétricas, como conhecemos, são maioritariamente de ion-lítio, uma tecnologia que foi descoberta em meados dos anos 80 do século XX pelo cientista americano John B. Goodenough - que, em conjunto com M. Stanley Whittingham e Akira Yoshino, conseguiu em 2019 o Nobel da Química - que são mais eficazes que os usados anteriormente, de chumbo-cádmio, que até então davam um alcance bem limitado em termos de autonomia. Ou seja, passamos de 80 a 100 quilómetros, para autonomias superiores a 600 quilómetros. 

Contudo, o preço das baterias é alto, apesar de ter baixado bastante, ao longo dos anos. Em 2010, por exemplo, valiam cerca de 1400 dólares por kW/hora. hoje em dia, baixou em 90 por cento, para cerca de 110 dólares por kW/hora. Mas por estes dias, surgiu um estudo onde falam de baterias de sódio, que são bem mais eficazes, ao ponto de prometerem baterias que custam... 10 dólares por kW/hora. Ou seja, algo que é 90 por cento mais barato que as atuais baterias, que por sua vez eram mais baratas que aquelas usadas há década e meia. Impressionante!

Caso tudo isto seja confirmado, este preço representaria uma quebra histórica na barreira económica da mobilidade elétrica - e noutros dominios - além de abrir espaço para armazenamento residencial e em grande escala. Imaginem, por exemplo, painéis solares custarem um décimo do que custam agora.


A chinesa CATL, maior fabricante mundial de baterias para veículos elétricos, afirma que a Naxtra, o modelo de bateria já pronta para produção, funcionará tanto em veículos industriais quanto em carros elétricos, mantendo até noventa por cento da capacidade entre -40 °C e 70 °C. Para além disso, a fabricante afirma que estas baterias Naxtra podem superar 10.000 ciclos de carga, teoricamente equivalentes a mais de 3,6 milhões de quilômetros antes de atingir 85 por cento da capacidade. Em comparação, as atuais baterias LFP duram entre três mil e quatro mil ciclos.

A densidade energética da Naxtra é de 175 Wh/quilo, próxima das LFP (185 Wh/quilo), garantindo autonomia estimada em 500 quilómetros por carga. E tem outra vantagem: estas baterias de ião-sódio conseguem resistir a testes implicando penetrações e compressões, ou seja, os riscos de explosão e incêndio serão bem menores. 

Robin Zeng, presidente da empresa, acredita que o sódio pode ocupar até metade do mercado global de baterias nos próximos anos. Mesmo que o preço real fique entre os 40 e 50 dólares por kW/hora, o impacto na redução do custo de carros elétricos e do armazenamento de energia seria significativo.

Parece ser tudo muito bonito, mas há problemas. Sim, é verdade que o sódio é muito mais denso que o lítio - é o sal - e apesar de alguns dos números aqui apresentados serem relativamente dramáticos, em termos de eficiência, é equivalente. E para além disso, a CATL não divulgou documentação técnica detalhada nem preços de produtos comerciais, mantendo o custo de dez dólares por kW/hora... mais como uma promessa de marketing do que algo substanciado. Mas eles afirmam que mais de 30 modelos de marcas como Geely, Chery, GAC e Voyah irão receber baterias de sódio em 2025, não como protótipos, mas como produtos acabados.

É que na China, eles não esperaram por estudos para saber da possível viabilização deste tipo de bateria: A BYD já começou a construir uma fábrica para este tipo de bateria, e a JAC, outra fabricante de automóveis, iniciou em 2024 a produção em série do seu primeiro carro com baterias de sódio.

Sim, o potencial está aí, mas ainda demorará mais algum tempo até saber se esta tecnologia será o suficiente para superar a atual. 

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