quinta-feira, 4 de setembro de 2025

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Em 1970, a Formula 1 estava a aprender como era guiar com aerodinamismo. E a mentalidade era ser veloz, a qualquer preço. E quando chegavam a Monza, para o GP de Itália, os pilotos costumavam tirar os apêndices aerodinâmicos, julgando que essa velocidade a mais lhes tiraria o "downforce" que era ao mesmo tempo um arrasto, que lhes tiraria o que queriam ter: velocidade de ponta nas retas. E também impedir que outros aproveitassem o "slipstream" para os ultrapassar.

Podiam ser rápidos, mas arriscavam ainda mais o pescoço que o normal. 

Há 55 anos, em Monza, numa sexta-feira de Grande Prémio, a Lotus chegava com ar de antecipação. Jochen Rindt tinha desistido na corrida anterior, no Osterreichting, mas a equipa esperava que um bom resultado em Monza, a casa da Ferrari, seria suficiente para resolver o assunto a três corridas do fim. Ganhar seria o ideal, mas a recente boa forma da Ferrari, com a vitória de Jacky Ickx na corrida da Áustria, estava a dar algumas esperanças nos lados da Scuderia. 

Naquela sexta-feira, o ambiente da Lotus estava algo tenso. Rindt, que nunca foi muito amigo de Colin Chapman, concordava em andar sem os apêndices aerodinâmicos, porque os V12, mais potentes, eram 16 km/hora mais rápidos em reta, logo, seriam os candidatos aos primeiros lugares da grelha, a par dos BRM e Matra, que também tinham motores V12. Mas esse era o menor dos problemas: ele lutava contra problemas de injeção de combustível que o fizeram marcar tempos cinco segundos mais lentos que Jacky Ickx. Foi por isso que decidiu tirar as asas. Sem elas, melhorou os tempos, mas ainda era 1,5 segundos mais lento que o belga, no seu Ferrari. 

John Miles, o segundo piloto da equipa, não estava a gostar de andar no 72 sem asas, porque não conseguia andar direito, corrigindo constantemente no volante, mesmo na reta. E também estava a discutir com Chapman acerca disso, porque acreditava estar a andar no limite.

Contudo, o terceiro piloto da equipa, Emerson Fittipaldi, andava com as asas naquela sexta-feira. A razão? Ia ter nesse final de semana o chassis do 72. Mas na sexta-feira, foi encarregado de "amaciar" o chassis 72/5 para que Rindt usasse no resto do final de semana. Contudo, durou pouco: no final da reta, na aproximação da Parabólica, avaliou mal o ponto de travagem e acabou a tocar no Ferrari de Ignazio Giunti. O carro, imparável, acabou fora da pista, mas apenas com a frente danificada e o resto do carro recuperável. E claro, Emerson estava incólume. 

Emerson contou mais tarde que como era um carro novo, não tinha reparado que ele era bem mais rápido que o 49, logo, tinha de travar mais cedo e estava mentalmente habituado ao carro anterior...

Com o carro a ser reparado, para o dia seguinte, Rindt iria usar um chassis mais velho, o 72/2 e que iria ser usado por Emerson, para dar as suas voltas. E foi nesse chassis que a correia do travão se quebrou... e o resultado é o conhecido.

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