sexta-feira, 14 de novembro de 2025

A imagem do dia (II)





Um pequeno exercício de realidade alternativa: sabem o que teria acontecido se Mika Hakkinen teria conseguido o seu terceiro título mundial seguido, no ano 2000? Faria uma de Nico Rosberg e penduraria de imediato o capacete. Causaria um impacto bem grande, sem qualquer tipo de dúvida, maior que, se calhar, o que o filho de Keke Rosberg acabou por fazer em 2016. 

A estória que se segue soube no inicio desta semana quando fazia a minha pesquisa para o acidente do Mika no GP da Austrália de 1995, e tenho de agradecer e pessoal como o Arlindo Silva, o Leonardo Bandeira Verde, o Maico Rian, o Lucas Carioli e outros, cujos nomes não me ocorrem agora (a idade não me perdoa...)

Então, conta-se assim: 

Depois do segundo título mundial, em 1999, Mika andava farto das tarefas institucionais dos patrocinadores da McLaren, essas obrigações contratuais do qual era obrigado a participar. Para piorar as coisas, houve alterações na hierarquia da equipa, dando mais atenção a David Coulthard, do qual o finlandês não achou muita piada, porque tendo ele o número um, porquê dar uma chance ao escocês? Embora se diga que o susto que o escocês teve em abril, quando voava para Nice, onde o avião se despenhou em Lyon e causou a morte dos pilotos - ele, a sua namorada de então e o seu fisioterapeuta saíram ilesos - deve ter dado, temporariamente, uma onda de simpatia e um impulso na sua moral. 

Independentemente disso tudo, Mika tinha outro problema sério: a gravidez da sua então mulher, Erja, estava a ser complicada. Tudo isso a acontecer nos seus bastidores, aliado às dificuldades na pista, por causa de Schumacher e Coulthard, fez com que ele fosse até ao limite psicológico. A certa altura, no verão, pediu uns dias de folga para refletir sobre tudo. 

Ele sabia que 1999 fora difícil. Os seus acidentes por culpa própria em Imola e Monza - e a tal cena onde acabou a chorar na berma - mas o acidente espetacular que sofreu em Hockenheim, onde fez um 360º depois do seu pneu traseiro-direito explodir em plena reta, fez pensar se correr, arriscar constantemente a vida valeria a pena, e quanto títulos seriam suficientes para se dar por satisfeito. 

Agora, em 2000, tudo estava mais ou menos a repetir-se. E com Schumacher mais forte que nunca, o finlandês decidiu: se conseguisse o tri, pendurava o capacete. Isso foi antes do GP da Bélgica, onde conseguiu aquela ultrapassagem na reta Kemmel a Schumacher (e ao BAR de Ricardo Zonta). Apenas um motor quebrado em Indianápolis, no GP dos Estados Unidos, impediu que tal acontecesse.

Em 2001, Mika cumpria o contrato, mas ainda haveria a chance de correr mais tempo, dependendo de como a temporada iria correr. Mas o seu mau inicio, culminando com a última volta do GP de Espanha de 2001 (até me admira como ele continuou depois dessa corrida), selou o seu final de carreira. E o "ano sabático" já dura há quase um quarto de século, que poderia não ter acontecido, caso tivesse conseguido o tri e ido embora sem olhar para trás.

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