A Ferrari não está a ter uma grande temporada em 2025, e no fim de semana do GP do Brasil, ambos os pilotos, Lewis Hamilton e Charles Leclerc, não pontuaram na Feature Race. Para piorar as coisas, a Scuderia ainda não ganhou qualquer corrida nesta temporada e foi passada pela Red Bull, que, de todos os pontos conquistados em 2025, só 19 não pertencem a Max Verstappen.
A direção tem andado silenciosa ao longo desta temporada - afinal de contas, tinham investido bastante em Lewis Hamilton, de 40 anos - mas numa temporada onde ele ainda não conseguiu um pódio, John Elkann resolveu quebrar o silêncio, comparando a situação com a Endurance, onde eles ganharam tudo: o Mundial de Construtores e corridas como as 24 Horas de Le Mans.
Em declarações à Sky Sports Itália, Elkann afirmou:
“Vencemos o campeonato do mundo de Endurance, o que foi uma emoção tremenda. Vencermos os títulos de construtores e de pilotos. Uma bela demonstração de quando a Ferrari está unida é possível fazer coisas grandiosas. O Brasil foi uma enorme desilusão. Olhando para o campeonato de Fórmula 1, podemos dizer que os nossos mecânicos estão a ganhar o campeonato com o seu desempenho e tudo o que fizeram nas paragens nas boxes.
Se olharmos para os nossos engenheiros, não há dúvida de que o carro melhorou. Se olharmos para o resto, não está à altura. E temos certamente pilotos que precisam de se concentrar em pilotar e falar menos, porque ainda temos corridas importantes pela frente e não é impossível conquistar o segundo lugar. No Bahrein, ganhámos o título do WEC. Quando a Ferrari está unida, os resultados aparecem.”, concluiu.
Os pilotos não ficaram muito tempo calados, e usaram as redes sociais para responder. Lewis Hamilton foi enfático na sua conta do Twitter, com ele a segurar a bandeira brasileira: “Apoio a minha equipa. Não desisto de mim. Não vou desistir — não agora, não antes, nunca. Obrigado, Brasil, sempre.”
Já Leclerc, na sua conta no Twitter, foi mais pragmático, apelando à união dentro da equipa. “Foi um fim de semana muito difícil em São Paulo. É dececionante regressar com quase nenhum ponto num momento crucial da temporada. Só a união nos pode ajudar a inverter esta situação nas últimas três corridas. Vamos dar tudo, como sempre.”
E quem foi mais critico das palavras de Elkann foi... outro campeão do mundo, Jenson Button. Agora na equipa da Porsche da Hypercar, o britânico de 45 anos, respondeu com uma frase na conta da Sky Sports no Instagram: “Talvez o John devesse dar o exemplo.” A crítica de Button recebeu grande apoio por parte dos fãs, que elogiaram a sua franqueza e questionaram a postura pública do presidente da Ferrari. Um dos comentários mais destacados resume o sentimento geral: “Exatamente isto… que falta de profissionalismo. Diz muito sobre a cultura daquela equipa.”
O grande problema da Ferrari é este: não ganha um título de pilotos desde 2007, e um de Construtores desde 2008, está a ter uma daquelas temporadas onde não conquistou qualquer vitória, semelhante a 2020 ou 2021. Com Frederic Vasseur ao leme desde 2023, o carro de 2025 não é ideal, e os pilotos, muito provavelmente, estão a levá-lo além do limite. E para piorar as coisas, nada indica que em 2026, com os novos regulamentos, especialmente na parte dos lubrificantes, nada indica que o carro da Scuderia seja um "foguete" e supere a Red Bull, McLaren e sobretudo, a Mercedes. Com a equipa na Endurance a conseguir resultados com uma parcela do orçamento que é gasto na Formula 1 - embora tenham muito mais receitas - isto é uma pressão extra.
Interferências externas nunca forma a melhor politica. O melhor exemplo foi nos tempos de Michael Schumacher, quando em situações de crise, existia um escudo técnico e executivo, liderado por Luca di Montezemolo, que permitiu a Jean Todt e a Ross Brawn trabalhar sem ruído de gabinete. Mas isso era em 1999. Hoje, mais de um quarto de século depois, enviar recados públicos aos pilotos tem o efeito inverso, cria ruído e desconfiança.



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