sexta-feira, 14 de novembro de 2025

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A vida de Brett Lunger serve perfeitamente para aquela expressão que os ingleses e os americanos usam muito: "larger than life". E Lunger, que hoje completa 80 anos, merece essa expressão, porque fez imensa coisa... e nasceu em berço de ouro.

Um dos membros da família DuPont, pioneira na industria química e de explosivos, nasceu a 14 de novembro de 1945 em Willmington, no Delaware americano, educou-se na Holderness School, antes de ir para Princeton. E ali, largou o seu curso de Relações Internacionais - e a sua tese sobre o Sudeste Asiático - para combater no Vietname pelos Marines. Anos mais tarde, contou que o incidente do Golfo de Tonkin, em agosto de 1964, refutou a sua tese e o seu pensamento sobre a politica daquela região, e a alternativa seria melhor. 

Tenente durante o seu serviço no Vietname, quando regressou, decidiu que o automobilismo seria uma solução. E e ele, de inicio, não era fã - gostava de desportos, mas "as quatro rodas e um volante" estava abaixo na sua lista de gostos - mas quando chegou à Formula 5000, em 1971, tinha de mostrar que estava ali porque gostava e não porque era mais um "rich kid" do pelotão, como, por exemplo, Peter Revson. Terceiro nessa temporada da Formula 5000 americana, com um Lola-Chevrolet, repetindo em 1972, ao mesmo tempo que corria na Formula 2, onde conseguiu um quarto lugar na ronda sueca de Mantorp Park. Em 1973, conseguiu um ponto na mesma competição de Formula 2, antes de fazer a Formula 5000, em 1974, na All American Racers, a equipa oficial de Dan Gurney

Em 1975, tem a chance de fazer a Formula 1, no segundo Hesketh oficial. Três corridas e o décimo posto no GP de Itália, foi o seu melhor resultado, antes de, em 1976, arranjar um Surtees e o patrocínio da Chesterfield, para poder correr nessa temporada no TS19 que era usado, por exemplo, por Alan Jones

Os resultados eram modestos até ao GP da Alemanha, a 1 de agosto, onde fez algo que lhe colocou na primeira página: salvou outro piloto. Ele, ao lado de Arturo Merzario, Guy Edwards e Harald Ertl, foram ter ao Ferrari em chamas de Niki Lauda e o conseguiram resgatar de uma morte certa. Edwards parou a tempo de não bater no carro de Lauda, mas Ertl não, que o fez bater no Ferrari devido ao "efeito concertina". Lunger conseguiu subir para o carro de Lauda e o ajudou a sair, agarrando-o pelos ombros, depois de Merzario ter conseguido desapertar os cintos que amarravam Lauda ao carro em chamas. 

Curiosamente, por causa da abolição da publicidade ao tabaco no GP da Alemanha, Edwards tinha o patrocínio da Campari, uma firma de bebidas, colado no seu carro...

Em 1977, Lunger foi para a BS Fabrications, de Bob Sparshott, um privado, que tinha um McLaren M23 como principal chassis. Mas ele começou primeiro com um March 761, por três corridas, até arranjar o McLaren a partir do GP da Bélgica, onde não partiu. Um nono posto na corrida dos Países Baixos foi o seu melhor resultado. 

Em 1978, foi melhor, com um M26, onde ficou à beira dos pontos, com um sétimo posto na Bélgica e dois oitavos, em Brands Hatch e Zeltweg. No final do ano, conseguiu um lugar na Ensign para correr em Watkins Glen. Ainda andou na Aurora AFX e conseguiu um quarto lugar no BRDC International Trophy de 1978, em Silverstone, disputado debaixo de copiosa chuva. 

Quando não conseguiu um lugar na temporada de 1979, decidiu pendurar o capacete e ser comentador televisivo. Lunger passou à história como um dos últimos pilotos privados da Formula 1, a par de gente como Hector Rebaque. Regressou à escola para completar o seu doutoramento em Princeton, e, para além de participar em provas de ciclismo como veterano, é piloto privado de aviões, colaborando com a Angel Network, que transporta doentes para hospitais em caso de necessidade.

Parabéns, Brett! 

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