No dia em que se confirma a entrada de mais um piloto japonês na Formula 1, é bom recordar que este ano se comemora o 20º aniversário da chegada à categoria máxima de um dos melhores pilotos que o país do Sol Nascente no deu, um homem sempre fiel à Honda. Falamos de Satoru Nakajima.
Nasceu a 23 de Fevereiro de 1953 (tem agora 54 anos) em Okazaki, no Japão Central. Começou a conduzir desde cedo, primeiro no velho carro do seu pai, e aos 16 anos começou a correr em karts. Em 1974, tornou-se campeão de Turismos japonês, a bordo de um... Mazda! Três anos mais tarde, ganha a Formula Japan Series, e chega à Formula 2, onde ganha a sua primeira corrida no ano seguinte. Em 1981 vence o primeiro título na Formula 2 japonesa. Repete o feito em 1982, 1985 e 1986, tornando-se num dos pilotos mais bem sucedidos da competição no seu país.
No final daquele ano, a Honda decide fornecer motores à equipa Lotus, para além dos que dava então à Williams. Nakajima, que era também piloto de testes para a Honda, foi convidado para secundar Ayrton Senna na Lotus, e logo aceitou.
Na sua primeira temporada, Nakajima tornou-se conhecido, não só por ser o primeiro piloto japonês a fazer uma época completa na Formula 1, mas também por ser “o homem da camera”, por ser o único piloto que tinha uma camera de filmar a bordo, onde se captava o seu estilo de pilotagem em directo, algo que não existia antes. Foi o pioneiro de algo que hoje em dia se tornou comum: filmagens a bordo de um carro de corridas…
Mas para além disso, as suas performances foram dignas de respeito: Apesar de se ter estreado com 34 anos e de não conhecer a maioria das pistas no qual iria correr, conquistou o seu primeiro ponto logo na sua segunda época, e em Inglaterra colheu o seu melhor resultado do ano: um quarto lugar. No final da época, Nakajima-san ficou com 7 pontos e o 12º posto final.
No ano seguinte, a Lotus teve uma troca de brasileiros: de Senna, passou-se para Nelson Piquet. Mas a época correu mal, e Nakajima só conseguiu um ponto na prova inaugural, no Brasil. Esse ponto deu-lhe o 16º lugar final.
No final desse ano, a Honda saiu da Lotus e eles tiveram que ir buscar motores Judd. A antiga equipa de Colin Chapman estava na sua fase final de existência e quer Piquet, quer Nakajima tentavam fazer com que o carro entrasse nos 26 que participariam na corrida. Nem sempre conseguiu, mas na prova final, na Austrália, debaixo de uma chuva inclemente, o piloto japonês fez uma das melhores provas da sua vida, acabando em quarto lugar e fazendo a volta mais rápida. Foi a única vez em que ficou nos pontos, e os três que tinha ganho naquele dia deram-lhe o 21º lugar final, com uma volta mais rápida.
Em 1990, vai para outra mítica equipa inglesa: a Tyrrell. A época correu-lhe um pouco melhor, e os três pontos que conseguiu deram-lhe o 15º posto final. No ano seguinte, a Honda veio em seu auxílio, ao dar-lhe motores para a equipa do “Tio” Ken. Contudo, Nakajima não conseguiu melhor do que um quinto lugar na prova de estreia, em Phoenix. No final da época, com 38 anos, Nakajima-san decidiu abandonar a Formula 1.
A sua carreira na competição: 80 Grandes Prémios, em cinco temporadas, uma volta mais rápida, 16 pontos.
Após a sua saída, esteve ligado à Honda em 1993/94, na primeira tentativa abortada da marca em voltar à competição através de uma equipa de raiz, como fizeram nos anos 60, sendo o seu piloto de testes. Hoje em dia é um bem sucedido director da sua própria equipa, a Nakajima Racing, uma das maiores da Formula Nippon, e a sua herança está assegurada, graças ao seu filho Kazuki Nakajima, um dos pilotos que se destaca na GP2 e actual piloto de testes da Williams.
Para terminar, algumas curiosidades: a popularidade de Nakajima no seu país era tal que lhe fizeram um jogo de computador com o seu nome, em 1991, produzido pela NAMCO, saindo em arcadas. Mas ainda mais espantoso é saber que no final desse ano, ter saído no seu país... um disco ojnde ele cantava! Será que foi um hit de vendas?
6 comentários:
Sempre gostyei dele. Vi correr no Estoril.
Sem contar que era nossa diversão nas manhãs de domingo, antecipando algumas tendências que virariam regra com o famoso Ukio "Katagrama"... o Senna por exemplo que o diga as famosas barbeiragens do Nakajima... mas sem dúvida, abriu portas para os japas, que diria hoje tem como principal nome o Takuma Sato...
Satoru, o lendário...
Não cheguei a ver o Satoru correndo. Mesmo assim, o considero um dos meus pilotos favoritos.
Aposto que em pouco tempo - quem sabe já no ano que vem - seu filho, Kazuki, estréia pela Williams.
Este vem muito bem na GP2. Nas últimas quatro corridas, terminou todas no podium, sempre em terceiro lugar.
É um bom piloto e tem condições de correr pela Williams, por quem já andou bastante em testes coletivos.
Êpa!! Aquela primeira foto é de um game de Sega Genesis/Mega Drive, não?? Eu tinha esse jogo!
Eu estava em Interlagos, em 1990, reinauguração da pista, Senna na liderança, forçando o ritmo como sempre, quando Nakagima negou passagem e ficaram os dois fora da prova: uma grande pena.
Para os brasileiros, Satoru era uma piada, mas uma piada que perdeu a graça quando tirou uma vitória das mãos de Senna em pleno Interlagos.
Enviar um comentário