quarta-feira, 25 de julho de 2007

GP Memória - Austria 1970

A Austria sempre foi viveiro de talentos. Deu ao mundo pilotos de craveira como Jochen Rindt, Niki Lauda, Gerhard Berger e mais recentemente, Alex Wurz e Christian Klien. Agora é mais conhecida pela sua marca de bebidas energéticas Red Bull, que tem duas equipas no actual pelotão da Formula 1, mas entre 1970 e 1987 tinha no calendário da Formula 1 umas das pistas mais rápidas e desafiadoras: Zeltweg.

O primeiro Grande Prémio foi realizado em 1964, no aeródromo local. A prova foi ganha pelo Ferrari de Lorenzo Bandini, na sua unica vitória na Formula 1, e onde um jovem piloto da casa, Jochen Rindt, correu pela primeira vez na sua carreira na categoria máxima. Seis anos mais tarde, Rindt era estrela mundial e o governo local decidiu construir uma pista rápida nas encostas das montanhas que circundavam o vale de Speilberg, na provincia da Styria.

A pista era rápida, desafiadora, com curvas grandes... mas sem escapatórias, o que a tornava perigosa. Mas em 1970, a segurança não era tida em conta, apesar dos acidentes fatais serem frequentes. E quando a Formula 1 chega a Zeltweg, a 16 de Agosto de 1970, o pelotão da Formula 1 já tinha visto morrer o neozelandês Bruce McLaren, a 2 de Junho, e o inglês Piers Courage, em Zandvoort, dezanove dias depois.


Mas os espectadores não queriam saber disso. queriam ver o seu heroi local, Jochen Rindt, a bordo de uma máquina vencedora: o novo Lotus 72. Rindt tinha ganho a prova anterior, em Hockenheim, e liderava destacadíssimo, com 45 pontos, contra... os 25 pontos do segundo, Jack Brabham. O belga Jacky Icxx tinha apenas 10 pontos, e não tinha ganho qualquer corrida nesse ano.

O companheiro de Jacky Icxx era um estrante na Formula 1: o suiço Clay Regazzoni, e o Ferrari 312B começava a ser uma máquina forte, depois de um inicio titubeante. Icxx tinha sido segundo na corrida anterior, em Hockenheim, lutando pela vitória com Rindt. Este já não achava tão fácil ganhar, mas na sua mente, isso não importava: ele só queria ser Campeão do Mundo para que pudesse abandonar a competição de vez. O que ele não sabia era que só teria mais três semanas de vida...

Na lista de inscritos, Havias duas ausências: o Lotus de Graham Hill, inscrito pela Rob Walker Racing, que estava à espera de um modelo 72, e o sueco Ronnie Peterson, que no seu March 701 inscrito pela Antique Automobiles, ficara sem motores. Em compensação, a Ferrari inscrevia um terceiro carro para o italiano Ignazio Giunti. Na De Tomaso-Williams, sem Brian Redman, que tinha compromissos na Endurance, Frank Williams teve de ir buscar o australiano Tim Schenken para correr em Zeltweg.

Na qualificação, Rindt fez a pole-position, tendo ao seu lado o Ferrari de Clay Regazzoni. Na segunda fila estava o outro Ferrari de Jacky Icxx, enquanto que no quarto posto estava o March de Jackie Stewart, grande amigo de Rindt. A terceira fila era ocupada pelo terceiro Ferrari de Ignazio Giunti e pelo segundo March de Chris Amon, enquanto que o Matra de Jean Pierre Beltoise era o sétimo, à frente do carro de Jack Brabham. A fechar o "top ten" estava o March do jovem francês Francois Cevért e o segundo Lotus de John Miles.

N
a partida, Rindt é surprrendido pelos três Ferrari, que se dão muito bem com os ares austriacos. Regazzoni é o primeiro lider, mas cede a poisção para Ickx no inicio da segunda volta, e os dois carros rolam a seu bel-prazer até ao final da corrida.

Quanto a Rindt, é quarto classificado no final da primeira volta, à frente de Brabham, mas ele já devia pensar um pouco nos pontos, tamanha era a diferença para eles. Na volta 21, depois de passar o Ferrari de Giunti, desiste em plena reta da meta com o motor partido. E se antes dominavam, agora os Ferrari esmagavam a seu bel-prazer e no final, o belga Icxx é o vencedor, com Regazzoni a menos de um segundo, mas ambos a darem mais de um minuto ao terceiro classificado, o alemão Rolf Stommelen. Será o seu unico pódio da sua carreira.

Nos restantes lugares pontuáveis ficariam os BRM de Pedro Rodriguez, que de um péssimo 22º posto à partida, fez uma corrida de recuperação até ao quarto lugar final, o outro BRM de Jackie Oliver e o Matra de Jean Pierre Beltoise, que conseguiu ficar à frente de Giunti. Já Emerson Fittipaldi era 15º classificado, a cinco voltas do vencedor.

E foi assim a primeira das dezoito edições do Grande Prémio austriaco no circuito de Zeltweg. Três semanas mais tarde, era uma Austria em choque que recebia a morte do seu herói Rindt, no circuito de Monza, e seria o unico Campeão do Mundo a título póstumo da história da Formula 1, mas em breve, outros heróis austriacos estavam ao virar da esquina...

Fontes:

1 comentário:

Anónimo disse...

Considero Zeltweg a mais bela pista da F1.
Fico impressionado ao ver que a torcida ficava a poucos metros dos guard rails e que estes eram tão modestos.
Nesses tempos de cavalheirismo e competição, o risco de morte era enorme mesmo!