segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Bolides Memoráveis - Lotus 97T (1985)

Hoje falo daquele que provavelmente foi o último grande carro produzido pela Lotus, pelo menos em termos de resultados. Foi o carro que mostrou ao mundo todo o potencial de um piloto: Ayrton Senna, e que deu à marca a sua melhor época de sempre desde a morte do seu fundador, Colin Chapman.


O Lotus 97T foi criado para suceder ao 95T, que tinha competido no ano anterior. Era o terceiro chassis desenhado pelo francês Gerard Ducarouge, feito em fibra de carbono, e equipado com o motor Renault 1.5 V6 Turbo, com uma potência estimada em 760 cavalos a 11.500 rotações por minuto. Muitos dos elementos do 95T foram aproveitados para este modelo, bem como o Lotus 96, feito para o campeonato Indy, mas que nunca chegou a competir. O 97T tinha uma inovação aerodinâmica: fora o primeiro a colocar pontões laterais logo atrás da suspensão da frente, algo que se generalizou somente em meados da década seguinte.


Entretanto, na equipa Lotus, o seu director Peter Warr livrava-se de Nigel Mansell, que nunca morreu de amores por ele, e contrata um talentoso piloto brasileiro, vindo da Toleman: Ayrton Senna. Deveria secundar o seu piloto principal, o italiano Elio de Angelis, mas à medida que a temporada avança, verifica-se que vai ser o piloto brasileiro a comandar as operações e a ganhar a confiança da equipa…


Na corrida inicial, o carro mostra a sua excelência: Senna e De Angelis ficam com a segunda fila da grelha de partida, e no final da corrida, o italiano chega na terceira posição, enquanto que o jovem brasileiro não passa da volta 48, com um problema eléctrico. Mas vai ser na prova seguinte, no circuito português do Estoril, que Senna e o Lotus 97T vai mostrar aquilo que é capaz. Senna faz a pole-position (a primeira das suas 65) e lidera a corrida de ponta a ponta, debaixo de uma chuva diluviana. De Angelis chega a rodar durante muito tempo em segundo, antes de se atrasar e terminar na quarta posição.


Na prova seguinte, foi mais a sorte do que o feito que levou a nova vitória da Lotus, através do piloto italiano: na realidade, terminara em segundo, atrás de Alain Prost, mas como o seu McLaren tinha dois quilos a menos do que o regulamentado, ele fora desclassificado. Era a segunda vitória da Lotus em três corridas…


Mas esse impulso inicial cedo se revelou pífio. Era um carro pouco fiável, e Ayrton Senna sofreu bastante com ele, ao desistir em várias corridas no meio da temporada enquanto liderava, depois de partir da pole-position (fez sete nesse ano), fazendo fracassar a sua primeira tentativa de assaltar o título mundial. Somente em Spa-Francochamps é que voltou a vencer.


No final da temporada, Senna e De Angelis tinham levado a Lotus de volta aos tempos de glória dos anos 60 e 70. A equipa ficou em terceiro no mundial de construtores e tinha voltado a ser uma equipa do pelotão da frente. As boas soluções deste modelo foram a base dos dois modelos seguintes, o 98T de 1986 e o 99T de 1987, o primeiro com motor Honda, que levaram a equipa de Colin Chapman ao seu último período de glória na Formula 1…


Palmarés do Lotus 97T (1985)

Grandes Prémios: 16
Vitórias: 3 (Senna 2, De Angelis 1)
Poles: 8 (Senna 7, De Angelis 1)
Voltas mais rápidas: 3 (Senna)
Pontos: 71 (Senna 38, De Angelis 33)

1 comentário:

jocasipe disse...

Fantástico carro! A lotus foi SEMPRE a minha 1ª equipa! Quase que jurava que a 1ª imagem foi tirada na curva 3 do "antigo" autodromo do Estoril, bem junto à geral onde assisti a várias provas....