Daqui a dez dias, vai fazer 10 anos que esta corrida aconteceu. Na semana em que o título mundial de pilotos será decidido a três, na última corrida do campeonato, em Interlagos, apresento mais uma em que as coisas se decidiram na prova final da temporada. E foi numa manobra polémica que Jacques Villeneuve levou a melhor sobre Michael Schumacher, e também foi aqui que Mika Hakkinen ganhou a sua primeira corrida da carreira... Bem-Vindos ao Grande Prémio da Europa de 1997, que decorreu no Circuito espanhol de Jerez de La Frontera!
Esta prova foi o recurso que a FIA teve para substituir o Grande Prémio de Portugal, no Circuito do Estoril, cancelado depois de verificaram que se tinha tornado demasiado pequeno para acolher o "paddock"... no seu lugar veio o Circuito de Jerez, e a prova se tornou num "Grande Prémio da Europa". Em termos de competição, a temporada de 1997 era uma luta a dois entre o Ferrari de Michael Schumacher e o Williams-Renault de Jacques Villeneuve, filho do mítico Gilles Villeneuve (1950-1982).
O final da temporada não estava quente: era mais a escaldar. Villeneuve tinha sido desclassificado no Japão, depois de um incidente nos treinos, quando ultrapassou sob bandeiras amarelas. Como estava sob vigilância da FIA devido a um incidente semelhante em Monza, corria o risco de não correr em Jerez, mas a FIA autorizou-o, depois da Williams ter deixado cair o apelo que tinha feito ao Tribunal Arbitral do Desporto. Sendo assim, Schumacher estava na frente do campeonato, com 78 pontos, e o canadiano era segundo, com 77.
Assim sendo, quando pilotos e máquinas chegaram para a etapa final, as contas eram simples de se fazer: se Villeneuve ficasse à frente de Schumacher, o canadiano era campeão, e vice-versa. E mesmo em caso de empate (só aconteceria se Schumacher desistisse e Villeneuve fosse sexto), o canadiano seria campeão, pois tinha mais vitórias que o alemão (sete, contra cinco do piloto da Ferrari)
Nos treinos de qualificação, assitiu-se a algo de inédito até então: três pilotos a fazerem exactamente o mesmo tempo: 1.21.072 segundos. O primeiro a fazer foi Jacques Villeneuve, aos 14 minutos após o inicio da sessão de qualificação. Exactamente 14 minutos depois, Michael Schumacher fez o mesmo tempo, igualzinho! E a nove minutos do fim, foi a vez de Heinz-Harald Frentzen fazer o mesmo tempo. como o critério era de que o primeiro a fazer era o que ficava com a posição, foi o canadiano que deteve a "pole-position", seguido por Schumacher e Frentzen. O quarto foi Damon Hill, no seu Arrows-Yamaha, que ficou a 0,058 segundos do trio.
O dia da corrida amanheceu seco e limpo, e havia expectativa no ar, para saber como é que aquele campeonato iria acabar. Havia muita expectativa em Itália, pois pensava-se que 18 anos depois, a seca de títulos por parte da Ferrari iria acabar. Havia também o receio que Schumacher pudesse usar a mesma manobra que tinha feito três anos antes, em Adelaide, para alcançar o seu primeiro título mundial.
Na partida, Schumacher foi melhor que Villeneuve, e ficou na liderança. Villeneuve era terceiro, atrás de Frentzen, mas poucas voltas depois, o alemão deixou passar o seu companheiro na Williams-Renault, pois o título mundial estava em jogo. Até à volta 48, a história resume-se a Villeneuve a tentar apanhar Schumacher, enquanto que este tentava conseguir uma distância segura para poder controlar o seu adversário e conseguir aquilo que almejava: o título mundial. Enquanto isso, Frentzen ficava para trás, sendo ultrapassado pelos McLaren de Mika Hakkinen e David Coulthard.
Contudo, nessa volta, Villeneuve estava a ser muito mais rápido do que o piloto alemão. Na verdade, depois do segundo reabastecimento, quatro voltas antes, o jogo de pneus do Williams respondia melhor que o da Ferrai, logo, o canadiano conseguia recuperar a desvantagem que tinha sobre o alemão. E nessa volta, no final de uma longa recta, a curva Dry Sac tornou-se no epicentro de toda uma época. Tudo graças a uma manobra arriscada de Jacques Villeneuve, pela direita, e a consequente reacção de Michael Schumacher!
No embate, o Ferrari foi para a gravilha e ficou por lá, enquanto que o Willams tinha danos no radiador, que apesar de permitir que continuasse a corrida, teria que o fazer a um ritmo mais baixo. Mas a polémica estava lançada, pois para muitos, Michael Schumacher voltava a fazer das suas! E tudo isto quando faltavam 22 voltas para o fim da corrida...
Até ao final, Villeneuve esteve sempre na frente, mas a volta e meia do fim, foi apanhado pelos McLarens. Sabendo que não era importante ganhar, pois bastava um sexto lugar para ser campeão do mundo, dexou ultrapassar os dois McLaren, com Hakkinen na frente. E foi assim, de forma consentida, que o finlandês alcançou a sua primeira vitória, depois de sete temporadas ao mais alto nível... Depois dos McLarens, Villeneuve foi terceiro, tendo logo atrás o Benetton de Gerhard Berger (no seu último Grande Prémio da sua carreira), o Ferrari de Eddie Irvine e o Williams de Heinz-Harald Frentzen, que ficou com a volta mais rápida.
Claro, a corrida contininuou depois, nos bastidores. A 11 de Novembro, depois de ouvir as partes em conflito, a FIA decidiu excluir Michael Schumacher do seu vice-campeonato, com 78 pontos. Contudo, ele manteve as suas vitórias e os seus pódios. Max Mosley afirmou que "Apesar da acção ter sido propositada, esta foi mais uma reacção imtempestiva do que deliberada". As reacções em Itália e na alemanha foram de tristeza, mas também de indignação. Um exemplo foi o jornal "La Stampa", propriedade da familia Agnielli, dona da FIAT (e da Ferrari): "A sua imagem de campeão foi quebrada"
1 comentário:
"A sua imagem de campeão foi quebrada"... jajajaja muito comedia isso.
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