segunda-feira, 12 de novembro de 2007

GP Memória - Australia 1995

Que coincidência... um dia após a comemoração de mais um título mundial conquistado pelo Pedro Lamy, na Le Mans Series, em Interlagos, a bordo de um Peugeot 908 HDi, comemora-se hoje o 12º aniversário da sua única coroa de glória durante a sua passagem modesta pela Formula 1: no circuito de Adelaide, que fazia a sua despedida da Formula 1, conseguia ser o primeiro português a pontuar numa corrida do campeonato. O seu sexto lugar deu o primeiro ponto à Minardi nesse ano, numa corrida onde somente oito carros terminaram, e se o actual sistema de pontos fosse válido, até os Forti e os Pacific pontuariam!



Mas vamos recuar um pouco: o Grande Prémio da Australia de 1995 iria acontecer no dia 12 de Novembro daquele ano. Com o título mundial atribuido a Michael Schumacher, iria ser uma prova de imensas despedidas. A primeira de todas: o circuito. Seria a última vez que a Formula 1 iria ser corrida no circuito citadino daquela cidade australiana, e seria a última vez que o GP da Australia iria se o último Grande Prémio da época. A partir de 1996 em diante, excepto em 2006, iria ser a corrida de abertura do cameponato.


Havia também outras despedidas: o campeão do mundo, Michael Schumacher, tinha assinado contrato com a Ferrari, equipa onde ficaria para o resto da sua carreira competitiva. Em troca, a Benetton recebia Gerhard Berger e Jean Alesi, pilotos da... Ferrari, com a ingrata tarefa de manter a fasquia que o piloto alemão tinha deixado. Entretanto, a Williams, que era a melhor equipa do pelotão e maior rival da Benetton, iria manter Damon Hill, mas viria partir o jovem David Coulthard, para ser substituido por um novato vindo da América, que tinha ganho o campeonato CART daquele ano, e que carregava um apelido famoso: Jacques Villeneuve.

Coulthard iria fazer companhia a Mika Hakkinen na McLaren, esperando fazer uma dupla capaz de voltar a colocar a equipa de Ron Dennis na senda das vitórias, depois da "era Senna" mas isso eram tudo suposições. E as dúvidas de que isso poderia acontecer avolumaram-se depois do grave acidente sofrido por Hakkinen nos treinos, que o colocaram em coma. Foi salvo logo na pista, graças a uma traqueotomia de emergência, e depois de um certo tempo no hospital, recuperou o suficiente para voltar a correr logo em 1996.


Sendo assim, a McLaren alinhou somente com Mark Blundell (curiosamente, também iria ser a sua última corrida na Formula 1...), nums treinos que foram dominados pelos Williams de Hill e Coulthard. Logo a seguir, veio o Benetton de Michael Schumacher, logo seguido pelos Ferrari de Berger e Alesi, pelo Sauber-Ford de Heinz-Harald Frentzen, e pelo Jordan de Rubens Barrichello. O português Pedro Lamy era 17º, à frente de Roberto Moreno e Pedro Diniz, 20º e 21º, nos seus Forti.



Na partida, Coulthard leva a melhor sobre Hill e fica na frente, seguido pelos Ferrari e pelo Benetton de Schumacher. A corrida foi uma maratona de acidentes e de desistências. O piso escorregadio da pista não ajudava muito à aderência dos carros, e ainda por cima, o óleo largado na entrada das boxes fez com que acontecesse uma das mais bizarras desistências na Formula 1: a de David Coulthard, na entrada da volta 20, quando ia fazer o seu primeiro reabastecimento. Algumas voltas depois, foi a vez de Roberto Moreno, no mesmo local.


A corrida foi um autêntico "bodo aos pobres". com as desistências dos Ferrari (que usariam pela última vez o seu mítico motor V12), dos Benetton (Schumacher bateu na volta 25 com Jean Alesi), Johnny Herbert teve um problema de transmissão na volta 69), Damon Hill era o último sobrevivente dos pilotos da frente. Em segundo estava o Ligier de Olivier Panis, logo a seguir veio o "bodo": o italiano Gianni Morbidelli levava o seu Arrows ao terceiro lugar (e o seu unico pódio da carreira para o piloto italiano).


No final da corrida, Hill tinha dado um avanço de duas voltas a Panis (a maior distancia entre os dois primeiros desde 1969), e Morbidelli era terceiro. Nos restantes lugares pontuáveis, ficavam o McLaren de Mark Blundell, o Tyrrell de Mika Salo e o Minardi de Pedro Lamy. No oitavo (e último lugar), a cinco voltas do primeiro, terminava o belga Bertrand Gachot, a bordo de um Pacific. Para o piloto e para a equipa, eram as suas últimas corridas na Formula 1.

2 comentários:

Anónimo disse...

Foi uma pena Gachot e a Pacific não terem pontuado nas suas despedidas da F-1. Eles pretendiam correr em 1996, mas, por falta de dinheiro, a Pacific decidiu abandonar a categoria em Adelaide.

Juan Castro disse...

Outra despedida: O sistema de numeração clássico que vinha desde o GP da Bélgica de 1973, com as equipes tendo números fixos e só trocando a do campeão com o detentor anterior dos números 1 e 2. Portanto, foi a última aparição de números clássicos como a Ferrari 27 (Alesi) e a Ligier 26 (Panis).