Faz-se agora 30 anos sobre a estreia de um dos carros mais memoráveis que a Formula 1 assistiu, pois foi este o bólide onde se viu o conceito efeito-solo em todo o seu esplendor, e que deu o seu último título mundial de Construtores e a Mario Andretti o seu título mundial. Foi o último de uma série de chassis geniais saidos da cabeça de Colin Chapman.O Lotus 79 foi uma evolução natural do Lotus 78, criado no ano anterior por Colin Chapman, ajudado por Peter Wright e Tony Rudd. Os pontões laterais foram redesenhados até quase às rodas, eliminando os problemas de fluidez que a versão 78 tinha, a suspensão traseira tinha sido redesenhada para permitir uma melhor fluidez na saída de ar proveniente dos pontões, e uma asa traseira mais pequena foi colocada, pois assim provocava menor arrasto.
Construido em aluminio, o monocoque tinha um novo depósito de combustível, colocado atrás do "cockpit" do piloto, para assim estar mais protegido em caso de choque. Estando nessa posição, também facilitava a travagem e a tracção do carro nas curvas, algo que não existia no 78, pois eram dois depósitos separados. Quanto ao "downforce", era 30 por cento mais poderoso do que o modelo anterior, tornando-se fácil de guiar. Mario Andretti afirmou: "Este Lotus 79 parece que está pintado no solo, tal é a sua aderência..."
Os fãs e a imprensa chamaram-lhe logo "Black Beauty", pois o facto de Chapman querer um carro limpo em termos aerodinâmicos, fez com que se criasse um carro esteticamente belo, que ganhou logo admiradores. Para melhorar as coisas, o facto da Lotus ser patrocinado pela cigarreira John Player Special, com a sua cor preta e dourada, adicionou beleza ao carro.
Estreado em Zolder, na Belgica, foi um sucesso imediato, com Mario Andretti a conseguir a "pole-position" e a vitória na corrida, sobre Ronnie Peterson, que ainda guiava a versão 78. Após a corrida, Andretti exclamou: "Guiar o 78 é como conduzir um autocarro de Londres". quando foi a vez de Peterson guiar, afirmou que o carro estava tão bem desenhado que bastava acelerar e guiar.
A partir da Belgica, a Lotus ganhou mais cinco corridas: Espanha, França, Alemanha e Holanda (Andretti) e Austria (Peterson). Era o carro dominante, e facilmente, Andretti guiou-o até ao seu primeiro e unico título mundial, o segundo ganho por um piloto americano. Quanto a Chapman, a sua equipa iria alcançar o título mundial de construtores, com uma margem folgada sobre a Ferrari, a segunda classificada.
Contudo, nem tudo foram rosas. Em Monza, a tragédia atingiu a equipa quando Ronnie Peterson sofreu um acidente fatal na partida para o Grande Prémio de Itália. Contudo, nesse momento, o sueco guiava um Lotus 78, pois o seu 79 tinha sido vitima de um acidente nos treinos e não estava em condições de correr, e por isso usou um carro reserva. Substiuido por Jean-Pierre Jarier, o francês conseguiu apenas uma pole-position, no Canadá.
Em 1979, o carro foi usado no inicio do ano, enquanto que a equipa concentrava em desenhar o seu sucessor, o Lotus 80, prometendo que esse seria o carro com efeito-solo total. Contudo, esse foi um fracasso, e Andretti usou somente em três corridas, e o seu novo companheiro, o argentino Carlos Reutmann, recusou guiá-lo, fazendo com que regressassem à versão 79. Contudo, nesse ano, a concorrência tinha visto e copiado o carro, conseguindo até melhorar o efeito-solo que aquele carro proporcionava. Modelos como o Ligier JS11, o Williams FW07 e o Brabham BT49 são directos herdeiros do Lotus 79, e a Lotus não conseguiu uma unica vitória na temporada de 1979.
Nesse ano, um Lotus 79 tinha sido vendido a Hector Rebaque, um rico "gentleman-driver" do México. Não conseguiu pontuar nesse ano, sendo o melhor um sétimo lugar na Holanda, antes de se concentrar no seu carro próprio, o Rebaque HR100, encomendado à Penske.
No final, o Lotus 79 deixou uma impressão duradoira na Formula 1. Pela primeira vez, a aerodinâmica era um factor central no desenvolvimento dos carros de Formula 1, e se o efeito-solo fora banido dos carros no final de 1982, os projectistas nunca mais deixaram de tentar encontrar aquele milésimo de segundo que os permite ser mais rápidos do que o adversário. Um exemplo: hoje em dia, todas as equipas tem o seu túnel de vento... Chassis: Lotus 79
Projectista: Colin Chapman, Tony Rudd, Peter Wright
Motor: Ford Cosworth V8
Pilotos: Mario Andretti, Ronnie Peterson, Carlos Reutmann e Hector Rebaque
Corridas: 26
Vitórias: 6 (Andretti 5, Peterson 1)
Pole-Positions: 9 (Andretti 6, Peterson 2, Jarier 1)
Voltas Mais Rápidas: 5 (Andretti 2, Peterson 2, Jarier 1)
Pontos: 112 (Andretti 56, Peterson 31, Reutmann 25)
Titulos: Campeão do Mundo de Pilotos (Mario Andretti) e Campeão do Mundo de Construtores em 1978.
Fontes:
1 comentário:
Terrivelmente melancólica, essa foto final de Paul Henri Cahier...
Enviar um comentário