sábado, 24 de maio de 2008

GP Memória - Monaco 1993

Ontem tivemos uma coincidência feliz: voltamos a ouvir o nome Senna na galeria dos vencedores no Mónaco. Não foi na Formula 1, mas na categoria de acesso a ela, a GP2, graças ao sobrinho Bruno. “Estou em êxtase. Foi fantástico. Ganhar aqui é um sonho. Acho que o Ayrton estaria orgulhoso de mim por manter a tradição da família neste lugar", depois de ter sido abraçado pela mãe Viviane, e pela irmã Bianca. Mas 15 anos antes, quando Bruno era ainda um jovem garoto de 9 anos, assistiu na TV a vitória do seu tio nas mesmas ruas do Principado. E é essa vitória que vou recordar agora.


Depois de Barcelona, Alain Prost fazia o que competia: liderar o campeonato, a bordo do seu Williams FW14B, sem dúvida, o carro mais veloz do pelotão. Ayrton Senna fazia o que competia: tentava contrariar os Williams, e se tivesse a hipótese, contrariava o seu dominio, mostrando o seu melhor. Isso tinha acontecido em Interlagos e em Donnington Park, numa soberba corrida debaixo de chuva.


E agora, o pelotão da Formula 1 chegava às ruas do Principado. Senna esperava que as diferenças se esbatessem um pouco, dado que era um circuito muito mais travado, e a diferença de potências não era assim tão grande. Contudo, se a ideia era fazer um brilharete nos treinos, não conseguiu: Prost foi o melhor, seguido por Michael Schumacher, no seu Benetton-Ford. Senna foi terceiro, tendo a seu lado Damon Hill, no seu Williams-Renault. Na terceira fila, um sensacional Jean Alesi levou o Ferrari para o quinto posto, com o Benetton-Ford do veteranissimo Riccardo Patrese ao seu lado, no sexto lugar.


Á partida, Senna não tinha muitas ilusões em relação a ganhar a corrida, não só por causa da superioridade dos Williams, mas também por motivos físicos: tinha magoado o polegar num acidente nos treinos de sexta-feira, em Ste. Devote, e o carro tinha tido uma falha na suspensão activa no Sábado. A acontecer algo, teria que ser demérito dos outros do que do seu próprio mérito.


E isso aconteceu logo na partida: Prost larga bem (tão bem que os comissários viram que ele tinha feito falsa partida...) e o resto segue atrás dele. A falha só é detectada na volta 12, altura em que o Williams vai à boxe para cumprir 10 segundos de penalização. Só que o azar não acaba por ali, pois quando volta a arrancar... o motor vai-se abaixo, perdendo preciosos segundos. Volta à pista nas últimas posições, uma volta atrás do novo lider, Michael Schumacher.


Com isso tudo, o alemão tinha uma diferença confortável, e com tendência para aumentar para o McLaren do brasileiro. Parecia que o jovem alemão iria ganhar o seu primeiro GP do Mónaco da sua carreira, mas na volta 33, uma falha no sistema hidraulico do carro o faz parar na curva do Hotel Loews. Assim, a liderança cai nas mãos de Senna, na altura com uma vantagem de 12 segundos sobre o segundo classificado, Damon Hill.


Após as paragens, Senna mantêm a liderança, com Hill e o Ferrari de Gerhard Berger por perto. ambos lutam pela segunda posição até à volta 70, altura em que na curva do Hotel Loews, o austriaco tenta uma manobra suicida, e ambos colidem. Hill perde muito tempo, e Berger, que fica entalado, é obrigado a desistir, e a sua posição é herdada pelo seu companheiro Jean Alesi.


Com isto tudo, Senna vai até ao fim como vencedor. A sua vitória, mas fruto da experiência e da sorte, fica na história da Formula 1 como sendo a sua sexta em sete anos, batendo o record de Graham Hill. O seu filho Damon, que subiria ao pódio no segundo posto, foi testemunha priveligiada daquele momento marcante, e afirmou depois: " Ainda bem que foi um piloto do calibre de Ayrton a bater o recorde do meu pai. Se ele estivesse aqui, seria o primeiro a dar os parabéns por este feito". Agradecido, Senna cumprimentou-o de seguida.


No final, Prost conseguiu recuperar posições até ao quarto lugar final, tendo batido a volta mais rápida e desdobrou o lider Senna. Christian Fittipaldi, num Minardi, e o inglês Martin Brundle, num Ligier-Renault, fecharam os pontos. No final dessa corrida, Senna voltava à liderança do campeonato, mas sabia que era a prazo. O que nem ele, nem nós sabiamos era que, tal como em 1981, com Gilles Villeneuve, Senna não estaria vivo para defender este triunfo...


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