quinta-feira, 23 de abril de 2009

5ª Coluna: Há sempre uma primeira vez para tudo!

Após duas semanas, a Formula 1 está de volta para correr no circuito chinês de Xangai, onde as arquibancadas estão sempre vazias (a não ser que lhes dêem bilhetes), mas a emoção está sempre presente. Pelo menos este ano! Mas esta semana houve novidades a séria, e marcos que merecem ser assinalados.


Ron Dennis has left the building!


Um dia teria de acontecer: Ron Dennis abandonou definitivamente a McLaren, após 28 anos de bons serviços à marca, e mais de 40 anos de Formula 1, onde chegou no já distante ano de 1968, como simples mecânico da Cooper. A despedida era anunciada desde há algum tempo, mas o “Liargate” provavelmente precipitou as coisas. Os cínicos afirmam que a coincidência da saída e a data da audição da equipa na FIA faz parte de um rebuscado esquema para impedir a exclusão da equipa da Formula 1. Até prova em contrário, não passa de uma bela teoria da conspiração…


"Admito que nem sempre fui fácil de lidar. Admito que sempre dei tudo pela McLaren na Fórmula 1. Duvido que o Max Mosley ou o Bernie Ecclestone fiquem descontentes com a minha decisão. Mas ninguém me pediu para o fazer. Foi uma decisão minha. Igualmente, fui o arquitecto da reestruturação do Grupo McLaren. Uma vez mais, ninguém me pediu para o fazer. Foi uma decisão minha", acrescentou. Apesar de achar que a coincidência é fortuita, toda a gente sabe que as divergências de Dennis com os actuais manda-chuvas da FIA, Bernie Ecclestone e Max Mosley são mais do que públicas. Aliás, nunca foi devidamente desmentido o rumor de que Dennis teria sido a "fonte" do famoso video do "Whimpmaser Max", divulgado no ano passado...


Bom, a McLaren vai ser ouvida pela FIA a 27 de Abril, dois dias depois do Baherin. As cartas estão todas em cima da mesa. E a teoria da conspiração a pairar: se o “Liargate” der, para além de uma multa pesada, zero sanções desportivas, como arranjar outra lógica sem ser aquela da troca de favores? Mas sanção desportiva à equipa, como retirada dos pontos ou exclusão da equipa por algumas corridas, acho na minha modesta opinião, uma sanção demasiado pesada.


GP China: Red Bull ganhou… barbatanas!


O GP da China foi mais um que aconteceu… debaixo de chuva. Depois da tempestade da Malásia, parecia que a China iria poupar-nos de carga de água semelhante. Engano. Mas aqui, as coisas foram mais constantes (e sem mudança de horário), logo, o que assistimos foi algo de inédito.

Sebastien Vettel tornou-se pela primeira vez em muito tempo no piloto que inaugurou o rol de vitórias em duas equipas, a Red Bull e a Toro Rosso. E das duas vezes, as circunstâncias foram as mesmas: debaixo de chuva, depois de fazer na véspera a “pole-position”. O que demonstra duas coisas: que não só é um digno sucessor de Michael Schumacher, como também que o título de “Regenmeister” (rei da Chuva) lhe assenta que nem uma luva. Agora, Sebastien… uma vitória em seco, se faz favor, para podermos todos escrever nos nossos jornais e blogs a seguinte expressão: “Red Bull dá-lhe asas!”

Mas a corrida não foi só chuva e Vettel. Houve mais coisas dignas de registo, a começar pela Brawn GP. O facto de terem ficado com as posições seguintes não significa necessariamente que isto seja o começo do fim. Afinal, Button foi terceiro e manteve a liderança, e Rubens Barrichello foi quarto e fez a volta mais rápida da corrida, portanto, até se pode dizer que foi um resultado normal…

E a McLaren esteve bem, quem diria! Apesar das muitas rodadas de Lewis Hamilton, que fizeram com que Heiki Kovalainen ficasse à frente dele, o facto da equipa ter conseguido sete pontos é um feito, e deve ser comemorado, pois em relação ao desmoronamento da “antiga ordem”, é a que apresenta menores prejuízos…

E já agora, uma questão aos leitores: depois do que fez na China, e da reacção de Flávio Briatore à sua performance, acham que o Nelsinho Piquet tem realmente os dias contados?


Parece que o Commendatore está a dar voltas na tumba!


Quando Enzo Ferrari morreu, em 1988, a Ferrari estava há nove anos sem ganhar títulos mundiais de pilotos, e cinco de construtores. Esperou mais onze para voltar a ganhar títulos de pilotos, com Michael Schumacher, que deu mais quarto seguidas, até 2004. Com isso, toda a gente julgou que marca do Cavalino Rampante iria dominar a Formula 1 para sempre. Este ano, essa afirmação prova ser errada, e os comediantes italianos “scherzam” com “La Rossa”, dizendo que passaram de cavalo para burro. Não necessariamente, mas está-se a provar que este é um carro mal nascido e não consegue apanhar a nova ordem. Este F60 está a candidatar-se a ficar ao lado de modelos como o 312T5 de 1980, ou então o F92-A, de 1992, como um dos piores carros jamais feitos para os lados de Maranello. O que é pena, para dois pilotos de estirpe como Felipe Massa e Kimi Raikonnen. Os alarmes estão há muito acesos, mas demoram a reagir ás adversidades, e duvido que o Bahrein seja o lugar ideal para isso, a não ser que tenham a Dama Sorte a seu lado…


Mas enquanto torcem e trabalham para que isso aconteça, eis um facto conhecido de todos: a Ferrari está na sua pior temporada desde 1981, quando não pontuou nas três primeiras corridas do campeonato. Os seus pilotos? Gilles Villeneuve e Didier Pironi. O carro tinha um chassis nitidamente mau, mas o canadiano fez milagres ao volante, especialmente em Espanha, quando segurou quatro carros até à meta, em Espanha. Provavelmente pediria a Massa e Raikonnen que lutem para melhorar o seu carro, mas não creio que tenham o espírito de Gilles…


E para terminar, vamos este fim-de-semana ao Bahrein, uma minúscula ilha no Golfo Pérsico, correr no circuito de Shakir. Um lugar onde quando chove, temos a certeza que é feriado nacional. Contudo, as tempestades de areia são comuns. Será que por fim teremos uma corrida dita normal, pelo menos no que respeita ao boletim meteorológico?

Veremos. Até lá!

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