Quando se soube ontem à noite que a Ferrari se ia reunir no dia seguinte em Maranello, confesso que, na pressa das últimas horas na minha redacção, julguei que iam discutir a fraca prestação da equipa em Barcelona, especialmente com o quarto lugar de Felipe Massa perdido devido à gasolina que se esqueceram de colocar no carro do piloto brasileiro. Afinal não foi só isso. Também se discutiu a continuidade da equipa na Formula 1 em 2010.
"A administração da Ferrari expressa o seu desapontamento relativamente aos métodos adoptados pela FIA na tomada de decisões desta importância bem como condena a sua recusa em chegar a um entendimento com as equipas e Construtores (...) Se estes regulamentos se mantiverem, as razões que levaram à Ferrari a estar presentes no Mundial de Fórmula 1, de forma ininterrupta, nos últimos 60 anos, deixarão de existir (...) Para além de estar em desacordo com a forma como as regras foram impostas, a Ferrari é de opinião que não existiram consultas suficientes às equipas."
"Regras iguais para todas as equipas, estabilidade de regulamentos, continuação dos esforços da FOTA para, metodicamente e progressivamente reduzir custos, e a viabilidade da Fórmula 1 são as prioridades para o futuro. Se estes princípios indispensáveis não forem respeitados, e se os regulamentos para 2010 não forem alterados, então a Ferrari não pretende ter os seus monolugares a participar no Mundial de Fórmula 1 de 2010. Tendo em conta estes desenvolvimentos, A administração da Ferrari já solicitou ao seu presidente, Luca di Montezemolo que procure outras actividades para a equipa.", afirma a marca de Maranello no seu comunicado oficial.
Esclareça-se que as equipas não estão contra o principio do tecto orçamental, mas sim pelo facto de haver a partir do próximo ano, a FIA decidiu uma espécie de "
Formula 1 a duas velocidades", com as equipas que aceitem o tecto orçamental possam desenvolver o carro à vontade, e as que não aceitem, fiquem agrilhoadas. Depois da Toyota ter dito que se ia embora, e a Red Bull ter dito o mesmo, agora é a vez da Ferrari. O bloco FOTA está em acção contra Max Mosley e a FIA. E ainda por cima, a própria FIA colocou um prazo até 29 de Maio para que as equipas devam inscrever-se para a temporada de 2010. Neste momento, somente as equipas independentes, como a Brawn GP, a Force India e a Williams, é que estão dispostas a inscrever-se.
E esse é o "busilis" da questão: essa última parte do parágrafo acima demonstra as equipas não são tão "santinhas" assim. O
Luiz Fernando Ramos, vulgo o Ico,
colocou no seu blog uma frase que
Eddie Jordan, agora comentador da BBC, disse este fim de semana, em Barcelona, sobre as verdadeiras razões por detrás destes abandonos anunciados: o dinheiro das transmissões televisivas.
- Conhecemos Flavio Briatore, Frank Williams e as outras hienas, das quais eu já fiz parte. No futuro, eles teriam de partilhar a sua parte dos lucros em 13 partes, ou mais. Eles não vão aceitar isso nunca, não vão abrir mão de nenhum centavo! Até porque o bolo vai inevitavelmente murchar. O patrocínio para as emissoras de TV está numa espiral descendente. E os organizadores de corridas estão no limite com a caução que têm de pagar.
Em suma, podemos dizer que, a partir de hoje, a Formula 1 está oficialmente em guerra!
2 comentários:
É,,, a guerra foi declarada. Uma pena...
A guerra foi "oficializada", mas já está rolando nos bastidores há bastante tempo. Eu não diria que a guerra se oficializou, diria que o vencedor da guerra está oficializado.
A vitória é da FOTA. O teto orçamentário não vai passar. São seis equipes contra, entre elas as cinco mais ricas (Toyota, BMW, Renault, McLaren e Ferrari) e as três mais tradicionais (McLaren, Renault e Ferrari). Se a FIA seguir em frente com esse limite orçamentário, perde mais da metade do grid e toda a sua referência histórica, bem como seus melhores pilotos.
Escreva: não vai passar. A guerra não começou hoje; acabou hoje. Só faltam jogar a terra em cima.
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