Bom dia a todos. Aquilo que se esperava e temia há semanas, por fim aconteceu: as principais equipas de Formula 1 declararam guerra a Max Mosley e a Bernie Ecclestone, e decidiram colocar um ultimato: ou abandonam “o conceito das duas velocidades”, ou então não participam em 2010, eventualmente elaborando a sua própria série! Esperemos que não se chegue ao extremo, mas a linha está traçada. Mas a semana foi também marcada pela chegada da Formula 1 à Europa, e da segunda dobradinha da Brawn GP este ano, com alguma polémica à mistura. Vamos lá!
GP Espanha: Quando Barrichello julgava que era o seu dia…
O Grande Prémio de Espanha era a primeira prova europeia, e de uma certa forma, havia muitas expectativas no ar, pois era a primeira chance para as equipas que estavam na mó de coma para aguentar o impacto daquelas que queriam recuperar do seu mau começo. Umas tais… McLaren, Ferrari, Renault e BMW Sauber. Outra coisa que eu próprio queria saber era se com as novas regras, o circuito catalão, que tem fama se ser chato e hierarquizante, fosse diferente com as novas regras.
O resultado? Mais ou menos. É certo que houve mais ultrapassagens do que em 2008, mas nesse ano, não tivemos uma carambola na primeira volta, nem um piloto a ter de ceder voluntariamente algumas posições para ver se chegava ao fim.
Mas passado o acidente da primeira volta e as consequentes voltas atrás do “safety car”, vimos aquilo que parecia ser o dia de Rubens Barrichello: mais rápido que Jenson Button, e mais leve, pois iria fazer três paragens nas boxes, julgava-se que nada o iria parar rumo à primeira vitória do ano. Mas… Ross Brawn decide mudar de planos e tira uma paragem a Button, fazendo com que continuasse a correr, enquanto que o brasileiro teria de parar mais uma vez. Para piorar as coisas, o jogo de pneus que o brasileiro tinha não funcionou como devia de ser normalmente, e quando o brasileiro fez a sua paragem, o inglês não parou e rumou determinado à vitória, qual Terminator! Sim, este fim-de-semana os carros de Ross Brawn promoviam nas suas asas traseiras o mais recente filme da saga protagonizada pelo “Governator” Arnold Schwartznegger…
E com Button a dizer “Hasta la Vista, baby!” á concorrência, em paragens catalãs, a temporada de 2009 mostra que a Brawn GP veio para ficar. Definitivamente! Quanto ao Rubens Barrichello, não acredito que Ross Brawn já esteja a fazer a cama a ele. Para mim foi um mero azar que a sua táctica não tenha funcionado e a do Jenson sim. Mas Rubinho: eu gosto de ti e acredito nas tuas capacidades de piloto, mas de bico calado serias um grande poeta!
Sabem estragar um bom fim-de-semana, hein Ferrari?
Podia também falar da McLaren, que teve um péssimo fim-de-semana, com Lewis Hamilton a ficar à porta dos pontos, no nono posto, e Heiki Kovalainen que não chegou ao fim, mas o fim-de-semana ferrarista é ainda mais lamentável do que a da McLaren, porque os erros foram causados por eles próprios. Os treinos de Sábado demonstraram duas Ferraris: com Felipe Massa a fazer a melhor qualificação do ano, partindo da quarta posição, e Kimi Raikonnen a falhar a passagem á Q2, e até a discutir, num dos treinos, em directo na TV, com o engenheiro de pista, acerca da melhor maneira para curvar e acelerar, só demonstra o ponto ao qual chegou esta Ferrari, com estas desautorizações em directo.
Na partida, Massa subiu para terceiro e ficou atrás dos dois Brawn GP, e à frente dos Red Bull, e a táctica nas boxes demonstrou que a Scuderia estaria a caminho de um bom resultado, mas não de um pódio, aguentando Sebastien Vettel a dez voltas do fim. Tudo encaminhava para um final mais feliz do que nas corridas anteriores, quando… a boxe da Ferrari lhe informa que não tem gasolina suficiente para chegar ao fim, devido a um erro de cálculo por parte dos mecânicos no seu último reabastecimento. Ouviu-se em directo, para todo o mundo, o lamento do piloto: "Mas o que posso fazer?". Aguentar e rezar para que acabasse a gasolina depois da bandeira de xadrez. Aguentou, mas teve de abdicar duas posições para Vettel e Fernando Alonso, acabando com três pontos, os seus primeiros do ano.
No ano passado, os erros de boxe causaram-lhe a perda do título a favor de Lewis Hamilton. Mas este ano, quando se tenta recuperar algum do domínio perdido no inicio da época a favor dos Brawn GP, estes erros de palmatória estão a sair muito caro para Massa e Raikonnen. Muito caro! Depois desta, sinto-me tentado em mudar o nome da Scuderia para “Burrari”, devido aos asnos que dirigem aquela equipa nas boxes. Muitos dizem que o culpado é o Stefano Domenicalli, mas os mecânicos fazem parte da equipa, certo? E que tal fazerem uns treinos extra e umas horas extraordinárias, para melhorar a máquina? Afinal de contas, ninguém gosta de ser gozado por cartoonistas espalhados pelo mundo inteiro...
GP2: Para ter resultados, há que cortar a meta!
Não quis deixar de fechar o assunto do fim-de-semana competitivo em Barcelona sem referir a GP2, cuja temporada da Main Séries começou nesse mesmo fim-de-semana. Este ano, os nossos olhos vão estar mais focados nessa categoria devido à Ocean Racing Technology, do Tiago Monteiro, e no seu piloto principal, Álvaro Parente. Depois de uma má sessão de treinos, onde Parente largou da 14ª posição, o piloto do Porto fez uma excelente recuperação até ao sétimo posto, o que daria legitimas esperanças de um bom resultado na corrida seguinte, pois nesta categoria, a grelha inverte-se para os oito primeiros.
Mas as picardias típicas desta categoria de “jovens lobos”, onde os toques e as travagens demasiado tardias são o pão nosso de cada dia, e conseguem estragar as boas corridas, foi o que aconteceu a Álvaro Parente, quando travou tarde demais para tentar ganhar uma posição a um Lucas di Grassi que se debatia com um mau jogo de pneus, e ainda por cima num grupo compacto. O acidente foi assustador, pois o Ocean do Álvaro subiu ao carro da Racing Engeneering do piloto brasileiro, mas no final foi mais o aparato do que as consequências. Mas a corrida de ambos ficou estragada, e com ela, as chances de pontuar em Barcelona.
E na pista catalã, o grande vencedor foi Romain Grosjean, que venceu a primeira corrida e foi segundo no dia seguinte. Isso significa que o piloto francês, que também faz parte dos quadros da Renault F1 Team, mostrou a sua candidatura ao título, e quem sabe, a ficar com o lugar de Nelson Piquet Jr… Quanto a Álvaro Parente, tem potencial e carro para vencer. Mas só poderá pensar seriamente nisso quando tiver mais sorte e mais cabeça nas qualificações, e chegar ao fim nas corridas, para que esse potencial seja realidade. Espero que as ruas do Mónaco sejam a alavanca que precisam.
FIA – FOTA: A guerra está oficialmente declarada!
Quando li no fim de semana catalão as declarações de que a Toyota e a Red Bull tinham intenções de não alinhar na temporada de 2010 com os novos regulamentos, topei que aquelas declarações não eram tão inocentes assim, mas sim uma manobra combinada entre as equipas para o passo a tomar a seguir à reunião da semana passada, em Londres, e que ficou ensombrada pela noticia da morte do filho mais velho de Max Mosley.
Quando na segunda-feira à noite, a Ferrari anunciou que iria reunir-se em Maranello para discutir o seu futuro, julgava que teria a ver com as suas fracas prestações. Mas somando dois mais dois, vi logo que tinha a ver com uma táctica combinada pela FOTA para demonstrar aquilo que decidiram na reunião da semana passada. E algumas horas depois, o comunicado oficial da Ferrari confirmava isso: em 2010, se ninguém a impedir, a Ferrari iria embora da Formula 1.
GP Espanha: Quando Barrichello julgava que era o seu dia…
O Grande Prémio de Espanha era a primeira prova europeia, e de uma certa forma, havia muitas expectativas no ar, pois era a primeira chance para as equipas que estavam na mó de coma para aguentar o impacto daquelas que queriam recuperar do seu mau começo. Umas tais… McLaren, Ferrari, Renault e BMW Sauber. Outra coisa que eu próprio queria saber era se com as novas regras, o circuito catalão, que tem fama se ser chato e hierarquizante, fosse diferente com as novas regras.
O resultado? Mais ou menos. É certo que houve mais ultrapassagens do que em 2008, mas nesse ano, não tivemos uma carambola na primeira volta, nem um piloto a ter de ceder voluntariamente algumas posições para ver se chegava ao fim.
Mas passado o acidente da primeira volta e as consequentes voltas atrás do “safety car”, vimos aquilo que parecia ser o dia de Rubens Barrichello: mais rápido que Jenson Button, e mais leve, pois iria fazer três paragens nas boxes, julgava-se que nada o iria parar rumo à primeira vitória do ano. Mas… Ross Brawn decide mudar de planos e tira uma paragem a Button, fazendo com que continuasse a correr, enquanto que o brasileiro teria de parar mais uma vez. Para piorar as coisas, o jogo de pneus que o brasileiro tinha não funcionou como devia de ser normalmente, e quando o brasileiro fez a sua paragem, o inglês não parou e rumou determinado à vitória, qual Terminator! Sim, este fim-de-semana os carros de Ross Brawn promoviam nas suas asas traseiras o mais recente filme da saga protagonizada pelo “Governator” Arnold Schwartznegger…
E com Button a dizer “Hasta la Vista, baby!” á concorrência, em paragens catalãs, a temporada de 2009 mostra que a Brawn GP veio para ficar. Definitivamente! Quanto ao Rubens Barrichello, não acredito que Ross Brawn já esteja a fazer a cama a ele. Para mim foi um mero azar que a sua táctica não tenha funcionado e a do Jenson sim. Mas Rubinho: eu gosto de ti e acredito nas tuas capacidades de piloto, mas de bico calado serias um grande poeta!
Sabem estragar um bom fim-de-semana, hein Ferrari?
Podia também falar da McLaren, que teve um péssimo fim-de-semana, com Lewis Hamilton a ficar à porta dos pontos, no nono posto, e Heiki Kovalainen que não chegou ao fim, mas o fim-de-semana ferrarista é ainda mais lamentável do que a da McLaren, porque os erros foram causados por eles próprios. Os treinos de Sábado demonstraram duas Ferraris: com Felipe Massa a fazer a melhor qualificação do ano, partindo da quarta posição, e Kimi Raikonnen a falhar a passagem á Q2, e até a discutir, num dos treinos, em directo na TV, com o engenheiro de pista, acerca da melhor maneira para curvar e acelerar, só demonstra o ponto ao qual chegou esta Ferrari, com estas desautorizações em directo.
Na partida, Massa subiu para terceiro e ficou atrás dos dois Brawn GP, e à frente dos Red Bull, e a táctica nas boxes demonstrou que a Scuderia estaria a caminho de um bom resultado, mas não de um pódio, aguentando Sebastien Vettel a dez voltas do fim. Tudo encaminhava para um final mais feliz do que nas corridas anteriores, quando… a boxe da Ferrari lhe informa que não tem gasolina suficiente para chegar ao fim, devido a um erro de cálculo por parte dos mecânicos no seu último reabastecimento. Ouviu-se em directo, para todo o mundo, o lamento do piloto: "Mas o que posso fazer?". Aguentar e rezar para que acabasse a gasolina depois da bandeira de xadrez. Aguentou, mas teve de abdicar duas posições para Vettel e Fernando Alonso, acabando com três pontos, os seus primeiros do ano.
No ano passado, os erros de boxe causaram-lhe a perda do título a favor de Lewis Hamilton. Mas este ano, quando se tenta recuperar algum do domínio perdido no inicio da época a favor dos Brawn GP, estes erros de palmatória estão a sair muito caro para Massa e Raikonnen. Muito caro! Depois desta, sinto-me tentado em mudar o nome da Scuderia para “Burrari”, devido aos asnos que dirigem aquela equipa nas boxes. Muitos dizem que o culpado é o Stefano Domenicalli, mas os mecânicos fazem parte da equipa, certo? E que tal fazerem uns treinos extra e umas horas extraordinárias, para melhorar a máquina? Afinal de contas, ninguém gosta de ser gozado por cartoonistas espalhados pelo mundo inteiro...
GP2: Para ter resultados, há que cortar a meta!
Não quis deixar de fechar o assunto do fim-de-semana competitivo em Barcelona sem referir a GP2, cuja temporada da Main Séries começou nesse mesmo fim-de-semana. Este ano, os nossos olhos vão estar mais focados nessa categoria devido à Ocean Racing Technology, do Tiago Monteiro, e no seu piloto principal, Álvaro Parente. Depois de uma má sessão de treinos, onde Parente largou da 14ª posição, o piloto do Porto fez uma excelente recuperação até ao sétimo posto, o que daria legitimas esperanças de um bom resultado na corrida seguinte, pois nesta categoria, a grelha inverte-se para os oito primeiros.
Mas as picardias típicas desta categoria de “jovens lobos”, onde os toques e as travagens demasiado tardias são o pão nosso de cada dia, e conseguem estragar as boas corridas, foi o que aconteceu a Álvaro Parente, quando travou tarde demais para tentar ganhar uma posição a um Lucas di Grassi que se debatia com um mau jogo de pneus, e ainda por cima num grupo compacto. O acidente foi assustador, pois o Ocean do Álvaro subiu ao carro da Racing Engeneering do piloto brasileiro, mas no final foi mais o aparato do que as consequências. Mas a corrida de ambos ficou estragada, e com ela, as chances de pontuar em Barcelona.
E na pista catalã, o grande vencedor foi Romain Grosjean, que venceu a primeira corrida e foi segundo no dia seguinte. Isso significa que o piloto francês, que também faz parte dos quadros da Renault F1 Team, mostrou a sua candidatura ao título, e quem sabe, a ficar com o lugar de Nelson Piquet Jr… Quanto a Álvaro Parente, tem potencial e carro para vencer. Mas só poderá pensar seriamente nisso quando tiver mais sorte e mais cabeça nas qualificações, e chegar ao fim nas corridas, para que esse potencial seja realidade. Espero que as ruas do Mónaco sejam a alavanca que precisam.
FIA – FOTA: A guerra está oficialmente declarada!
Quando li no fim de semana catalão as declarações de que a Toyota e a Red Bull tinham intenções de não alinhar na temporada de 2010 com os novos regulamentos, topei que aquelas declarações não eram tão inocentes assim, mas sim uma manobra combinada entre as equipas para o passo a tomar a seguir à reunião da semana passada, em Londres, e que ficou ensombrada pela noticia da morte do filho mais velho de Max Mosley.
Quando na segunda-feira à noite, a Ferrari anunciou que iria reunir-se em Maranello para discutir o seu futuro, julgava que teria a ver com as suas fracas prestações. Mas somando dois mais dois, vi logo que tinha a ver com uma táctica combinada pela FOTA para demonstrar aquilo que decidiram na reunião da semana passada. E algumas horas depois, o comunicado oficial da Ferrari confirmava isso: em 2010, se ninguém a impedir, a Ferrari iria embora da Formula 1.
“A administração da Ferrari expressa o seu desapontamento relativamente aos métodos adoptados pela FIA na tomada de decisões desta importância bem como condena a sua recusa em chegar a um entendimento com as equipas e Construtores (...) Se estes regulamentos se mantiverem, as razões que levaram à Ferrari a estar presentes no Mundial de Fórmula 1, de forma ininterrupta, nos últimos 60 anos, deixarão de existir (...) Para além de estar em desacordo com a forma como as regras foram impostas, a Ferrari é de opinião que não existiram consultas suficientes às equipas."
"Regras iguais para todas as equipas, estabilidade de regulamentos, continuação dos esforços da FOTA para, metodicamente e progressivamente reduzir custos, e a viabilidade da Fórmula 1 são as prioridades para o futuro. Se estes princípios indispensáveis não forem respeitados, e se os regulamentos para 2010 não forem alterados, então a Ferrari não pretende ter os seus monolugares a participar no Mundial de Fórmula 1 de 2010. Tendo em conta estes desenvolvimentos, A administração da Ferrari já solicitou ao seu presidente, Luca di Montezemolo que procure outras actividades para a equipa.", afirmava a marca de Maranello no seu comunicado oficial.
E pronto, a guerra foi oficialmente declarada. É certo que as equipas presentes na FOTA não são santinhas, pois o objectivo principal é o valioso bolo das transmissões televisivas, do qual metade delas cai nos bolsos de Bernie Ecclestone. Um bom exemplo disso foram as declarações de Eddie Jordan, o ex-proprietário da equipa com o mesmo nome, que disse o seguinte na BBC, depois foi traduzido pelo jornalista brasileiro Luiz Fernando Ramos, no seu Blog do Ico:
- Conhecemos Flavio Briatore, Frank Williams e as outras hienas, das quais eu já fiz parte. No futuro, eles teriam de partilhar a sua parte dos lucros em 13 partes, ou mais. Eles não vão aceitar isso nunca, não vão abrir mão de nenhum centavo! Até porque o bolo vai inevitavelmente murchar. O patrocínio para as emissoras de TV está numa espiral descendente. E os organizadores das corridas estão no limite com a caução que têm de pagar.
Eddie Jordan pode ter razão no seu diagnóstico, mas ele também sabe que o presidente da FIA, Max Mosley, perdeu há muito o contacto com a realidade. E essa cegueira está a destruir esta Formula 1. A sensação que tenho de que todas estas regras estúpidas não são mais do que uma forma dele para esmagar as equipas e transformar a Formula 1 na sua coutada pessoal, com o Bernie Ecclestone a gerir o dinheiro, do qual metade dos lucros vão para ele.
E com estes dois senhores ao leme... a Formula 1 corre o risco de cisão. Não creio que partam para aí, mas estes gestos só demonstram que a Ferrari, Renault, Toyota e Red Bull, entre outras, estão dispostas a isso, certamente. Veremos com atenção os próximos capítulos. Até lá!
1 comentário:
Olá Speeder!
Parabéns pelo blog e vendo seu perfil vejo que temos vários pontos em comum (português nascido no Brasil, tenho 30 anos, penso em ter meu negócio próprios, louco por automobilismo...) só não sou benfiquista!
Parabéns pelo seu trabalho e com certeza serei seguidor deste espaço.
Também tenho meus textos na net através do meu site www.Kart-Ja.com e espero sua visita lá.
Abração,
Aureliano Neto
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