O regresso da Formula 1 ao panorama europeu aconteceu no circuito urbano de Valencia. Sempre achei que aquela cidade passa por um absurdo ao ter um circuito urbano, plantado na zona do Porto, que serve exclusivamente a Formula 1, enquando que nos arredores tem outro circuito com os padrões da FIA, que é o Ricardo Tormo. Vá se lá saber no que passou pelas cabeças do governo regional valenciano e de Bernie Ecclestone... mas não é por isso que venho falar por aqui. É sobre a corrida deste Domingo.
Sendo normalmente uma corrida chata, onde ultrapassar é quase uma tarefa imposssivel, desta vez foi tudo diferente. E não digo porque o tempo foi diferente, apenas foi devido às tais circunstâncias ditas "fora de controlo". O acidente de Mark Webber foi um espectáculo e pouco mais. A travagem de Heiki Kovalainen, demasiado cedo para os padrões normais, causou aquele tremendo acidente, sem consequências de maior para ambos os pilotos. Contudo, quando ele diz que deveria ceder a posição, creio que ele não tem razão, porque isto não se tratava de uma dobragem, mas sim a batalha por um lugar, logo, tinha de se defender.
Contudo, também fico podia dizer que aquilo que aconteceu foi um "brake test", mas não acredito que Heiki queria ser suicida, ou assustar a sério o australiano. Apenas foi um incidente de corrida e nada mais.
Logo a seguir foi a verdadeira polémica, quando entrou o safety car e bloqueou alguns dos pilotos da frente, enquanto que o resto decidiu entrar nas boxes imediatamente após a colocação do Mercedes em pista. Os principais prejudicados foram os Ferrari de Fernando Alonso e Felipe Massa, pois tiveram de ficar uma volta à frente do Safety Car. E claro, eles queixaram-se no final, dizendo que todos eles deveriam ser penalizados em 25 segundos. Só conseguiram uma penalização de cinco, que pouco ou nada alterou o resultado final.
No final da corrida, as suas declarações referentes ao comportamento de Hamilton em pista, mesmo não querendo, deixam uma sensação de que há uma mania da perseguição. Nenhum deles é santo, como é óbvio, mas pedir que o inglês seja desclassificado naquela ocasião acho desculpa de mau perdedor, pela má estratégia feita na corrida pela Ferrari.
Não esqueçam que Fernando Alonso tem anticorpos dentro da Formula 1, que não tenham dúvidas. É talentoso, mas é demasiado egoista, mesmo num mundo de egoismos como é a categoria máxima do automobilismo. É como Michael Schumacher, só trabalha com toda a equipa à sua volta, como um eucalipto: tudo à sua volta tem de ficar seco, incluindo o seu companheiro de equipa. E agora que está na Ferrari, a coisa tende a piorar, pois não está numa equipa qualquer, é "a" equipa. E esta, em certas ocasiões, parece que tem o "direito divino" de vencer. Ou dito por outras palavras, culpa os outros pelo seu fracasso em corrida. No caso valenciano, foi uma questão de má estratégia.
E o incidente de corrida foi apenas uma má interpretação das regras do SC. Que devem ser clarificadas, devem, para que não surgam as discussões e as polémicas subsequentes. A demora também na decisão de penalizar os pilotos tem de ser entendida como pura dificuldade técnica, para que quando seja anuncidada, tem de ser sem erros. Basear-se num "achismo" é mera precipitação, e pode causar erros imperdoáveis.
Para além disso, tenho a sensação que muitos querem, ou defendem, o banimento de Lewis Hamilton. Acham que ele está a ir longe demais nas posições que toma em pista. De facto, Hamilton é um caso de um piloto talentoso que aproveita os buracos e as condescências dos comissários, da FIA, para demonstrar o seu estilo agressivo. Demasiado agressivo, diria...
Na minha opinião, não faz nada mais do que aquilo que Michael Schumacher fazia nos anos 90. Aliás, o piloto alemão fez ainda pior, como aconteceu em Adelaide 1994 e Jerez 1997, bem como mais uns incidentes menores. Para mim, o Lewis não fez nada de muito grave, apenas as tais "infracções menores", como Spa 2008, Monza 2008 ou o "Liegate" da Austrália 2009, talvez o caso mais grave. Portanto, nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Não é um santinho, mas não é a encarnação do Diabo. Contudo, digo isso apenas porque não fez nada de muito grave. Ainda.
Para finalizar, falo de Rubens Barrichello e Kamui Kobayashi. O resultado de Valencia para ambos os pilotos foi o melhor do ano, até agora. Para o veterano piloto brasileiro, num circuito onde venceu no ano passado, é o melhor resultado de 2010 para a Williams e para a Cosworth, e o culminar de um om fim de semana para a marca, que colocou os dois pilotos no "top ten". E demonstrou que não está velho.
Já Kobayashi foi inteligente e rápido. Partiu mal na grelha e foi inteligente o suficiente para correr com pneus duros e ficou em pista quando os outros foram às boxes trocar de pneus. Chegou a rolar no terceiro posto e muito perto do fim, parou para trocar de duros para moles, e nas ultimas três voltas conseguiu passar o Ferrari de Alonso e o Toro Rosso de Sebastien Buemi para ficar com o sétimo lugar final, o melhor resultado do ano para a Sauber. Com o asfalto cheio de borracha e com pneus novos, aproveitou a rapidez para ultrapassar aqueles que podia passar. Mais uma demonstração de inteligência do piloto japonês.
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