Na semana que passou, o Salão de Paris foi o local ideal onde as grandes construtoras começaram a falar sobre os seus planos pós-crise, num mundo onde provavelmente, estarão cada vez menos dependentes do petróleo e abraçarão cada vez mais as ideias alternativas, desde os híbridos até aos carros totalmente elétricos. E também se soube de alguns planos futuros de algumas construtoras no campo do automobilismo.
É sabido que algumas construtoras estão de olho em categorias como os ralis ou a Le Mans Series. A Toyota vai começar a postar forte na Endurance a partir de 2011, pois é uma categoria que está a abraçar com mais convicção as tecnologias hibridas e tem maior abertura para o experimentalismo. Se quiserem ver um carro totalmente elétrico em competição, as 24 Horas de Le Mans serão provavelmente o primeiro sitio onde irão ver uma máquina desse tipo.
Nos últimos tempos tenho falado por aqui sobre os planos de algumas marcas para o Mundial de Ralis. A Mini vai se estrear em 2011 no WRC, graças à Prodrive, e a Volkswagen pensa sériamente nessa ideia, que a concretizar, seria em 2013 e com o modelo Scirocco. Mas o Grupo Volkswagen é enorme, e eles podem estar a planear algo grande no seu grupo: concorrer em todas as categorias, cada uma com a sua marca.
A Audi já está na Le Mans Series e irá continuar por muito tempo na sua senda vitoriosa, contra a Peugeot e Aston Martin. Depois dos Diesel, talvez comecem a apostar nos híbridos, como em principio fará a Peugeot. E como a Volkswagen poderá mudar de ares em 2013, saido do Dakar para o WRC, a questão mais quente pode ser colocada ao irmão mais rico: a Porsche.
O novo presidente da marca de Estugarda, Mathias Mueller, disse em Paris que consideravam sériamente uma de duas coisas, e ambos seriam regressos: o Rally Dakar, no lugar da Volkswagen, ou... a Formula 1. Ou até as duas coisas! Como em 2013 irá em principio entrar em vigor um novo regulamento que permitirá o regresso dos motores turbocomprimidos, a Porsche poderia encarar esse regresso, como simples fornecedora de motores, ou com equipa própria.
Wolfgang Durheimer, diretor de desenvolvimento da Porsche, comentou o assunto na revista Auto Motor und Sport: "Se a Porsche quisesse ir para a Fórmula 1, teria de ser com a sua própria equipa, porque temos de ter controlo sobre todas as questões relacionadas com a competição, incluindo o carro e a sua tecnologia. A Porsche é uma empresa bastante rentável, poderíamos suportar esse custo", afirmou.
Como é óbvio, são planos e aspirações que tem de ser sujeitos a aprovação dos Conselhos de Administração. Não surpreende este tipo de declarações, porque - sim, é verdade - a Porsche é uma das empresas mais rentáveis do mundo. Teve até a capacidade de comprar o Grupo Volkswagen em 2007, um plano que teve más consequências, pois foi um passo bem maior do que a perna e esteve à beira da falência, tendo sido salva... pela Volkswagen, que a absorveu na empresa. Em suma, não foi mais do que uma troca de acções, pois tudo ficou em casa.
Quanto às suas credenciais desportivas, apesar de ter enormes pergaminhos na Endurance - é a equipa que mais venceu nas 24 Horas de Le Mans - já teve história na Formula 1. Participou oficialmente de 1959 a 1962, com modelos desde o 718 até ao 804, e foi com este último que Dan Gurney conseguiu a sua única vitória oficial, no GP de França de 1962. No final dessa temporada, a Porsche retirou-se, embora tenha havido modelos a correr até 1964, através da Ecurie Maasbergen, do holandês Carel Godin de Beaufort.
Nos anos 80, a Porsche voltou à Formula 1 como fornecedora de motores, graças a uma encomenda feita por Mansour Ojjeh, da Techniques D'Avant Garde (TAG), para ter um motor Turbo. Estreando-se no GP da Holanda de 1983, correu até 1987, onde venceu 25 corridas e conseguiu dar à McLaren três títulos mundiais de Pilotos :um para Niki Lauda, dois para Alain Prost, para além de dois títulos mundiais de Construtores, em 1984 e 1985. Em 1991 tentou um regresso, através da Footwork-Arrows, com um motor V12, mas era demasiado pesado e pouco potente, e foi um desastre tal que a meio da temporada a equipa simplesmente colocou os motores V8 Cosworth...
E quanto ao Dakar, esteve presente nos anos 80, através do modelo 959, que inicialmente desenvolvido para correr no Grupo B, foi para o todo-o-Terreno, a conselho de Jacky Ickx. Em 1986, após essa passagem efémera pelo mundo dos ralis, venceu a edição desse ano através do francês René Metge. Claro que, se decidirem regressar ao Dakar, tem a vida facilitada: o modelo Cayenne partilha a mesma base do que o Volkswagen Touareg.
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