Quando falei sobre o assunto no domingo, pouco acreditaram, porque disseram que, como tinha aparecido numa coluna de opinião, a credibilidade não seria muita. Afinal, no dia a seguir, o rumor era verdadeiro. Mas a ideia da Thesan Capital, a firma de capital de risco que tem como financiadora a japonesa Nomura Bank, de comprar a Hispania - ou de injetar dinheiro nela, vá-se saber - será provavelmente de concretizar o velho sonho de duas pessoas: Adrian Campos e Joan Villadelprat. E esse sonho é de fazer a Hispania uma equipa espanhola.
Todos acham estranho como é que uma firma de capital de risco aparece do nada e compra aquilo por uma bagatela: 20 milhões de euros. Na realidade, quem a vendeu por esse preço foi o Banco Pastor, uma das credoras do Grupo Hispania, a firma de capital imobiliário que desde 2009 que anda em sarilhos após a explosão da bolha do setor em Espanha. E foi uma senhora bolha: os meus amigos que vivem em Espanha falam de bairros inteiros com casas por acabar, que mais parecem cidades-fantasma do que habitações cheios de vida... mas crises à parte, quem conhece a história da Hispania sabe das suas forças e das suas fraquezas. E se por um lado pode não ter instalações - os chassis ficam em Munique, na fábrica de Colin Kolles - por outro tem uma licença para correr na Formula 1. E isso é mais valioso do que água no deserto.
E é aí que poderá entrar Joan Villadelprat e a sua Epsilon Euskadi. Em 2010, Epsilon esteve em maus lençois devido a dividas contraidas em bancos bascos e surgiram dúvidas sobre o financiamento que o governo basco deu à equipa para construir as suas instalações "high tech" no parque industrial de Vitória. Agora, Villadelprat conseguiu arranjar três parceiros para a sua firma e transformou-se em EPIC: Euskadi Phil Imanol e Claudio. E quem são eles? Phil Payne, Imanol Zubikara e Claudio Corradini, três investidores que Villadelprat arranjou, cedendo-lhes em troca uma percentagem nas ações da sua empresa. Aparentemente, as coisas agora estão controladas, mas as coisas em Espanha ainda andam cinzentas...
Por outro lado, sabe-se que Colin Kolles até estaria disposto a vender a sua parte, desde que pagassem o que lhe devem e comprassem a sua parte - leia-se os chassis - por um bom preço. Se na Thesan Capital, o trato da compra envolva também o pagamento da parte que devem a Kolles, então terá a sua lógica. Rumores na semana passada apontavam que Kolles poderia ir para a Williams, mas estou convencido que isso é mais dominio da fantasia do que da realidade. Nesse aspeto, o caso piaria mais fino se colocassemos o nome de Geoff Willis nessa especulação...
Não se sabe até que ponto isto vai parar, pois este é um novelo intrincado. Sabe-se no passado que Villadelprat quis entrar na Formula 1, enquanto que Carabante sempre ficou interessado em falar com Villadelprat, devido ao seu passado na Formula 1, que é enorme. Só que aparentemente, as coisas nunca sairam do dominio da especulação e hoje em dia isto isto pode ser mais "whisful thinking" do que propriamente o "passo dois" dos planos do Grupo Thesan. Contudo, todos creem que nas próximas semanas começarmos a ouvir rumores sobre a Epsilon. Caso aconteça, não ficaria admirado se a comprassem e transformassem o velho sonho de uma forte equipa espanhola, com pilotos espanhois e uma sede em Espanha, em realidade. Esta semana falou-se muito de Javier Villa, ex-piloto da GP2 e atualmente no WTCC, e que poderia ir para a HRT em 2012.
Isso já esteve mais longe... mas como digo, por agora é tudo especulação.
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