O realizador canadiano David Cronenberg é hoje reconhecido como um dos mais importantes cineastas dos nossos tempos, por filmes como "A Mosca" ou "Crash". Mas pouca gente sabe que ele é um "petrolhead", chegando até a participar em algumas corridas de F1 Históricos. E ainda menos gente sabe que em meados dos anos 80, esteve para fazer um filme sobre a Formula 1.
A história é contada por ele mesmo na edição de hoje do jornal "The Independent". Em finais de 1986, depois do sucesso de "A Mosca", o exectutivo da Paramount Pictures, Ned Tanen, abordou-o para fazer um filme sobre a Formula 1, tendo ele feito visitas de reconhecimento ao México e à Austrália, por alturas do final do campeonato desse ano.
"Tive reuniões com Bernie [Ecclestone] para estruturar um filme que tivesse uma base moderna, podendo, por exemplo, inventar uma equipa e ter umas boxes só para ela", começou por dizer. "Ecclestone estava inicialmente receptivo à ideia, afirmando que tudo era possivel, mas depois todas as questões geravam à volta do dinheiro", concluiu.
Cronenberg falou com alguns dos pilotos da altura, como Keke Rosberg, que o quis recrutar para as cenas de pista, e Ayrton Senna, então piloto da Lotus. "Perguntei-lhe acerca de sonhos, se sonhava. Ele respondeu que sonhava com a pista. Dizia que 'muitas das vezes sonhava que estava a treinar a pista onde corria'. Quando fiz a mesma pergunta ao Keke Rosberg, ele respondeu-me abruptamente: 'Não! Porque é que sonharia com a pista? Passo demasiado tempo da minha vida dentro delas.'"
No final foi a questão monetária. Ecclestone pediu muito dinheiro, demasiado para a Cronenberg e a Paramount, que inviabilizou o filme. Curiosamente, em 1988, quando foi feito "A Mosca II" - sem o envolvimento de Cronenberg, diga-se - o filho da personagem Seth chama-se... "Martin Brundle", e Cronenberg escreveu um filme sobre a temporada de 1961, que deu o título a Phil Hill, mas que nunca chegou a ser feito. Em 2005, decidiu fazer desse argumento um livro ilustrado sobre essa temporada.
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