Monza tornou-se nos últimos anos na última etapa da Formula 1 em paragens europeias antes da grande viagem para o Extremo Oriente e América do Sul, onde costuma encerrar as suas atividades, ano após ano. Mas um final simbólico numa das referências do automobilismo mundial até dá um ar de ligação ao passado aos adeptos que acompanham esta modalidade, uma ligação ao passado que muitos encarregam de demonstrar, ano após ano. Quer seja através de eventos históricos que são comemorados por esta altura, quer seja por causa da ligação que os "tiffosi" tem a esta pista. Se a Ferrari fosse uma equipa de futebol, este seria o seu estádio.
Mas nesta temporada, esse "jogar em casa" pouco ou nada significa perante o assombroso dominio de Sebastian Vettel e da Red Bull nas pistas um pouco por toda a Europa. Havia quem ainda tivesse a secreta esperança de ver alguém contrariar esse dominio, especialmente aqui, mas os tempos de Vettel no dia anterior encarregaram-se de quebrar esse desejo. Este alemão conseguira ontem a sua décima "pole-position" em treze possiveis. E as coisas hoje não prenunciavam nada de bom, pelo menos para a Ferrari e para a McLaren, os seus maiores opositores. Mas por momentos, isso parecia ser possivel.
Quando as luzes da partida se apagaram em Monza, Vettel partiu mal, surpreendido pelo arranque-canhão de Fernando Alonso e dando largas à alegria dos "tiffosi". E um pouco atrás, algo que já não se via há algum tempo: uma carambola na primeira curva. Vitantonio Liuzzi, provavelmente a dar uma de herói, exagerou e bateu em Nico Rosberg e Vitaly Petrov, eliminando-os. Bruno Senna foi outra vítima, ficando sem o seu bico da frente. Safety Car em pista nas três voltas seguintes e quando recomeçou, Mark Webber e Felipe Massa desentenderam-se na primeira chicane e o australiano perdeu o bico. Webber tentou chegar ás boxes mas na Parabólica, saiu en frente e abandonou na hora.
Nessa altura, Vettel começava a apanhar Alonso para recuperar a liderança. As coisas ainda iriam demorar um pouco, até que lá o apanhou, na 11ª volta. E o campeão do mundo mostrou a toda a gente que quem mandava naquele campeonato era ele. Até passou por fora da curva! Nas voltas seguintes, o alemão afastava-se paulatinamente do resto do pelotão, começando a fazer uma corrida à parte.
Poucas voltas depois, surgiu um duelo inesperado em pista: Lewis Hamilton, dpeois da sua primeira passagem nas boxes, via-se bloqueado por um veterano Michael Schumacher que aproveitou bem a primeira parte da corrida para chegar a andar na segunda posição. O alemão defendeu mais o que pode a sua posição - até mais do que devia, razão para que Ross Brawn o tivesse chamado à atenção - mas no final, Hamilton conseguiu passar Schumacher. Mas enquanto tudo isso aconteceu... Jenson Button os superou.
E enquanto todos estes duelos aconteciam na pista, Sebastian Vettel seguia, imperturbável, na frente. E consciente, provavelmente, da desistência do seu companheiro Mark Webber, a sua tranquilidade a fazer a sua corrida e levar o seu carro ao fim e a ficar cada vez mais próximo do seu bicampeonato, e de o conquistar onde espero que conquiste, que é no circuito de Suzuka.
Quando isso acontece, ao fim de uma hora de vinte minutos de corrida e 53 voltas à Catedral de Monza, Vettel gira algumas vezes o seu carro e acena feliz à multidão. Era a oitava vez que vencia nesta temporada, e nesta corrida tinha ganhho de forma mais calma do que se havia de esperar, dado o seu mau arranque. E Vettel sabia agora que o bicampeonato poderia estar à distância de meras duas corridas. Sinal de que dominou o campeonato como quis: sem falhas.
A acompanhá-lo no pódio ficava o McLaren de Jenson Button, que conseguira ser melhor em corrida do que Lewis Hamilton - acabou no quarto lugar - E no quinto posto estava o veterano alemão Michael Schumacher, que fazia um dos seus melhores resultados desde o seu regresso à Formula 1 no inicio de 2010. E mais curioso ainda é que esta resultado não foi conseguido numa corrida à chuva, como foi por exemplo o GP do Canadá. Foi ao sol, demonstrando que os Mercedes estão a evoluir paulatinamente. E também compensou a desistência precoce de Nico Rosberg.
E no nono posto fica Bruno Senna, no Renault sobrevivente. Chegar aos pontos depois de uma má partida, onde partiu o seu bico da frente pela segunda vez consecutiva, até pode ser um bom resultado, mas se pensarmos que o catalão Jaime Alguersuari, que falhou no dia anterior a sua passagem para a Q2, acabou a corrida no sétimo posto, sente-se um pouco a desilusão de que poderia ter feito muito melhor. Mas ao menos os pontos conquistados esta tarde, a luta bem sucedida com Sebastien Buemi foram um pequeno consolo. E tinha por fim conseguido os seus primeiros pontos da sua carreira.
Agora a Formula 1 só voltará a competir na Europa na próxima Primavera. A partir daqui, será a exótica Ásia, com os seus circuitos, uns urbanos, outros clássicos, mas muitos outros a cheirar a novo e desenhados por Hermann Tilke, dominarão os cabeçalhos. E será num deles que Sebastian Vettel vencerá pela segunda vez consecutiva o campeonato do mundo.
1 comentário:
É Paulo, Vettel é só questão de tempo mesmo. Gostei muito da prova do B. Senna, mas fico aqui pensando no desperdício que é para a Ferrari ter um F. Massa num cockpit.
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