O rali de Monte Carlo teve um final atribulado. Por causa dos eventos no Col de Turini, que fizeram enormes estragos na classificação geral, e também pelo facto do excesso de espectadores e os incidentes com três deles, que os levaram para o hospital (pernas partidas e um traumatismo craniano), o rali acabou na 16ª classificativa, a duas do fim, impedindo que decorresse a Power Stage, que normalmente daria pontos extra aos três melhores nessa tirada.
Assim, Seabastien Löeb alcançou mais uma vitória, a 77ª da sua carreira, mais pelo desporto do que pela classificação geral, já que ele decidiu terminar competitivamente a sua carreira no rali. A sua temporada de 2013 mais me recorda a temporada de despedida de Juan Manuel Fangio, que fez duas corridas em 1958, ainda com todo o seu talento intacto, mas com vontade de sair pela porta grande. É o que está a fazer Löeb, que está disposto a continuar a sua carreira noutros lados, como na Endurance, a bordo de um McLaren de GT, ao lado do português Álvaro Parente.
O grande vencedor deste rali e que meteu uma lança no campeonato chama-se Sebastien Ogier. Contrariamente a alguns receios iniciais, o Volkswagen Polo R WRC é um carro bem nascido e está em boas mãos, quer em Ogier, quer em Jari-Matti Latvala, que apesar de não ter chegado ao fim, vítima de um acidente forte no Turini, está claramente em fase de adaptação ao carro, já que Ogier teve um ano para desenvolvê-lo, logo, tem um melhor conhecimento deste carro. Veremos como será dentro de duas semanas, nas frias terras suecas, no único rali verdadeiramente de neve. Löeb estará lá, mas normalmente são os nórdicos que mandam. Se Latvala for melhor do que Mikko Hirvonen, então será sinal de que este campeonato será bem equilibrado e a equipa de Wolfsburgo tem uma chance real de vencer, logo no seu primeiro ano.
A marca do "double chevron" tem em Mikko Hirvonen o seu primeiro piloto e o finlandês tem uma chance bem real para atacar o título, mas já perdeu o primeiro combate na batalha com o seu outro adversário, o espanhol Dani Sordo. Este, vindo da Mini, é um excelente piloto, especialmente em asfalto, do qual só lhe falta a vitória para ser considerado como um candidato ao título. Cabe a ele demonstrar que é muito mais do que uma promessa, dado que ele vai fazer 30 anos. Já tem a rapidez, a maturidade e provavelmente a confiança para alcançá-lo, e se calhar, irá ser mais veloz do que Hirvonen. Na Suécia, Hirvonen irá dar o troco, mas vai ser a partir do México que a batalha conta, e poderá se ver se será ele ou o finlandês que irá batalhar com Sebastien Ogier pelo título mundial.
A Ford e a Citroen, como já viram, têm uma concorrente de respeito e este campeonato será uma luta a três, como provavelmente os fãs desejavam há muito. Veremos se será devidamente equilibrado, mas tudo indica que sim. A Ford está a apostas nos jovens, e parece que, caso eles consigam manter o carro na estrada, poderão fazer excelentes resultados. Thierry Neuville e Evgueny Novikov são dois excelentes pilotos que não conseguiram evitar as armadilhas de Monte Carlo, fruto (ainda) da sua juventude. Mas eles já erram cada vez menos e talvez a partir do México (na Suécia não vão ter muitas hipóteses...) irão dar cartas. Mads Ostberg desiludiu no Monte Carlo, mas na Suécia irá sentir-se "em casa" e é um favorito à vitória.
Em suma, o campeonato mal começou, mas promete ser o mais equilibrado da década. Pois agora já não há Sebastien Löeb para os atormentar permanentemente. Apenas aqui e ali.
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