segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

A foto do dia

Vi essa foto pela primeira vez há muitos, muitos anos, numa revista de decoração que a minha mãe tinha algures em casa. Da esquerda para a direita, estão Massimo Biasion e o seu navegador, Tiziano Siviero, Markku Alen e o seu navegador, e Henri Toivonen e Sergio Cresto, de óculos.

A fotografia foi tirada em 1986, talvez no Rali de Monte Carlo, dada a "nudez" das árvores ali presentes. Se fosse no Rali da Córsega, por exemplo, e como acontecia na Primavera, essas árvores estariam cheias de folhas jovens e viçosas. (O Ricardo Santos disse-me onde era: foi em Sintra, no inicio do rali de Portugal. Isso altera um bocado as coisas...)

A temporada era para ser deles. Toivonen venceu em Monte Carlo com o S4, vinte anos depois do seu pai ter vencido no mesmo local, mas em Portugal, os acontecimentos na Serra de Sintra fizeram com que os piloto de fábrica decidissem abandonar o rali logo no primeiro dia. O anuncio à imprensa foi feito pelo próprio Toivonen.

Contudo, o grande golpe foi na Córsega. Toivonen, que tinha perdido a liderança, andou ao ataque durante um dia e meio, mesmo estando doente com uma gripe. Deu o seu melhor até que a meio da 18ª classificativa, perdeu o controle do seu carro e caiu numa ribanceira, pegando fogo. Ele e o seu navegador, Sergio Cresto, tiveram morte imediata. A Lancia retirou os seus carros do rali e a FISA decidiu aproveitar a ocasião para anunciar o fim dos Grupo B no final da temporada.

Os Lancia só voltariam a ganhar na Argentina, com Biasion, mas quem tinha as chances de vencer o campeonato era Markku Alen. Venceu em Sanremo e no Olympus Rally, nos Estados Unidos, mas antes, houve polémica quando os Peugeot tinham sido desclassificados do rali Sanremo por causa de saias ilegais. No final, a FISA determinou que afinal de contas, as saias estavam legais, e excluiu o rali da classificação geral. Alen viu o seu título mundial (oficialmente, nunca ganhou nenhum) ir para Juha Kankkunen, a bordo do seu Peugeot.

Mas se retiraram o titulo à marca italiana, isso pouco importou: em 1987 veio o Grupo A, a Peugeot saiu fora, Lancia fez o Delta e ganhou nos quatro anos seguintes. Mas aquela temporada foi marcante para os italianos, pelos piores motivos. Pela tragédia e pela farsa.

1 comentário:

André Candreva disse...

saudades dessa época onde o esporte a motor não tinha esse 'ar artificial' dos dias atuais...

abs...