O projetista e engenheiro francês Gerard Ducarouge morreu aos 73 anos. O anuncio foi feito hoje pela sua familia. Ao longo de duas décadas, trabalhou para projetos como Matra, Ligier, Alfa Romeo, Lotus e Larrousse, fazendo projetos memoráveis como o Ligier JS5, em 1976, o Alfa Romeo 183, de 1983, ou os Lotus 97T e 98T, projetados em 1985 e 1986, respectivamente. E ainda esteve por trás do projeto do Renault Espace com o motor V10 de Formula 1...
Nascido a 23 de outubro de 1941 em Paray-le-Monial, no Loire francês, Ducarouge teve estudos superiores de engenharia aeronáutica na Ecole Nationale Technique D'Aeronautique, em Paris, e em 1964 juntou-se à Nord Aviation, onde desenhou... misseis. Contudo, no final de 1965, pediu emprego na Matra, onde foi aceite no departamento técnico. No inicio do ano seguinte, estava a projetar o seu carro de Formula 3, começando uma participação que iria durar oito anos, e pelo meio iria desenhar o MS80, com Jackie Stewart ao volante. Foi a primeira vez que tinha contacto com a Formula 1, e curiosamente, a unica em que um projeto seu iria alcançar o título mundial.
Para além dos carros de Formula 1, participou também, como diretor técnico, no projeto dos Matra 630 e 650 de Endurance, que deu três vitórias consecutivas nas 24 Horas de Le Mans entre 1972 e 1974, com pilotos como Graham Hill, Henri Pescarolo, Gerard Larrousse, Jean-Pierre Beltoise, Jean-Pierre Jarier, Francois Cevért e Jean-Pierre Jabouille, entre outros. No final de 1974, a Matra abandona a competição e Ducarouge decide pedir emprego a Guy Ligier, seu vizinho (a cidade de Vichy não era muito longe de Paray-le Monial...) e lá começou a projetar o primeiro carro de Formula 1, o JS5, previsto para correr em 1976.
O carro era ousado (chamaram-lhe, entre outras coisas, de bule de chá e Corcunda de Notre-Dame), e com o motor Matra V12, começou a ter resultados, e ele ficou até ao meio da temporada de 1981. Pelo meio desenhou carros como o JS11 e o JS15, os carros da temporada de 1979 e 1980, que deram vitórias a Jacques Laffite, Didier Pironi e Patrick Depailler, e também foram guiados por Jean-Pierre Jarier e Jean-Pierre Jabouille.
A meio de 1981, Ducarouge sai da Ligier e a Alfa Romeo contrata-o para fazer os seus carros. Ele projeta os modelos 182 e 183T, o primeiro com motor Turbo, e dá à equipa italiana os seus melhores resultados nesta segunda passagem pela Formula 1, graças a Bruno Giacomelli e Andrea de Cesaris. Mas a meio de 1983, Ducarouge é despedido pela equipa italiana e quase de imediato, Peter Warr, o diretor da Lotus, o contrata numa missão de emergência.
Por essa altura, a Lotus ainda anda em choque com o desaparecimento súbito de Colin Chapman, e o projeto do modelo 92 é um desastre. Em poucas semanas, Ducarouge desenha o 93T, o primeiro com motor Turbo da Renault, e consegue salvar a honra da casa, conseguindo uma pole-position e um pódio nas mãos de Elio de Angelis e Nigel Mansell. Nos anos seguintes, Ducarouge desenha modelos que aproveitem melhor o motor Renault Turbo e coloca a Lotus de volta à frente do pelotão, também graças a Ayrton Senna. Foi no modelo 97T, em 1985, que a Lotus volta às vitórias, e com ele, consegue seis vitórias, as últimas da primeira encarnação da marca britânica.
Em 1988, sai Senna e entra Nelson Piquet, mas o modelo desenhado, o 100T, é um fracasso. O carro não era suficientemente rígido para a potência que tinha com o motor V6 da Honda, e o brasileiro nunca conseguiu tirar partido disso. O melhor que conseguiu foi três terceiros lugares, e para Ducarouge, foi o seu canto do cisne.
Após isso, vai para a Larrousse, onde desenha o LC89, com o motor Lamborghini V12, e os melhores resultados acontecem no ano seguinte, onde Aguri Suzuki consegue um terceiro lugar no GP do Japão. Em 1991, regressa à Ligier, que vivia uma enorme crise, e torna-se no seu diretor técnico até 1994, onde ajuda a desenhar o JS39, onde graças ao motor Renault V10, conseguiu cinco pódios em 1993 e 1994, guiados por Martin Brundle, Mark Blundell, Olivier Panis e Eric Bernard.
O seu último grande projeto antes de se reformar foi o Renault Espace F1, onde se colocou um motor V10 dentro do famoso monovolume britânico, e onde, guiado por Alain Prost, fez demonstrações no circuito de Paul Ricard. Terminado esse projeto, reformou-se de vez. Ars lunga. vita brevis, caro Gerard.
Sem comentários:
Enviar um comentário