Cinquenta anos de vida é o que Pedro Matos Chaves comemora hoje. Se muitos se lembram da sua passagem pela Formula 1 ao serviço da Coloni, em 1991, eu sei que ele depois foi para os Estados Unidos e andou uns anos na Indy Lights, onde o seu melhor resultado foi em 1995, quando venceu a corrida de Vancouver. Tudo isso num ano em que o grande favorito era um jovem local chamado Greg Moore. que era de... Vancouver!
Chaves conhecia-o desde os seus 16 anos e nesse ano, tinha por fim tudo a dar certo: os cigarros Players, uma equipa de topo e vitórias em todos os circuitos até a aquele circuito de rua, no final de agosto de 1995.
Nos treinos, ele tinha sido o terceiro, apenas superado por Moore e Robbie Buhl, e na partida, parecia que iria ser o mesmo filme, com ele o vencedor, e Chaves no segundo lugar. Contudo, na volta 30, um acidente coloca o Pace Car na pista e todos ficam juntos. A seguir, ele conta isto, numa historieta que contou em 2013 à Autosport portuguesa:
"No recomeço, eu sabia que era mais rápido que ele com as pressões de pneus que tinha (diferentes das dele), pelo que tinha que o passar nas duas primeiras voltas já que depois disso ele voltaria a ser mais rápido e ia-se embora. Foi então que nessa segunda volta, depois do recomeço, planei tudo para passá-lo no único sítio onde sabia que conseguiria, num gancho antecedido por uma ligeira curva (tipo a da reta interior do Estoril). Mas ele surpreendeu-me! Não fez aquela ligeira curva a fundo e eu bati-lhe na traseira a 270 km/h, acertando-lhe na caixa de velocidades! Isso fez com que no gancho, 200 metros depois, onde era preciso reduzir de 6ª para 2ª, o Greg fosse em frente e eu ficasse à frente nas 17 voltas seguintes e acabasse por ganhar.
No final, o público, furioso, só me fazia aquele gesto obsceno com um dedo e eu todo satisfeito, dentro do monolugar, a pensar que me estavam a apoiar e a dizer que eu era o primeiro! Devido a um diferendo que Portugal tinha na altura com a quota de pescas com o Canadá, no mar dos Açores, o título num dos jornais do dia seguinte foi até “Portugal não é apenas maldoso nas pescas!”, mas, de facto, só toquei mesmo no Greg porque ele não fez a curva a fundo, provavelmente porque ainda não tinha a pressão dos pneus na temperatura ideal. Nunca mais esqueci a corrida, ainda mais depois de ele falecer no terrível acidente de 1999, em Fontana, na CART."
A carreira de Chaves foi extensa e rica. Não só venceu corridas em pistas e na Endurance como venceu dois campeonatos nacionais... de ralis, a bordo de um Toyota Corolla WRC, em 1999 e 2000. Muitos anos antes de Robert Kubica, o que prova que os pilotos de pista até se adaptam bem aos ralis, apesar da estreita margem de erro.
Mas o que interessa é dar os parabéns a esta lenda.
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