Sempre disse que os acontecimentos de Suzuka não passavam mais do que uma morte ao retardador, que mais cedo ou mais tarde, haveria qualquer coisa que faria com que este desfecho fosse inevitável, durasse um mês, um ano ou mais, pelos caso do passado. Infelizmente, durou nove meses e hoje foi o dia: Jules Bianchi morreu na noite desta sexta-feira, em Nice, nove meses após o seu acidente durante o GP do Japão. Tinha 25 anos.
"É com grande tristeza que os pais de Jules Bianchi, Philip e Christine, seu irmão Tom e sua irmã Melanie, anunciam a morte de Jules, que ocorreu ontem à noite no Hospital Universitário de Nice, em França, onde tinha sido admitido na sequência do acidente ocorrido no circuito de Suzuka, no Grande Prémio do Japão, a 5 de outubro de 2014." começa por dizer o comunicado oficial da familia.
"Jules lutou até o fim, como sempre o fez, mas ontem a sua batalha chegou ao fim. Sentimos que, diz ela, uma dor imensa e indescritível. Queremos agradecer a equipe médica no Hospital Universitário de Nice, que o tratou com amor e dedicação", continuou.
"Nós também queremos agradecer à equipa do Centro Médico Universitário de Mie, no Japão, que cuidou de Jules imediatamente após o acidente, assim como todos os outros médicos que estiveram envolvidos nos últimos meses no seu tratamento".
"Além disso, agradecemos aos colegas, amigos, fãs e todos que tem demonstrado a sua afeição por ele ao longo destes últimos meses, que nos deu uma grande força e nos ajudou a lidar com esses momentos difíceis. Ouvindo e lendo as muitas mensagens nos fez perceber apenas quanto Jules tinha tocado os corações e mentes de muitas pessoas em todo o mundo" concluiu.
O acidente aconteceu durante a 40ª volta do GP do Japão, no passado dia 5 de outubro, quando o piloto da Marussia perdeu o controlo na curva Dunlop e embateu contra o trator que estava na escapatória, que retirava o Sauber de Adrian Sutil. O piloto francês sofreu um forte traumatismo craniano, que mais tarde foi diagnosticado como uma lesão axonal difusa, uma lesão neurológica grave.
Com isto, a Formula 1 vive um novo acidente mortal, vinte e um anos após os eventos de Imola, onde morreram o austriaco Roland Ratzenberger e o brasileiro Ayrton Senna.
Nascido a 3 de agosto de 1989 em Nice, Jules era neto de dois pilotos belgas de origem italiana: Mauro Bianchi e Lucien Bianchi. Lucien, seu tio-avô, venceu as 24 horas de Le Mans de 1968, ao volante de um Ford GT40, ao lado do mexicano Pedro Rodriguez. Infelizmente, também teve um final trágico, quando sofreu um acidente fatal no ano seguinte, também em Le Mans. O seu avô, Mauro, também não teve sorte na sua carreira, pois sofreu graves lesões nas 24 horas de 1968, quando se despistou no seu Alpine oficial.
Depois de uma carreira no karting, Bianchi chegou aos monolugares em 2007 na Formula Renault 2.0 francesa, onde foi campeão, passando no ano seguinte para a Formula 3 Euroseries, onde foi terceiro classificado, vencendo o Masters de Formula 3, em Zandvoort. Em 2009 foi campeão, passando para a GP2 em 2010, onde acabou no terceiro lugar, repetindo o feito em 2011. Por esta altura, já era piloto de desenvolvimento da Ferrari, e no ano seguinte, foi terceiro piloto da Force India, ao mesmo tempo que fazia a World Series by Renault, onde terminou como vice-campeão.
Em 2013, teve por fim a sua estreia na Formula 1, ao serviço da Marussia. Acabou por fazer 34 Grandes Prémios, e o seu maior resultado foi no GP do Mónaco de 2014, onde terminou a corrida no nono lugar, dando os dois primeiros pontos para a equipa, e um merecido nono lugar no campeonato de construtores.
Por muito que desejes o melhor, esperas sempre o pior. E hoje isso aconteceu. Vinte e um anos depois, um piloto volta a morrer num Grande Prémio de Formula 1. E é um dia triste para o automobilismo. Ars lunga, vita brevis, Jules.
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Jules BIANCHI*
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