domingo, 15 de janeiro de 2017

Como é o Top Gear noutros lados?

Sei perfeitamente que o Top Gear já não é o mesmo depois da BBC ter despedido o "gorila" Jeremy Clarkson, arrastando consigo os outros dois apresentadores o Capitão Lento (James May) e o "Hamster" (Richard Hammond). E a primeira temporada do Top Gear após estes três foi, no mínimo, cacofónico. Chris Evans, Eddie Jordan, Sabine Schmitz, Rory Reid, Chris Harris e sobretudo Matt LeBlanc (o Joey de "Friends") estiveram ali presentes, acabando com Evans a ir embora no final da temporada, depois de se apresentar como... o triunfo da BBC.

Com a 24ª temporada a ser gravada, e reduzidos em um elemento, e enquanto nos deliciamos a ver os "Três Estarolas" no seu "The Grand Tour", calhou por acaso, durante esta semana, ver episódios dos Top Gear noutros lados. A BBC, nestes últimos anos, exportou o programa para outros países, com muita gente a dizer que isso é um erro, e o melhor - e único - é ver os originais, os ingleses, e tudo o resto é treta. Chamem-lhes criticos ou puristas, mas as criticas existem, e os "spinoffs" também.

Até agora, já houve programas com esse nome na Austrália, Estados Unidos, França, Itália, Rússia, China e Coreia do Sul. E provavelmente poderemos ter outros programas noutros lados. Tive a oportunidade de ver os programas feitos em França, Itália, e Estados Unidos, pois estão em atividade, embora no caso americano, o programa iria deixar de ser emitido no Canal História a partir do final do ano passado. Apesar disso, eles querem andar à procura de outro canal para emitir.

Comecemos pelos americanos. Um trio de doidos - o comediante Adam Ferrara, o especialista Rutlege Wood e o piloto Tanner Foust são os apresentadores da versão americana, onde eles essencialmente se metem em desafios com carros, de origens mais doidas que se podem julgar, e no final, experimentam um supercarro. E o mais interessante de tudo foi o último episódio, onde eles foram a Cuba, sendo mais um dos programas que aproveitou o levantamento do embargo americano à ilha para filmar toda aquela arqueologia automobilística, mas também a sede dos cubanos pelos seus carros... sejam eles os americanos dos anos 50, ou os Ladas soviéticos.


No caso francês, eles já vão na sua terceira temporada. Os apresentadores também são três: o ator Philippe Lelouche, o piloto Bruce Jouanny e o jornalista Yann Maret-Menezo, que tem umas vestimentas... excêntricas. Como disse, está agora a começar a terceira temporada, e para terem uma ideia, na semana passada andavam em aulas de condução com... Jacques Laffite.

O italiano é recente, só tem uma temporada. Os apresentadores são ecléticos: o apresentador Guido Meda, o "chef" italo-americano (sim, um chef!) Joe Bastianich e o piloto Davide Valsecchi, campeão da GP2 em 2012. 


Destes três, há diferenças entre eles. Se as versões francesa e italiana seguem um pouco o original - os testes são feitos em aeródromos, há um The Stig, fazem desafios, convidam celebridades para andar num carro "normal" (um Dacia Sandero na versão francesa, um Seat Ibiza na versão italiana) e testam supercarros - no caso americano, houve alterações, privilegiando o entretenimento. Não há pista, o The Stig aparece cada vez mais raramente e as celebridades a testar o Suzuki Swift desapareceram. Esse foi o único que conseguiu ir para além da versão original.

Há outra coisa do qual faz com que as coisas dêm certo: a química entre apresentadores. Vi essa química nos três americanos e de forma surpreendente, nos três franceses. Na versão italiana, ainda é cedo para se ver, mas na nova versão britânica, a cacofonia estragou bastante essa parte. Mas vi química entre o Rory Reid e o Chris Harris, quando apresentavam o "Extra Gear", o "spinoff" que arranjaram para o Top Gear. Por causa disso, na próxima temporada, vão juntar esses dois ao "Joey", que se adaptou muito bem aos ares ingleses. E já agora, o Chris "Monkey" Harris também têm a sua dose de polémica, pois como Clarkson, também é um desbocado.

Em suma, o Top Gear pode ter conserto, assim que se estabilizarem, mas não serão mais o antigo. Quanto aos outros, vai depender dos gostos dos espectadores. A versão francesa até que é bem recebida, no canal RMC Decouvérte, enquanto que o italiano, ainda tem de se ver. ainda está um pouco a seguir o guião inglês (o episódio onde atravessam Roma em vários tipos de veículos é uma cópia do que os Três Estarolas fizeram em Londres e St. Petersburgo) e libertar-se disso não é fácil. Não sei se por questões legais, se por falta de imaginação dos argumentistas, mas os americanos, de uma certa forma, conseguiram. 

Vamos a ver se os outros conseguem fazer coisas originais, porque até pode ser uma maneira deles prolongarem o programa.

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