As minhas primeiras imagens da China moderna têm mais de 30 anos. Lembro de uma cidade como Pequim, com céu azul e milhões de bicicletas, em contraste com os poucos carros que circulavam nas ruas. Mas nessa altura, falava-se do futuro, e do explosivo desenvolvimento que aquele país iria passar nos anos seguintes. Após esse tempo todo, a China tornou-se no país onde todos querem lá estar, mas sofre as consequências dessa veloz industrialização: mais do que os milhares de prédios altos, os milhões que migraram dos campos para as cidades, as dezenas de milhões de automóveis a circular, é a poluição atmosférica, o "smog" que por vezes dificulta a vida de muita gente. E tem consequências laterais.
Essas consequências laterais foram vistas ontem quando a segunda sessão de treinos livres não aconteceu devido ao intenso nevoeiro. Causado não pela atmosfera em si, mas por causa do "smog" industrial que os impede de verem o céu azul, quando deveria calhar. Nada que não tenha acontecido há mais de 60 anos na Europa e nos Estados Unidos, mas desde então, esses países decidiram colocar leis para restringir a poluição industrial, com bons resultados.
Chegou-se a pensar colocar tudo este sábado - qualificação e corrida - mas no final, nada foi feito, e hoje, o que aconteceu foi de acordo com o planeado. E foi tão "de acordo com o planeado" que os três primeiros foram os mesmos de Melbourne. E Lewis Hamilton está agora a cinco poles de bater o recorde de Michael Schumacher. E está a dois de apanhar Ayrton Senna.
A qualificação começou de foram atribulada: primeiro, quando António Giovanazzi puxou demais do seu carro na curva antes da meta e acabou no muro de proteção, quebrando bastante o seu carro e claro, ficando de fora da Q2. Quem também ficou em maus lençóis foi Max Verstappen, que viu morrer o seu motor e só ficou com o segundo pior tempo, o que vai fazê-lo largar da última fila da grelha - pior ficou Esteban Ocon. E a acompanhá-los, ficaram o McLaren de Stoffel Vandoorne, o Haas de Romain Grosjean e o Renault de Joylon Palmer.
“Penso que se terá devido a algo com a vela e que me limitou a qualificação. Não tinha potência. Não podia usar os modos de potência por isso quando se tenta uma volta rápida não faz sentido nenhum quando se perde tanta potência”, queixou-se o holandês, no final do treino.
Para a segunda parte, as coisas até correram relativamente bem. Não houve incidentes dignos de nota, e entre os que por fim entraram na Q3, houve algumas surpresas agradáveis. Não tanto do lado da Toro Rosso - Kvyat entrou, Sainz ficou com a fava e foi 11º - mas mais do lado da Williams, que colocou Felipe Massa e Lance Stroll na última parte da qualificação. Parece que o jovem canadiano tem talento, afinal... apesar de ter sido apenas décimo. E do lado dos vencidos, para além de Sainz e Marcus Ericsson, Kevin Magnussen e Fernando Alonso - 13º, atrás de Sainz e Magnussen.
Na Q3, a fase final da corrida, começou com Lewis Hamilton a marca tempo, fazendo 1.31,902, e batendo o tempo que Kimi Raikkonen tinha feito na Q2. Basicamente, todos tiveram de se esforçar para o bater, pois nem Valtteri Bottas conseguia ir buscá-lo. Sebastian Vettel, na sua primeira tentativa, conseguiu 184 centésimos mais perto do inglês, mas sem o bater.
Contudo, qualquer tentativa para o bater ficou para trás quando Hamilton fez 1.31,678 e consolidou o primeiro lugar na fila. Valtteri Bottas fez 1.31,865, e parecia que iria haver monopólio dos Flechas de Prata. Contudo, Sebastian Vettel esforçou-se e tirou... 1.31,864, ficando com o segundo lugar pelo minimo dos mínimos.
E depois, Bottas assumiu a frustração: “Uma milésima, é assim”, desabafou o finlandês da Mercedes após Q3, fazendo o gesto. “Talvez não seja muito, mas é uma pena não ter conseguido. Da última vez tinham sido duas centésimas, agora é uma milésima, por isso estou mais perto, mas é uma pena”, referiu.
Com Bottas e Raikkonen a dividiram a segunda fila, na terceira estavam Daniel Ricciardo e Felipe Massa, enquanto que Nico Hulkenberg dava o sétimo posto à Renault, na frente de Sergio Perez. E a fechar o "top ten", estavam o Toro Rosso de Daniil Kvyat e o segundo Williams de Lance Stroll.
Assim sendo, está tudo pronto para ver o que irá acontecer amanhã, quando o tempo provavelmente fazer das suas... e o "smog" também.
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