Esta semana, dei de caras com o artigo da minha amiga Serena (que assina como Rocio Romero) no site latino-americano MotoLat. Ela escreve regularmente para ali, da mesma forma que escrevo regulamente no Nobres do Grid (a famosa coluna mensal) ou para a AutoRacing (ali escrevo sobre História do Automobilismo e Formula E) e já a vi ao vivo em três corridas na temporada passada. No seu último artigo, falou sobre dois veteranos, Kimi Raikkonen e Fernando Alonso, que fizeram os seus regressos a equipas onde estiveram e... não se deram lá muito bem. O finlandês na Ferrari - de 2007 a 2009, com um título mundial pelo meio - e o espanhol em 2007, saindo no final dessa temporada, voltando à Renault por duas temporadas. E curiosamente, Raikkonen saiu mais cedo da Scuderia para que esta pudesse contratar Alonso, que lá ficou até 2014, sem alcançar títulos, antes de regressar à McLaren, onde penou com os motores Honda.
E ao ler o artigo, senti-me estimulado para pensar em escrever mais além, pensar sobre Kimi e Alonso, mais para o lado do seu futuro próximo. Primeiro que tudo, vamos colocar as coisas desta forma: o finlandês tem 38 anos e o espanhol 36. Ambos estrearam-se na mesma corrida, o GP da Austrália de 2001, ao lado de Juan Pablo Montoya e Enrique Bernoldi, e Kimi teve dois anos sabáticos, que passou a andar no Mundial de ralis, com alguns resultados modestos, contra um ano de testes em 2002, como piloto da Renault, por parte do espanhol. Os dois têm, no mínimo, quinze temporadas ao mais alto nível na Formula 1.
Agora que andam aqui, resta saber o que deverão querer nesta fase da sua carreira. O espanhol deverá querer o tricampeonato, mas com a McLaren desta maneira, dificilmente alcançará. Já Kimi, com Vettel a dominar a Scuderia, dependerá mais da sorte e do azar do alemão para ter perspectivas de vitória em 2018, como aconteceu quase onze anos antes, aproveitando a divisão da McLaren entre... Alonso e o então novato Lewis Hamilton.
Ao ler o calendário de Alonso, vejo cada vez mais que pretende diversificar. Começou a olhar para trás e reparar que os seus melhores anos na Formula 1 já passaram. O fracasso desta sua segunda passagem pela McLaren, por causa dos motores Honda, obrigou-o a diversificar, e isso passou a ser algo que ocupa a sua mente. Ao ver o impacto que teve a sua passagem pelas 500 Milhas de Indianápolis do ano passado, sacrificando a sua presença no GP do Mónaco, começou a pensar de forma mais alargada. E a temporada de Endurance, ao serviço da Toyota, é um exemplo disso. E esse impacto noutras categorias continua. Afinal de contas, a organização das Seis Horas de Fuji - circuito da Toyota - decidiu mudar de data para poder acomodar Alonso porque originalmente, a data coincidia com o GP dos Estados Unidos, em Austin.
Se é fácil entender a ideia do espanhol, é mais complicado entender o que pretende o finlandês. Continua a querer correr, mas pelos vistos, parece estar acomodado. À vista de todos, parece não ter ambição. Tem dinheiro e familia, mas parece que a vontade de vencer desapareceu. E pensa-se que quer fazer o essencial para que a Scuderia ganhe o Mundial de Construtores. Mas para isso, terá de conseguir mais pontos que Valtteri Bottas, não é? E nesta temporada, o limite de motores a usar desceu para três... os azares de um numa corrida poderão ser o azar de outro noutra.
Em jeito de conclusão, pode-se dizer que Alonso já se preocupa com o legado. Se conseguir o tricampeonato, ficará feliz, mas se não, sempre tem outras categorias para explorar. Vencer as 24 Horas de Le Mans seria ótimo, ainda por cima está numa equipa oficial. Mas esse é um triunfo coletivo, e isso nem sempre significa prestígio. Basta olhar para Nico Hulkenberg, por exemplo. Quem se lembra que ele venceu em 2015? Ou Brendon Hartley, outro vencedor da mítica prova de La Sarthe no pelotão da Formula 1? Aliás... já repararam que temos mais de um vencedor dessa prova no pelotão, algo que já não acontecia há mais de 40 anos?
Mas claro, a alternativa não é só a Endurance. Ele já andou em Daytona e já afirmou que pretende regressar às 500 Milhas num futuro próximo. E com competições como a Formula E, não ficaria admirado se ele fizesse uma passagem por lá... mesmo estando ativo na Formula 1.
Só que eu não faço ideia dos planos de Kimi. Alargará os seus horizontes em relação a outras competições? Ele teve no WRC, já tentou andar na NASCAR e experimentou um carro de Endurance, mas nunca tentou sériamente correr noutras categorias, desde que está na Ferrari. Não sei se está preso a qualquer clausula que o impede de fazer isso, mas com quase 40 anos, ainda não disse que tem vontade de experimentar outras categorias. Provavelmente deverá estar a pensar que a Formula 1 é a única coisa que vai fazer e depois, se dedicará à reforma ou ver crescer os seus garotos.
Hoje em dia, poucos são os pilotos que se dedicam a alargar os seus horizontes. Isto porque antes, a Formula 1 não deixava, mas agora, a FIA decidiu sincronizar os calendários com os da Endurance, os Turismos e a Formula E, para que alguém queira experimentar todas essas categorias. A abertura começa a acontecer, e vai ser lenta, mas quando temos pilotos como Sebastian Vettel e Lewis Hamilton a dizerem que a única coisa que querem fazer é Formula 1 e mais nada, começo a observar Alonso e se calhar admiro mais por ver o panorama como um seu todo.
1 comentário:
Kimi Haykonnen ainda é é extremamente competivo, piloto frio e experiênte, como todos o conhecem. Seu trabalho é fazer tudo o que fot possível para proteger Vettel ,e trazer a Ferrari mais para frente do grid possível, até mesmo superando Vettel, em algumas ocasiões. Quem acompanha formula 1, a anos sabe como isso funciona.
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