terça-feira, 27 de março de 2018

GP Memória: Long Beach 1983

Duas semanas depois da prova de abertura do campeonato, em Jacarépaguá, a Formula 1 mudava-se de armas de bagagens para as ruas de Long Beach, na Califórnia. Se em termos de pelotão, a Alfa Romeo tinha decidido despedir Gerard Ducarouge pelo incidente com o carro de Andrea de Cesaris, que tinha levado à sua desqualificação, em termos de organização, para além de terem mudado mais uma vez o traçado do circuito, os rumores de bastidores afirmavam que Chris Pook, o organizador da prova, começava a ficar cansado das exigências monetárias da Formula 1 e procurava alternativas para poder continuar a organizar o seu Grande Prémio.

A prova norte-americana também servia para estrear chassis novos, como fazia a Renault, com o seu RE40, que nesta corrida ficava nas mãos de Alain Prost. E quem fazia um regresso inesperado era Alan Jones, que reentrava na Formula 1 pelas mãos da Arrows. Contudo, o australiano estava fora de forma, pois tinha mais de 90 quilos de peso, tinha fraturado a anca dois meses antes, numa queda de cavalo sua quinta na Austrália, e tudo isso, acumulado com o facto de não estar dentro de um carro desses desde o final de 1981 era um desafio para a longa corrida que aí vinha...

No final da qualificação, mesmo com problemas no asfalto que foram resolvidos entre sexta e sábado, o melhor foi o Ferrari de Patrick Tambay, que fazia aqui a sua primeira pole-position da sua carreira. A seu lado teria o seu companheiro de equipa, René Arnoux, enquanto que na segunda fila estavam os Williams de Keke Rosberg e Jacques Laffite. Elio de Angelis era o quinto, com o Lotus-Renault, na frente do surpreendente Toleman-Hart de Derek Warwick. Michele Alboreto era o sétimo, no seu Tyrrell-Cosworth, e a seguir apareceu Alain Prost, no seu Renault. E a fechar o "top ten" ficaram o segundo Tyrrell de Danny Sullivan e o Ligier-Cosworth de Jean-Pierre Jarier.

Alguns dos consagrados tinham tido uma má qualificação: Nelson Piquet era apenas o vigésimo na grelha, na frente dos McLaren de John Watson, 22º, e Niki Lauda, no lugar a seguir. Pior ficaram os Osella de Corrado Fabi e Piercarlo Ghinzani, que não se qualificaram para a prova.

Um dia de primavera aguardava máquinas e pilotos no momento em que a luz verde acendeu para dar inicio à prova. Tambay ficou na frente, mas Rosberg partiu ao ataque para ficar com a primeira posição. Passou Arnoux numa partida-canhão, a na parte final da volta, atacou o líder, mas passou por uma zona suja e fez um pião. Contudo, não tocou em nada e prosseguiu.

Atrás, Prost tinha problemas com o seu Renault e cedo ficava fora de ação, indo às boxes para fazer reparações no seu motor. Acabaria por terminar a corrida, mas a três voltas do vencedor e na 11ª posição. Na frente, Tambay aguentava os ataques do finlandês da Williams e na volta 20, voltava a estar na traseira do carro da Ferrari. Contudo, todos andavam muito perto uns dos outros, e o finlandês começava a ser assediado por Laffite, Jarier e Patrese.

Na volta 25, Rosberg voltou a tentar, mas as coisas acabaram mal. Acabou por colidir com Tambay, e se o francês da Ferrari acabou ali a sua corrida, o finlandês da Williams tentou voltar à pista, mas foi no momento em que passavam Laffite e Jarier. Este último bateu na traseira do carro da Williams do campeão do mundo, e ambos acabaram também por abandonar. Rosberg andou uns metros, enquanto que o francês da Ligier acabou por se arrastar até às boxes, onde deixou o carro por lá.

Com isso, Laffite liderava, mas por pouco tempo. Lidando com o desgaste dos pneus, foi passado por Patrese, enquanto que atrás, os McLaren de Watson e Lauda já estavam no terceiro e quarto posto, depois de se terem livrado de boa parte do pelotão. Pouco depois, os McLaren apanharam-o, ficando com o segundo e o terceiro posto.

Patrese parecia estar confortável, mas começou a ter problemas no seu Brabham e foi apanhado pelos McLaren. Primeiro Watson e depois Lauda. O austríaco tentou aproximar-se, mas nesta altura já sofria de cãibras na perna direita e deixou Watson em paz. Patrese tinha caído para terceiro, numa altura em que Jones já se tinha retirado (na volta 58), totalmente exausto pelo esforço despendido, mas na volta 72, o diferencial do Brabham cedeu e esse lugar foi para Arnoux.

No final, John Watson conseguia a sua quinta vitória na sua carreira e a quarta na McLaren, desde meados de 1981. Lauda foi o segundo e Arnoux o terceiro, enquanto que nos restantes lugares pontuáveis ficaram o Ligier de Laffite, o Arrows de Marc Surer e o Theodore do venezuelano Johnny Cecotto, que entrava no estrito grupo de pilotos que tinham pontuado nas duas e quatro rodas.

Sem comentários: