Nunca se pode contar com o ovo no rabo da galinha, já diziam os antigos. E se calhar com isso em mente, muitos andaram a torcer para que esta madrugada, em Melbourne, Lewis Hamilton não mostrasse em pista aquilo que tinha mostrado na véspera na qualificação, quando fez a pole-position. E foi o que aconteceu: o inglês foi veloz, mas não o suficiente para Sebastian Vettel, que durou mais tempo na pista e teve sorte, para acabar como vencedor do GP da Austrália. E depois destes dois, Kimi Raikkonen ficou com o lugar mais baixo do pódio, numa corrida onde teve alguns vencedores e um claro vencido: a pobre Haas. Dizendo melhor... os parafusos das rodas da pobre Haas.
Em resumo, foi uma prova imprevisível. O vencedor não era aquele que se previa, mas mereceu lá estar. Lewis Hamilton fez boa parte da corrida, mas foi derrotado pela melhor estratégia da Ferrari, velha raposa, que parou nas boxes no momento oportuno.
Voltemos atrás, para o inicio. Com Hamilton na pole e o azar de Valtteri Bottas a relegá-lo para o meio da tabela, parecia que o inglês tinha tudo a seu favor, e iriamos caminhar para uma "procissão". E quando na partida, as coisas aconteceram sem incidentes de maior, parecia que o destino estava selado. Não foi assim. E começou na volta onze, quando Max Verstappen sofreu um pião na primeira curva, perdendo posições para Fernando Alonso. E por essa altura, já tinham acontecido os primeiros abandonos da temporada: Serguei Sirotkin, na volta quatro, por falha nos travões, e Marcus Ericsson, no seu Sauber-Alfa.
Quanto à Haas, parecia que ia a caminho de algo inédito. Magnussen era quarto e Grosjean andava um pouco atrás, e pareciam aguentar o ritmo dos primeiros, mas na volta , começou a catástrofe. Primeiro, "KMag" foi às boxes, mas ali, os parafusos não ficaram como deve ser e claro... não foi longe. A mesma coisa aconteceu com Grosjean, e quando ele teve de encostar, a sua posição causou um Virtual Safety Car. E isso foi mais do que suficiente para alterar a corrida de modo decisivo.
Nessa altura, já Hamilton tinha ido às boxes para trocar de pneus, mas os Ferrari não. Vettel primeiro e Raikkonen depois, fizeram isso, e no regresso à pista, o alemão conseguiu ficar na frente do inglês da Mercedes. E a partir daqui, Hamilton foi na sua perseguição, tentando apanhá-lo e ultrapassá-lo. Mas as diferenças entre os dois são pequenas, e a aproximação não era visível quer na televisão, quer na pista.
E a melhor maneira de mostrar que a diferença dos Mercedes para o resto do pelotão não é assim tão grande é ver a performances de Bottas: preso no meio do pelotão, entre o Renault de Hulkenberg e o McLaren de Vandoorne, sem se aproximar dos lugares do pódio.
Na parte final, Hamilton acelerou o seu ritmo para apanhar Vettel, mas sempre que tentava, não conseguia. Depois, os pneus começaram a mostrar que não aguentavam aquele ritmo e ele conformou-se, deixando que o alemão comemorasse no lugar mais alto do pódio.
Atrás dos três, e de Daniel Ricciardo, o primeiro homem da Red Bull, houve uma hierarquia um pouco "mentirosa": Fernando Alonso levou o seu McLaren até ao quinto posto, na frente de Max Verstappen, o Renault de Nico Hulkenberg, o Mercedes de Valtteri Bottas, o segundo McLaren de Stoffel Vandoorne e o segundo Renault de Carlos Sainz Jr.
No final, Vettel deve ter sido mais sortudo dos três, mas cumpriu uma regra fundamental e não escrita do automobilismo. Para vencer, é preciso ter sorte e estar no lugar certo, no momento certo. E o alemão aproveitou muito bem. Não precisava ser veloz, bastava ser consistente. E num ano em que os componentes precisam de ser indestrutíveis, e cada erro vai significar uma forte penalização na grelha (vamos ver muitos deles a largar do último lugar, tenho a certeza!) vai ser um campeonato bem mais equilibrado do que muitos julgam agora.
A Formula 1 continua dentro de duas semanas, nas areias do Bahrein.
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