A prestação da Haas em Melbourne só surpreendeu quem não estava avisado. Sabia-se desde a pré-temporada que o carro estava muito bom e eles não esconderam que queriam ter uma parceria mais apertada com a Ferrari, tentando aproveitar o máximo possível o carro de 2017, o único que bateu o pé às dominadoras Mercedes.
Contudo, a equipa sofreu um enorme pesadelo na corrida por causa dos parafusos mal apertados e do mau dia dos mecânicos que se encarregavam de os fazer, levando ao abandono de ambos os pilotos. Mas o pesadelo pode ter mal começado: segundo conta hoje a imprensa especializada, McLaren e Force India fizeram queixa à Haas sobre o seu chassis, querendo saber até que ponto o seu carro é uma cópia do SF70H. Queixas essas que já foram registadas por Ross Brawn.
“Todos sabemos que a Haas tem uma forte aliança com a Ferrari, e nós só temos que garantir que essa aliança não é ‘demasiado próxima’. Acredito que possa haver alguma influência, e partes do carro que sejam muito semelhantes aos Ferrari do ano passado, mas isso fica para os engenheiros e a FIA verem mais de perto”, disse.
Otmar Szafnauer, o chefe de engenharia na Force India, está espantado: “Não sei como eles fizeram, é mágico. Nunca foi feito na Formula 1. Não sei como alguém que está no desporto há um par de anos, sem recursos, consegue produzir um carro daqueles. Será magia? Se for eu quero uma varinha dessas” disse ao site Motorsport.
Contudo, o próprio Ross Brawn admitiu que "não tem provas" de que a Haas trabalhou de forma demasiado íntima.
Chegamos a este ponto, onde se caminha por mais uma linha ténue neste desporto ultracompetitivo, onde um segundo é a diferença entre a vitória e a derrota - e mais alguns milhões. A Haas, que chegou em 2016 e conseguiu dois oitavos lugares no Mundial de Construtores, é o principal candidato ao quarto lugar do Mundial de Construtores, e pilotos como Romain Grosjean e Kevin Magnussen poderão ficar constantemente entre o sexto e o oitavo postos, com um motor Ferrari que já demonstrou ser bom. Mas eles não tem o motor com o mesmo mapa da Scuderia, logo, esse carro não pode ser mais veloz do que os "rossos".
Por outro lado, não se pode dizer que não pode existir "equipas B" porque assim é hipócrita. Afinal de contas, desde 2007 convivemos com a Red Bull e a Toro Rosso - que é italiano para... Red Bull - e a FIA consente uma coisa destas. E depois temos de ver quem são os queixosos: Force India e McLaren. No caso da Force India, ficariam imenso a perder se a Haas chegasse ao quarto lugar, posição que a Force India tem chegado nas últimas duas temporadas, graças a um conjunto competente de chassis, engenheiros, pilotos e um motor Mercedes cliente. E a McLaren, que recupera depois de temporadas desastrosas com o motor Honda, pode ter esse quarto posto como objetivo em 2018, e não o alcançar seria uma derrota, agora que é provável que têm um chassis melhor do que o da Force India.
O que é que isto vai dar? Provavelmente, nada. As verificações técnicas e homologações da FIA só ‘dizem’ que o carro está conforme e não vão ao detalhe dos comparar uns com os outros. E mesmo nessa parte, até que ponto é que o regulamento proíbe copiar chassis de outros anos e os desenvolver a partir desse ponto? É algo do qual os engenheiros e os projetistas poderão aproveitar, em mais um dos "loopholes" dos regulamentos que existem - existiram ao longo da história e sempre existirão - para tentar conseguir uma vantagem sobre a concorrência. Em suma, mais um episódio daqueles que a Formula 1 tem sido pródiga.
E a acontecer, só temos de aplaudir e Gene Haas e Gunther Steiner por terem conseguido. Poderá ser o "salto" tanto quiserem dar...
1 comentário:
Penso que seria do carro de 2017 e não de 2007, ficariam um bocado desatualizados :)
Continuação de um bom trabalho!
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