quinta-feira, 1 de novembro de 2018

A imagem do dia

Um final melancólico, é o mínimo que se pode afirmar. Na corrida e si, Ricardo Rosset não se qualificou e o japonês Tora Takagi viu a sua prova terminada na volta 28 quando sofreu no toque do Minardi do argentino Esteban Truero. E por acaso, esse toque foi decisivo para o campeonato do mundo de então: Michael Schumacher passou sobre os destroços de ambos os carros, acabando por furar na volta 31 a terminar ali a sua tentativa de alcançar o título mundial.

Mas a história da Tyrrell não começou em 1970. Começou bem antes, há mais de quatro décadas. Ken Tyrrell era um negociante de madeira que depois da II Guerra Mundial enriqueceu com o negócio. E nos tempos livres, participava em provas na classe de 500cc. Era alto e não cabia muito bem nesse carros... mas ficou com o bicho do automobilismo. Tanto que em 1960 funda a Ken Tyrrell Organization, que compra chassis Cooper para a Formula Junior.

O seu primeiro grande momento foi quando conheceu e acolheu o escocês Jackie Stewart, em 1964. Ele olha para o potencial dele e fica encantado. Não o perde de vista quando ele vai para a Formula 1 e para a BRM, no ano seguinte, e Tyrrell fica por mais algum tempo. No final de 1967, a Matra precisa de alguém para cuidar da sua equipa de Formula 1. Experiente na Formula Junior - era das melhores no pelotão - aceita o desafio com condições. E uma delas era ter um contrato com os Cosworth. A Matra contra-propôs de forma salomónica: um carro teria os motores ingleses, outro teria os V12 franceses. Ele aceitou.

Tyrrell resgata Jackie Stewart e a parceria iria funcionar às mil maravilhas, até 1973. Três títulos mundiais e dois de Construtores, um de cada para a Matra, foi o resultado, mas os franceses queriam que usasse os motores franceses. Stewart disse sempre que eram fracos, e no final de 1969, a parceria foi desfeita. Tyrell compra chassis March, mas no final do ano, constroi os seus chassis com Derek Gardner no comando desse departamento. O chassis 001 fica pronto no GP do Canadá de 1970... e faz a pole-position!

A parceria acabou com a retirada de Stewart no final de 1973, e ainda por cima, com a morte do seu companheiro de equipa, o francês Francois Cevért, no GP dos Estados Unidos desse ano. A partir desse momento, a equipa entrou numa lenta decadência, apesar de terem tido carros como o P34, de seis rodas, e pilotos como Patrick Depailler, Jody Scheckter e Didier Pironi. A sua última vitória foi no GP dos Estados Unidos de 1983, com Michele Alboreto ao volante.

A partir dali, a Tyrrell fazia parte do pelotão, mas os seus dias de glória tinham passado. Apareciam no final do pelotão, mas o velho lenhador era teimoso e conseguia sobreviver aos que entravam mais tarde e saíam mais cedo porque sabia que sobreviver, mas modestamente, do que ambicionar e queimar. Mas não tinha alguém para segurar a equipa depois dele. Não havia sucessão e os custos eram cada vez maiores. E em 1998, chegou o fim. 

Como nome, a Tyrrell acabou, mas a equipa se mantêm. hoje em dia chama-se Mercedes e conseguiu o seu quinto título mundial seguido de pilotos e de Construtores. Depois de virar BAR, virou Honda, foi um fracasso e em 2009, virou BrawnGP, vencendo ambos os campeonatos. Tanto que no final do ano, a Mercedes comprou-a, com os resultados que conhecemos.

Tyrrell morreu em agosto de 2001. Mas o seu nome se mantêm na constelação da Formula 1.

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