sábado, 3 de novembro de 2018

No Nobres do Grid deste mês...

No passado dia 17 de outubro, saiu a noticia de que a organização do GP do Brasil não iria pagar para receber a sua corrida em Interlagos, pelo menos até 2020. Ou seja, nas próximas três edições - a corrida deste ano só irá acontecer a 11 de novembro - a organização vai pagar zero à Liberty Media. Segundo se conta, o acordo foi alcançado no final de 2016, quando a Liberty Media tomou conta dos negócios da Formula 1 a Bernie Ecclestone, e aparentemente, esta foi a "prenda" que ele deixou à nova organização...

Sobre isso, uma fonte comentou:  "Essa é a versão mais abreviada, mas não está muito longe da verdade. Ficamos surpreendidos quando vimos o contrato, mas o sr. E era o chefe na época..."

(...)

No GP do Japão, em Suzuka, Toto Wolff convidou os restantes diretores de equipa a reunir-se no motorhome da equipa. O assunto era confidencial, ao ponto de o motorhome ter sido fechado sem aviso e depois, no final, ninguém abrir a boca sobre o que andaram a conversar. Pelo menos oficialmente, porque depois, alguns abriram a boca sobre os assuntos abordados nessa tal reunião: "apimentar" o espectáculo e a descida de receitas provenientes da FOM por causa do declínio das audiências.

Em 2018, apesar de coisas novas que a Liberty Media introduziu - novo logótipo, musica temática, um serviço de streaming - a audiência caiu cerca de quatro por cento. A contribuir isso, a descida de horas dedicadas à Formula 1, de 23 mil em 2017 para 18.500 este ano, por causa do final de canais como a F1 Latin America e a Sky Germany/Austria, canais fechados e pagos. E em alguns sitios, como na Rússia, as audiencias cairam cerca de 20 por cento, o que poderá explicar os constantes ajustes no calendário - de setembro para abril/maio e agora voltou para o final de setembro - mas isso está por confirmar.

E também há outra coisa, do qual todos sofrem - e quando se diz "todos", pode-se alargar à IndyCar e à NASCAR - são as audiências. Elas estão a envelhecer e os mais novos tem novos gostos. Não só estão largando a televisão para ver programas e séries no Netflix ou no Youtube, como também não ficam com os gostos dos pais. E isso também faz mossa nos patrocinadores: os que vão embora são substituídos por outros que pagam menos.

E no meio disto tudo, a Formula E cresce. Bastante. (...)

Sempre misteriosa, a discussão sobre as finanças da Formula 1 aparece de vez em quando na praça pública com números nem sempre confirmados ou desmentidos. Mas uma certa forma, é esta a situação atual: a média de idade é cada vez maior, as equipas tem cada vez mais dificuldade em arranjar patrocinadores, e os custos estão cada vez mais descontrolados. E mesmo em competições mais baratas, encontram-se os mesmos problemas da Formula 1: a combinação de espectadores a desaparecerem com a diminuição de receitas.

A grande excepção é a Formula E: a competição é mais barata, é verdade, mas é o que concentra a maior quantidade de construtoras. A pouco mais de um mês de nova temporada, quase todas as equipas são entradas oficias de construtoras, como a Jaguar, Mahindra ou Nissan. A Mercedes entrará este ano, com a HWA e a Porsche irá entrar no ano que vêm.

E é sobre esta situação que escrevo este mês no Nobres do Grid.

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