Duas corridas no mesmo sítio, em fins de semana seguidos, é algo inédito em 70 anos de Formula 1. Mas como vivemos tempos anormais, tudo o que acontecer em termos de automobilismo, depois de três meses de paralisia, é uma vitória. E correr onde possam correr é o que interessa, e o que precisamos neste momento é de ver as coisas que gostamos. Mesmo sentindo a falta da espectadores, por exemplo.
Com Lewis Hamilton a fazer uma pole-position digna de um campeão, ele tinha tudo para ganhar e igualar-se a Valtteri Bottas em número de vitórias. E claro, corrigir os erros da semana passada, quando bateu em Alex Albon, sendo penalizado por isso. Em relação ao resto, ver se aquilo que fizeram na semana passada possa repetir neste dia de hoje. Ainda por cima, um um meio do pelotão muito, mas muito equilibrado.
Na partida, Hamilton parte bem, com Sainz a ficar de lado para tentar passar Verstappen, sem efeito. Mas mais atrás, catástrofe em Maranello: no gancho, Leclerc tentou uma manobra para passar Vettel e acabou partindo a sua asa traseira, e fazendo chamar o Safety Car logo no final da primeira volta. Ambos os carros foram às boxes, com o monegasco a trocar a asa traseira, e o alemão a ficar por lá definitivamente.
A corrida voltou ao normal na volta 3, com Bottas a tentar passar Sainz, enquanto Hamilton se afastava de Verstappen ao ritmo de um segundo por volta. Por volta da quinta passagem, o finlandês lá se livrou do espanhol da McLaren, mas ele já estava algo longe de Max. Pouco depois, Alex Albon também passou Sainz Jr, para ser quarto. E por essa altura, Leclerc também parava nas boxes. De vez. E parecia que a temporada da Scuderia estava a caminho de ser a de 1980...
A partir daqui, as coisas estavam estáveis para os da frente, com a ação a ir para os lugares intermédios, com Sainz a ter atrás de si os Renault, e Pierre Gasly na frente dos Racing Point, que fechavam os pontos. Contudo, apesar das pressões de Ricciardo, apenas conseguiu passar Ocon na volta 20, para ser sexto, e tentando perseguir Sainz Jr. Atrás, Norris passou Gasly para entrar de novo nos pontos.
Na volta 23, Hamilton exagerou no gancho, mas o melhor que teve foi que o holandês se aproximou um pouco e pouco mais. Logo a seguir, os pilotos da frente foram para as boxes, trocando de pneus, o primeiro a ser Max Verstappen, que trocou para médios. Logo a segur, era Esteban Ocon, mas os pneus cederam e teve de abandonar. Na volta 29, Hamilton troca para médios e cede o comando para Bottas, e este se manteve por mais algum tempo, até à volta 35, precisamente o meio da corrida, uma volta antes de Alex Albon fazer o mesmo.
De novo, com a corrida "resolvida" nos lugares da frente, atrás havia luta pelos pontos. Sergio Perez conseguia estar no quinto posto, antes de trocr pneus na volta 39, bem em cima e bem competitivo, enquanto Lance Stroll lutava com os Alfa Romeos para subir na classificação, enquanto Sainz Jr teve uma troca de pneus desastrosa e tentava recuperar o tempo perdido. Na volta 42, era oitavo, mas tinha sido passado pelo Racing Point de Sergio Perez. E na frente deles todos, sendo o melhor do resto, estava Daniel Ricciardo, no seu Renault.
Perez passou Stroll na volta 47 - sem "daddy orders" - e foi atrás de Ricciardo, que não estava longe. Duas voltas depois, o mexicano apanhou o australiano e foi atrás de Albon esperando conseguir melhor posição. A partir da volta 55, o mexicano tinha encostado na traseira do Red Bull, fazendo voltas mais rápidas atrás de voltas mais rápidas. Mas quando se chegou, o carro da Racing Point não conseguia passar o tailandês, enquanto o canadiano, seu companheiro de equipa, também não passava o australiano da Renault. Atrás, Norris passava Sainz Jr. e era oitavo.
Na frente, Bottas apanhava Max e na volta 66, o finlandês atacou-o. Mas o holandês reagiu e recuperou o seu lugar algumas curvas depois. Mas na volta seguinte, Bottas atacou melhor e ficou com o segundo posto. A duas voltas do fim, Verstappen vai às boxes para tirar a melhor volta, porque a diferença para Albon era de quase meio minuto.
Mas essas últimas duas voltas foram emocionantes... como costuma ser. Primeiro, Perez atacou Albon, mas a ultrapassagem correu mal e houve toque, danificando a asa dianteira. Atrás, Stroll atacava Ricciardo e lá conseguira passar, mas Lando Norris espreitava e espera pelo pior... da concorrência. Com o mexicano a atrasar-se, os três carros apanharam-o, e o britânico aproveitou para ser o quinto classificado... e ainda fez a volta mais rápida! Perez aguentou o sexto posto, ganhando a Stroll no "photo-finish", prejudicando Ricciardo, o oitavo.
Na frente, Hamilton comemorava tranquilo a vitória, numa dobradinha com Valtteri Bottas. Max Verstappen ficava com o lugar mais baixo do pódio, e parecia que naquelas paragens spielbergianas, nem a Red Bull aproveitou bem o factor casa, porque a Mercedes sai melhor em todos os critérios. Parece que vai ser mais um ano normal, com ou sem pandemia.
E semana que vem, atravessa-se a fronteira para correr em Budapeste.
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