Passam-se hoje 50 anos sobre o acidente mortal de Pedro Rodriguez, provavelmente um dos mais versáteis pilotos do seu tempo, e o meicano mais venceor no automobilismo até à chegada de Sergio Perez, há uma década. O seu acidente, que aconteceu em Norisring, na Alemanhã, numa prova da Interserie, com um Ferrari 512 da equipa de Herbert Muller... não era para ter acontecido. Porque ele não deveria estar ali.
A meio de 1971, o campeonato de Endurance estava terminado, com os Porsche a vencerem o campeonato de Construtores e não havia Formula 1 nesse final de semana. Na altura, Rodriguez tinha conseguido um segundo lugar em Zandvoort, num duelo à chuva contra Jacky Ickx. Mas nesse tempo, como ele eram mal pagos e queriam correr em todos os domingos, o suíço Herbert Muller o convidou para correr na Interserie, uma competição europeia que tentava imitar a Can-Am, com pouco sucesso.
Norisring, em Nuremberga, era - e é - uma das melhores pistas urbanas da Europa. E em 1971 não era muito diferente. A prova, chamada de 200 Milhas de Norisring, tinha o Ferrari 512 da dupla Rodriguez/Muller como cabeça de cartaz, mas na lista de inscritos havia carros bem mais lentos que aquela máquina.
E digo isto porque o acidente aconteceu na volta onze, quando Rodriguez ia na frente à vontade e apanhou um piloto atrasado. O resto foi um pouco a lembrar Jochen Mass e Gilles Villeneuve, um equivoco no qual o mexicano acabou a bater contra uma ponte que existia ali e o carro ficou em chamas. Apesar dos socorros terem vindo rapidamente, quando conseguiram tirar Rodrigez do carro, estava gravemente ferido. Acabaria por morrer no final daquela tarde. Tinha 31 anos.
Para os mexicanos, parecia que era uma maldição: o seu irmão tinha morrido oito anos e meio antes, no circuito da Cidade do México, e quase dois anos antes, numa rampa e a bordo de um McLaren de Can-Am, o mesmo destino tinha calhado a Moisés Solana, outro dos mexicanos que tinha andado na Formula 1. Ao contrário do seu irmão, que se foi embora pensando naquilo que poderia ter feito se tivesse tido mais tempo, o grande desgosto acerca de Paro Rodriguez de la Vega foi que ele era mesmo bom na Endurance e tinha mostrado algum do seu talento na Formula 1.
E tiveram de esperar quase uma vida para voltarem a ver automobilismo com orgulho.
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