quarta-feira, 3 de outubro de 2007

O piloto do dia - Dennis Hulme (2ª parte)

(continuação do dia anterior)


Em 1968, com o título mundial no bolso, decide aceitar o convite da McLaren. A ideia era para ajudar a desenvolver o carro e a equipa, que estava nos seus primórdios. Começou a temporada com o velho motor BRM H12, onde foi quinto em Kyalami (palco da última vitória de Jim Clark). Quando Bruce conseguiu os motores Cosworth, as coisas passaram a correr mesmo bem: Bruce McLaren ganha em Spa – Francochamps, e Dennis Hulme vence em Monza e Mont-Tremblant, estando a discutir o título mundial na ronda final, na Cidade do México. Infelizmente, uma suspensão partida colocou um ponto final nas suas aspirações ao título, ganho por Graham Hill. Hulme, por sua vez, ficou em terceiro lugar na classificação, com 33 pontos, duas vitórias e três pódios.


Nas outras categorias, os resultados foram melhores: voltou a ser quarto nas 500 Milhas de Indianápolis, e ganha o seu primeiro campeonato de Can-Am, a bordo de um McLaren M8A, com três vitórias e 38 pontos no total.


O ano de 1969 foi pior em termos de Formula 1: só conseguiu ganhar uma corrida, na Cidade do México, e conseguiu mais um pódio, na Africa do Sul. No final, ficou na sexta posição, com 20 pontos. Em contraste, as suas prestações na Can-Am foram magníficas: a versão M8B dominava tanto as pistas norte-americanas, que chamavam aos carros “The Bruce and Dennis Show”. Desta vez, McLaren foi campeão, e Hulme ficou em segundo lugar, com 180 pontos.


O ano de 1970 é marcante, para pior: a 2 de Junho, Bruce McLaren morre quando testava o seu McLaren M8D de Can-Am em Goodwood, devido ao levantamento do “capot”, que o levou a bater num posto de comissários, tendo morte imediata. Sendo assim, o seu compatriota Hulme tem a ingrata tarefa de segurar a equipa após a morte do seu fundador. Para piorar as coisas, sofre um acidente em Indianápolis, onde fica queimado das mãos com etanol. Contudo, isso não impede de alcançar alguns bons resultados, embora não ganhe qualquer corrida. Fica em quarto lugar, com 27 pontos e quatro pódios. Em relação à Cam-Am, as coisas ficaram um pouco melhor: apesar das difíceis circunstâncias, Hulme foi capaz de levar o carro para o seu segundo título na categoria, com 132 pontos.


Em 1971, Hulme faz um mau campeonato: só consegue nove pontos, e nem vai ao pódio nesta época. Contudo, consegue duas voltas mais rápidas, no Canadá e nos Estados Unidos. Nesse ano, Hulme coloca na equipa de Can-Am um bom amigo seu: o norte-americano Peter Revson. A McLaren domina mais uma vez a temporada norte-americana, com o americano a tornar-se campeão da categoria, com Hulme em segundo. Isso foi o suficiente para que ele e Teddy Mayer o contratassem para a temporada de 1972.


Nesse ano, a McLaren tinha finalmente um bom carro, e Hulme tem um início da temporada fulgurante: segundo na Argentina e primeiro na Africa do Sul fazem com que seja o líder do campeonato à saída de Kyalami, com 15 pontos. Mas um Lotus 72 fenomenal faz com que ele perca o título a favor de Fittipaldi e Stewart. Contudo, o “Urso” consegue mais cinco pódios, quatro deles consecutivos, conseguindo alcançar a terceira posição final, com 39 pontos.


Entretanto, na Can-Am, Hulme acaba de novo na segunda posição, atrás de Peter Revson. Fixa o recorde de vitórias na competição em 22, tornando-se num nome incomparável. E tudo isso aos 36 anos! No final da época, ele e a equipa retiram-se da competição.


Em 1973, Hulme e Revson continuam a desenvolver e a transformar o M23 num carro vitorioso. Faz a sua primeira (e única) pole-position na sua carreira, em Kyalami, e ganha na edição inaugural do Grande Prémio da Suécia. Consegue mais dois pódios, em Interlagos e em Silverstone, numa corrida ganha pelo seu companheiro Peter Revson. No final da temporada, Hulme fica na sexta posição do campeonato, com 26 pontos, uma vitória, uma pole-position, três pódios e três voltas mais rápidas.


Em 1974, Revson vai para a Shadow, e o seu substituto é o brasileiro Emerson Fittipaldi. A sua temporada começa bem, com uma vitória em Buenos Aires, herdada depois do piloto da casa, Carlos Reutmann, ter tido problemas de pneus na parte final… Algumas semanas depois, a 22 de Março desse ano, durante testes no circuito sul-africano de Kyalami, o Shadow do seu amigo Revson perde o controlo na curva anterior à recta da meta, e este teve morte imediata. Em consequência disso, Hulme decide que esta seria a sua última época ao mais alto nível na Formula 1. Até lá, consegue mais um pódio, em Zeltweg, e termina o campeonato na sétima posição, com 20 pontos, uma vitória, dois pódios e uma volta mais rápida.


O resumo da sua gloriosa carreira na Formula 1: 112 Grandes Prémios, em dez temporadas (1965-74), oito vitórias, uma pole-position, nove voltas mais rápidas, 33 pódios, 252 pontos no total. Foi ainda o Campeão do Mundo de 1967.


Após a sua vida na Formula 1, passou brevemente pela GPDA (Grand Prix Drivers Assotiation), e no início dos anos 80, após ter voltado à Nova Zelândia, começou a correr em carros de turismo. Graças a Tom Walkinshaw, correu no Campeonato Europeu de Turismo, ao volante de carros como Rover 2000 e Jaguar XJ-S. As suas performances mostravam que ele “ainda estava para as curvas”, com espírito vencedor. Para além disso, fazia aparições esporádicas nos V8 Supercars, o Campeonato Australiano de Turismos.


A 4 de Outubro de 1992, disputava-se o Bathurst 1000, a prova mais importante do automobilismo australiano. No circuito de Mount Panorama, Hulme conduzia um BMW M3 pintado com as cores da tabaqueira Benson & Hedges. A meio da corrida, Hulme fica parado na berma, e os socorristas vão ver o que se passava. Quando lá chegaram, descobriram Hulme amarrado ao seu lugar, já morto. O “Urso” tinha sofrido, aos 57 anos, um ataque cardíaco fatal.

2 comentários:

João Carlos Viana disse...

Olá speeder

Ainda estou editando o post, por isso ainda está sem fotos. Obrigado pela oferta.

Zé Miguel Gomes disse...

Mais um post excelente. Parabéns!

Fica bem,
Miguel