Algumas impressões sobre os testes de Inverno...

Eu não costumo falar sobre os testes, pela relatividade que eles trazem. Mas que a cada sessão que passa, vejo algumas ideias dos quais posso chegar a determinadas conclusões.

Primeiro: A McLaren tem problemas sérios com a asa. Experimentar novos tipos de asas a 15 dias de Melbourne demonstra que andam com problemas sérios em mãos. Quando Norbert Haug, o patrão da Mercedes, disse esta manhã em Barcelona que está preocupado com o desenvolvimento do carro, o caso tem potencial para ser grave, pelos menos nos primeiros tempos. Os pneus traseiros desgastam-se em menos de dez voltas, e para além das asas novas, andam a testar um novo fundo na traseira do McLaren MP4/24.

Segundo: O equilibrio presente nos testes. Apesar da Ferrari mostrar que continua com a sua competitividade intacta, com o seu F60, o resto é uma tremenda confusão e incerteza. BMW e Toyota fazem tempos bem decentes, e podem mostrar-se como candidatos sérios à vitória. A mesma coisa se pode dizer da Red Bull. E a própria Force India, que seria a séria candidata ao lugar de "fundo de pelotão", demonstrou que com motor Mercedes, pode dar um salto de qualidade.

Terceiro: Brawn GP. Foram os últimos a entrar, e não demonstram ser o "bombo da festa" que todos falavam. Muito pelo contrário. O chassis parece ser bem nascido, e os tempos feitos não parece terem sido feitos em "tanque vazio". E mesmo o potencial "handicap" de mudar de motor a meio do percurso (de Honda para Mercedes) não parece ter afectado o desempenho do carro. O próprio Ross Brawn, numa entrevista ontem à alemã "Auto Motor und Sport" afirmou que os tempos feitos não são "bluff": "Se os outros soubessem quanta gasolina estava no tanque, eles ficariam surpresos. Até a Mercedes, que é a nossa parceira no fornecimento de motores, não acreditou quando dissemos para eles", disse, em declarações captadas pelo site Pitstop.

Existem dois factores nesta história. Primeiro, Brawn está a desenhar este carro desde meados do ano passado. Segundo, parte dos regulamentos actuais tem dedo dele, apesar de ser um trabalho colectivo, de cooperação entre escuderias. Logo, ele já fez o trabalho de casa desde há muito. O seu grande medo era que como o carro se comportaria com um motor diferente daquele que foi planeado. Aparentemente, melhor do que se esperava... E parece que tem algumas originalidades.

E ontem, o Ico, que assiste "in loco" aos testes, lançou a questão: e se Ross Brawn for Walter Wolf? Explicando: e se Ross Brawn vencer na estreia, em Melbourne, da mesma maneira que Walter Wolf fez, quando venceu no seu primeiro GP, em Buenos Aires 1977, com Jody Scheckter ao volante? Brawn já disse que não vai usar o KERS esta época, e este dispositivo ainda não é fiável. Como isto é um jogo, e os testes tem uma importância relativa, podemos afirmar que neste caso em particular, algumas combinações vencedoras envolvem chassis bem feitos, mais pilotos experientes...

Dia 29 vai ser o primeiro tira-teimas.