Fim-de-semana sem Formula 1, anda tudo numa calmaria tão grande, que este silêncio parece ser ensurdecedor. Ao mesmo tempo, temos a avalancha de anúncios de novas equipas de Formula 1 para 2010, cujo prazo para a inscrição expirou no passado dia 29 de Maio. Mas ainda estamos à espera de uma confirmação por parte da FIA, que acontecerá na próxima sexta-feira, dia 12 de Junho. Qual vai ser a surpresa reservada?
Formula 2: um novo começo e um piloto de futuro
Vamos ao fim de semana que passou. Sem Formula 1, tivemos o WTCC em Valência, bem como o começo da Formula 2, que ressuscitou após 25 anos de hibernação. Se no primeiro caso, a Seat e a BMW venceram as corridas do fim de semana, demonstrando que as coisas estão um pouco normalizadas, depois da polémica da etapa anterior, no circuito francês de Pau, e com um bom resultado para as cores portuguesas, com Tiago Monteiro a subir ao pódio na segunda posição, após a primeira corrida, no caso da Formula 2, apadrinhada por Max Mosley, que fez questão de se apresentar no circuito espanhol, o grande dominador foi o canadiano Robert Wickens, que venceu as duas corridas do fim de semana. Não fiquei surpreso com ele, pois apesar dos seus tenros 20 anos, tem enorme experiência em monolugares: World Séries by Renault, A1GP, Formula 3 e agora Formula 2. E foi sempre um vencedor. Auguro um enorme futuro na Formula 1, caso chegue lá, e trilhar os caminhos vencedores encetados no passado pela família Villeneuve… olho nele, pessoal!
As novas equipas: uma cortina de fumo?
No dia 29 de Maio, data da inscrição das novas equipas, muitos, quando viram a inscrição das equipas FOTA no calendário de 2010, soltaram frases de alivio, afirmando que a guerra FOTA-FIA tinha acabado. Nesse mesmo dia, disse no meu blog a seguinte frase: “Parece que depois de toda aquela conversa de que iria haver cisão e dois campeonatos em 2010, o facto de hoje todas as equipas FOTA terem confirmado a sua inscrição dá a ideia de que todos viraram amiguinhos e tudo ficou em paz. Nada mais enganador, pessoal!”
O tempo está-me a dar razão. Hoje, Max Mosley veio a público afirmar que a FIA não vai ceder pois as condições impostas pelas equipas para participarem na próxima temporada são irreais. "Quem faz as regras é a FIA. Há 60 anos que é assim e vai continuar dessa forma. Algumas das propostas que a FOTA apresentou são absolutamente irreais, como por exemplo o pedido de um novo Pacto de Concórdia. Não é possível que esteja pronto a 12 de Junho”, declarou ao jornal suíço Motorsport Aktuell.
E deixou uma ameaça clara: “Temos um conflito, e vamos ver quem vai vencê-lo. Para mim as coisas são claras: Se querem impor as vossas próprias regras então façam-no num vosso campeonato. Mas garanto que haverá campeonato de Fórmula 1".
Do lado da FOTA, Stefano Domenicalli, o director desportivo da Ferrari, enumerou no passado dia 29 de Maio, dia da inscrição provisória das equipas na sede da FIA, em Paris, as condições da organização para continuar na Formula 1 em 2010:
"As equipas submeteram uma inscrição de conjunto que só nos compromete a continuar no campeonato da FIA se esta aceitar as nossas condições:
1 - Que um novo Pacto da Concórdia seja assinado até ao dia 12 de Junho;
2 - Que as regras técnicas e desportivas tenham por base os regulamentos de 2009 com as alterações por nós propostas e que diminuirão em muito os custos de participação das equipas;
3 - Que não exista tecto orçamental por esse não fazer sentido face às nossas propostas; e que as nove equipas que estão activas no seio da FOTA sejam aceites em bloco sem que nenhuma fique de fora do Mundial de 2010.
Caso sejam respeitadas as nossas exigências, teremos todos muito gosto em continuar na Formula 1 para além do final deste ano, pois com o novo Pacto da Concórdia todas as equipas se comprometem a permanecer na categoria até ao final de 2010. Caso isso não aconteça, iremos estudar em conjunto alternativas para continuarmos a competir ao mais alto nível, pois a F1 deixará de ser o topo de tecnologia e da competição automóvel."
Os dias que se seguiram ao “deadline” de 29 de Maio mostraram uma série de notícias a conta-gotas sobre novas equipas: Superfund, March, Brabham, Épsilon Euskadi… todas elas são equipas com nome mas sem estrutura por trás, excepto a Brabham e a Épsilon. Mas reparem: a antiga equipa de Jack Brabham foi detida durante 15 anos por um tal “anãozinho tenebroso” chamado Bernie Ecclestone… em suma, desconfio que todas estas equipas não sejam mais do que “tigres de papel”, uma série de noticias largadas por alguém ligado à FIA para mostrar à FOTA que podem ir à sua vida, que terão equipas suficientes para manter a Formula 1, à maneira de Ecclestone e Mosley, com o seu tecto salarial e tudo o mais.
Mas então reparem: se Mosley quer esticar a corda, para quê se apoiar nestes “tigres de papel”, sem grande credibilidade, excepto por dois ou três? Na realidade, ele está a apostar todas as suas fichas na coesão da FOTA. É um teste, para saber se as ameaças são para ser levadas a sério. Sabe que a Williams e a McLaren estão internamente fragilizadas, e pode manipulá-las à sua vontade. Se no primeiro caso, a Williams tem contratos com FIA para construir os chassis da Formula 2, no segundo caso, tem ainda a ver com as consequências do “Liargate”, que evitou a sua exclusão da Formula 1 este ano. Se essas duas ficarem na Formula 1, outras poderiam seguir o seu exemplo, como a Brawn GP e a Force Índia. Assim só sairiam as construtoras, como a Ferrari, BMW, Renault e Toyota. Mas esta última já disse que ficaria até 2012.
Neste momento, todos os cenários estão em cima da mesa. Mas eu digo que a maior parte destas equipas, da maneira como estão a ser anunciadas, são autênticos “tigres de papel”. E a FOTA afirma que as suas inscrições estão condicionadas pelas regras que querem impor até ao “deadline” de 12 de Junho. Uma imposição que Mosley já disse que não aceitará. E depois?
Depois… pode ser uma nova fase da guerra FOTA-FIA. Veremos se será mais dura do que a anterior. Mas até lá, gozemos o fim-de-semana turco, quer na Formula 1, quer na GP2. Até lá!
Formula 2: um novo começo e um piloto de futuro
Vamos ao fim de semana que passou. Sem Formula 1, tivemos o WTCC em Valência, bem como o começo da Formula 2, que ressuscitou após 25 anos de hibernação. Se no primeiro caso, a Seat e a BMW venceram as corridas do fim de semana, demonstrando que as coisas estão um pouco normalizadas, depois da polémica da etapa anterior, no circuito francês de Pau, e com um bom resultado para as cores portuguesas, com Tiago Monteiro a subir ao pódio na segunda posição, após a primeira corrida, no caso da Formula 2, apadrinhada por Max Mosley, que fez questão de se apresentar no circuito espanhol, o grande dominador foi o canadiano Robert Wickens, que venceu as duas corridas do fim de semana. Não fiquei surpreso com ele, pois apesar dos seus tenros 20 anos, tem enorme experiência em monolugares: World Séries by Renault, A1GP, Formula 3 e agora Formula 2. E foi sempre um vencedor. Auguro um enorme futuro na Formula 1, caso chegue lá, e trilhar os caminhos vencedores encetados no passado pela família Villeneuve… olho nele, pessoal!
As novas equipas: uma cortina de fumo?
No dia 29 de Maio, data da inscrição das novas equipas, muitos, quando viram a inscrição das equipas FOTA no calendário de 2010, soltaram frases de alivio, afirmando que a guerra FOTA-FIA tinha acabado. Nesse mesmo dia, disse no meu blog a seguinte frase: “Parece que depois de toda aquela conversa de que iria haver cisão e dois campeonatos em 2010, o facto de hoje todas as equipas FOTA terem confirmado a sua inscrição dá a ideia de que todos viraram amiguinhos e tudo ficou em paz. Nada mais enganador, pessoal!”
O tempo está-me a dar razão. Hoje, Max Mosley veio a público afirmar que a FIA não vai ceder pois as condições impostas pelas equipas para participarem na próxima temporada são irreais. "Quem faz as regras é a FIA. Há 60 anos que é assim e vai continuar dessa forma. Algumas das propostas que a FOTA apresentou são absolutamente irreais, como por exemplo o pedido de um novo Pacto de Concórdia. Não é possível que esteja pronto a 12 de Junho”, declarou ao jornal suíço Motorsport Aktuell.
E deixou uma ameaça clara: “Temos um conflito, e vamos ver quem vai vencê-lo. Para mim as coisas são claras: Se querem impor as vossas próprias regras então façam-no num vosso campeonato. Mas garanto que haverá campeonato de Fórmula 1".
Do lado da FOTA, Stefano Domenicalli, o director desportivo da Ferrari, enumerou no passado dia 29 de Maio, dia da inscrição provisória das equipas na sede da FIA, em Paris, as condições da organização para continuar na Formula 1 em 2010:
"As equipas submeteram uma inscrição de conjunto que só nos compromete a continuar no campeonato da FIA se esta aceitar as nossas condições:
1 - Que um novo Pacto da Concórdia seja assinado até ao dia 12 de Junho;
2 - Que as regras técnicas e desportivas tenham por base os regulamentos de 2009 com as alterações por nós propostas e que diminuirão em muito os custos de participação das equipas;
3 - Que não exista tecto orçamental por esse não fazer sentido face às nossas propostas; e que as nove equipas que estão activas no seio da FOTA sejam aceites em bloco sem que nenhuma fique de fora do Mundial de 2010.
Caso sejam respeitadas as nossas exigências, teremos todos muito gosto em continuar na Formula 1 para além do final deste ano, pois com o novo Pacto da Concórdia todas as equipas se comprometem a permanecer na categoria até ao final de 2010. Caso isso não aconteça, iremos estudar em conjunto alternativas para continuarmos a competir ao mais alto nível, pois a F1 deixará de ser o topo de tecnologia e da competição automóvel."
Os dias que se seguiram ao “deadline” de 29 de Maio mostraram uma série de notícias a conta-gotas sobre novas equipas: Superfund, March, Brabham, Épsilon Euskadi… todas elas são equipas com nome mas sem estrutura por trás, excepto a Brabham e a Épsilon. Mas reparem: a antiga equipa de Jack Brabham foi detida durante 15 anos por um tal “anãozinho tenebroso” chamado Bernie Ecclestone… em suma, desconfio que todas estas equipas não sejam mais do que “tigres de papel”, uma série de noticias largadas por alguém ligado à FIA para mostrar à FOTA que podem ir à sua vida, que terão equipas suficientes para manter a Formula 1, à maneira de Ecclestone e Mosley, com o seu tecto salarial e tudo o mais.
Mas então reparem: se Mosley quer esticar a corda, para quê se apoiar nestes “tigres de papel”, sem grande credibilidade, excepto por dois ou três? Na realidade, ele está a apostar todas as suas fichas na coesão da FOTA. É um teste, para saber se as ameaças são para ser levadas a sério. Sabe que a Williams e a McLaren estão internamente fragilizadas, e pode manipulá-las à sua vontade. Se no primeiro caso, a Williams tem contratos com FIA para construir os chassis da Formula 2, no segundo caso, tem ainda a ver com as consequências do “Liargate”, que evitou a sua exclusão da Formula 1 este ano. Se essas duas ficarem na Formula 1, outras poderiam seguir o seu exemplo, como a Brawn GP e a Force Índia. Assim só sairiam as construtoras, como a Ferrari, BMW, Renault e Toyota. Mas esta última já disse que ficaria até 2012.
Neste momento, todos os cenários estão em cima da mesa. Mas eu digo que a maior parte destas equipas, da maneira como estão a ser anunciadas, são autênticos “tigres de papel”. E a FOTA afirma que as suas inscrições estão condicionadas pelas regras que querem impor até ao “deadline” de 12 de Junho. Uma imposição que Mosley já disse que não aceitará. E depois?
Depois… pode ser uma nova fase da guerra FOTA-FIA. Veremos se será mais dura do que a anterior. Mas até lá, gozemos o fim-de-semana turco, quer na Formula 1, quer na GP2. Até lá!
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