Enfim, eis o artigo traduzido para português. Se algum de vocês souber mais alguma novidade sobre o projecto, nomeadamente se isto tinha fundamento ou não, ou então porque ele não foi para a frente, já sabem: falam comigo ou para o Pandini.
Auto-Hebdo, Setembro 1976
Ainda não passou do estado de planeamento, mas merece indubitavelmente toda a nossa atenção em particular no caso de os autores obtenham os apoios necessários. Este projecto, de carácter nacional, não lhe falta nem audácia nem ousadia, mas deve ser considerado com reservas porque, como bem sabemos e a história demonstra, vai um longo caminho desde o projecto técnico até á pista. Eis aqui as bases daquilo que poderá ser no futuro o primeiro Fórmula 1 português.
Aquando do Grande Prémio de Monza conheci o Bravo Marinho. Sorrindo, mas com ar reservado, acedeu facilmente a nos falar do seu projecto.
- Quando é que este projecto surgiu?
- Existia em Portugal uma equipa dois litros, a B.I.P. (Banco Intercontinental Português). Essa equipa obteve uma vitória em Spa-Francorchamps, em 1974, com um Lola 2l. Deveríamos ter construído este F1 em 1975, mas o banco foi nacionalizado na sequência dos acontecimentos em Portugal. Este ano tornamos a pegar nos desenhos do carro e adaptámo-los às regras actuais.
- Como é composta a vossa equipa?
- A equipa é composta por três elementos: o engenheiro José Megre e o técnico João Pereira ocupam-se da parte mecânica. Pela minha parte sou responsável pelo desenho e estudo da forma do carro.
- O formato do carro não é inovador?
- Sim. Nos F1 actuais a sua forma não permite que o ar que se encontra debaixo do carro de escapar, provocando perturbações. Após os nossos estudos, concluímos que uma forma arredondada melhorava este efeito na parte debaixo do carro. O que origina mais “downforce”, aumentando a pressão sobre as suspensões.
- Falando de suspensões, a sua disposição não é invulgar?
- Sim, os amortecedores foram colocados em V. A explicação é simples. Uma pressão vertical é exercida sobre as rodas. Esta reparte-se sobre os amortecedores, juntando-se à pressão de que falei anteriormente. Resumindo, obtêm-se a convergência de todas estas forças nos dois pontos A e B (ver esquema) assegurando desta forma uma melhor estabilidade do carro.
- Que motor estão a pensar utilizar?
- Muito provavelmente um Ford Cosworth. Já efectuamos ensaios a diversos motores. Este permite-nos de desenhar uma culassa de design revolucionário, que permite aumentar a potência de 480 HP para cerca de 650 a 700 HP. Como compreende, não posso dar mais pormenores.
- Esse aumento de potência não vos vai colocar problemas ao nível da refrigeração e da travagem?
- No que diz respeito ao circuito de refrigeração, não temos grandes problemas após a colocação lateral dos radiadores de óleo e água. Para a travagem temos uma inovação: o carro estará equipado com oito discos de travão de pequena dimensão. Quatro serão acoplados às rodas e os outros quatro estarão junto ao chassis.
- Já estabeleceram contactos com patrocinadores?
- Sim, já temos acordos de patrocínio com a Magneti Marelli e a Speedline. No entanto procuramos um patrocinador português (Vinho do Porto) que nos permita criar uma equipa portuguesa, à imagem da Ligier em França.
- Quando prevê que esteja pronto o vosso carro?
- Se os contactos com os patrocinadores se concretizarem rapidamente, pensamos estar prontos para o Grande Prémio da Espanha ou da Bélgica. (de 1977)
Testemunho recolhido por:
Fabrice ROUVEYROL.
CARACTERISTICAS:
CONSTRUÇÃO
- Chassis tubular.
- Via dianteira: 2500 mm.
- Via traseira: 1370/1470 mm.
- Travões: 8 de concepção especial e diâmetro reduzido (4 nas rodas e 4 no chassis).
- Suspensões: dianteira e traseira em V com amortecedores na projecção das forças convergentes.
MOTOR
Ford Cosworth DFV V8, 2.995 cc.
- 85,6 x 64,8.
- Potência/RPM: 480HP/11000.
- Radiadores de óleo e água em posição lateral. Culassas especiais permitirão obter cerca de 650 a 700 HP de potência.
1 comentário:
ele lembra um pouco os primeiros Fittipaldi
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