sábado, 13 de junho de 2009

Jackie Stewart, 70 anos! - A biografia (5ª e última parte)

(continuação do capitulo anterior)

Após a sua carreira competitiva, tornou-se comentador televisivo, na americana ABC, e na australiana Channel 9. Ao longo da década de 70 e 80, até quase á actualidade, os seus comentários eram largamente ouvidos por milhões de espectadores em todo o mundo, o que ajudou a elevar a sua popularidade, especialmente devido ao seu carregado sotaque escocês... E para além disso, as suas participações em anúncios publicitários, para fazer render ainda mais o seu nome.


Para além disso, “matava o bichinho” conduzindo de vez em quando as máquinas de Formula 1 do momento. Conduziu o modelo P34 de seis rodas, no inicio de 1976, o modelo 008, ambos da Tyrrell, o Brabham Alfa-Romeo BT46, o Williams FW 11, entre outros, durante os anos 70 e 80, em ensaios para a televisão, demonstrando a sua mestria não só em pilotar, como a descrever o comportamento desses modelos. Um “test driver” de elite, sem dúvida…


A sua presença em circuitos atraiu um realizador, Roman Polanski, que decidiu fazer o documentário “Weekend of a Champion”, que seguia os passos do piloto escocês durante o fim-de-semana do GP do Mónaco de 1971, vencido por ele. E alguns anos mais tarde, dois cantores fizeram videoclips em sua honra: o “beatle” George Harrisson escreveu “Faster” em 1978, e em 2000 foi a vez de Robbie Williams o incluir no videoclip da música “Supreme” onde ele, “Bob Williams”, competia com Stewart pelo título mundial de 1970…


Entretanto, Stewart continuava ligado à Ford, a marca que sempre o apoiou na sua carreira competitiva. E foi com eles que ele volta a entrar competitivamente na Formula 1, como construtor. Em meados dos anos 80, o seu filho Paul Stewart começa a seguir os passos do pai, e começa a competir na Formula Ford 2000, em 1988. No ano seguinte passa para a Formula 3, e monta a sua própria estrutura, com a assistência do seu pai. Em 1991, passa para a Formula 3000, tendo como companheiro o italiano Marco Apicella, e os resultados são bons para o italiano. No ano seguinte, acolhe um jovem escocês, de seu nome… David Coulthard, e os resultados são melhores, inclusive, o próprio Stewart consegue pontuar. Em 1993, tem agora como companheiro o brasileiro Gil de Ferran, e se Stewart Jr tem a sua melhor época de sempre (um pódio e 14 pontos), já o brasileiro conseguiu uma vitória para a equipa, e o quarto lugar no campeonato.


No final de 1993, Paul Stewart pensou bem e verificou que era melhor a dirigir as operações das boxes do que a conduzir um carro, e decidiu melhorar a sua equipa na Formula 3000 Internacional. Em 1994, tentou o título com Gil de Ferran, mas só ganhou uma corrida, e em 1995, tinha a seu lado o escocês Alan McNish, mas o ano correu pior. Por outro lado, na Formula 3, a equipa era a melhor do pelotão, vencendo três campeonatos consecutivos, entre 1992 e 1994. Gil de Ferran, o dinamarquês Jan Magnussen e o inglês Kelvin Burt foram os campeões ao volante das máquinas de Paul Stewart.


No final de 1995, ele e o pai decidiram perseguir o sonho da Formula 1. De inicio expressavam algum receio, dadas as experiências de anteriores, que tiveram pouca duração, mas quando tiveram o apoio da Ford para um projecto de cinco temporadas, avançaram. Andaram a preparar a sua entrada ao longo do ano de 1996, e a sua estreia oficial aconteceu no GP da Austrália de 1997, tendo como pilotos o brasileiro Rubens Barrichello e o dinamarquês Jan Magnussen. As primeiras corridas não foram bem sucedidas, dado que os carros raramente chegavam ao fim, mas no Mónaco aconteceu a primeira alegria da equipa, quando Barrichello lhes deu o seu primeiro pódio, um segundo lugar. Contudo, esse foi o único sucesso do ano, pois Magnussen falhou qualquer oportunidade de pontuar. A temporada acabou com seis pontos e o nono lugar no campeonato de Construtores.


No ano seguinte, a dupla continuava, mas os resultados eram piores. Barrichello conseguiu quatro pontos, e Magnussen um, antes de ser substituído a meio da época pelo holandês Jos Verstappen. Os cinco pontos deram-lhe o oitavo lugar no campeonato de construtores.


No final desse ano, a Cosworth tinha sido adquirida pela Ford, o que fazia com que entrasse uma enorme quantidade de capital. Stewart tinha contratado o projectista Gary Anderson, que tinha vindo da Jordan, para desenhar e desenvolver aquele que se iria tornar no SF3. Rubens Barrichello continuava, mas tinha como companheiro o inglês Johnny Herbert, que vinha da Sauber. Quer o carro, quer os motores, demonstraram potencial competitivo, mas pouco fiável, pelo menos de inicio. Mas a meio da época, os carros davam nas vistas: Barrichello subuiu ao pódio em San Marino e França, depois de ter feito a pole-position à chuva, a primeira da marca, e Herbert começava a aparecer regularmente nos pontos.


Até que chegou o GP da Europa de 1999. Corrido no circuito de Nurbrurgring, palco das melhores vitórias de Jackie Stewart, os carros nem estavam bem colocados na grelha de partida (14º e 15º colocados), mas aproveitando bem a hecatombe que assistiam à sua frente, chegaram à frente da corrida por alturas da 50ª volta, com Johnny Herbert no primeiro lugar, enquanto que Rubens Barrichello era terceiro. As coisas acabaram assim e Stewart entrava na estrita elite de pilotos vencedores que se tornaram também vencedores como construtor. Antes dele, somente Jack Brabham, Bruce McLaren e Dan Gurney tinham conseguido tal feito. E a vitória tinha acontecido na melhor altura: a Ford tinha comprado a equipa por 60 milhões de dólares, e iriam renomeá-lo de Jaguar Racing. Um verdadeiro negócio para os Stewart, pois eles tinham investido… zero cêntimos do seu bolso para montar a equipa.


No final da temporada, a Stewart Racing tinha conseguido 36 pontos e o quarto lugar entre os construtores, a sua melhor época de sempre. A partir dali, com novas cores, nunca iriam ter o mesmo sucesso anteriormente, pelo menos até ter sido comprado no final de 2004 por Dieter Mateschitz e renomeá-lo de Red Bull.


Hoje em dia, Stewart trabalha como relações públicas para o Royal Bank of Scotland, logo, é muitas vezes visto nas boxes da Williams. Nos últimos anos, recebeu várias condecorações, foi o primeiro nome a ser introduzido no Scottish Sports Hall of Fame (que ajudou a elaborar), e três doutoramentos “Honoris Causa” por três universidades escocesas, a última das quais em Novembro de 2008, por uma das mais famosas da Escócia, a Universidade de St. Andrews.


Fontes:


Santos, Francisco: Grand Prix – A História da Formula 1, Ed. Público, Lisboa, 2003.


http://www.sirjackiestewart.com/ (sitio oficial)
http://en.wikipedia.org/wiki/Jackie_Stewart
http://www.grandprix.com/gpe/drv-stejac.html
http://www.ddavid.com/formula1/stew_bio.htm
http://www.motorsportshalloffame.com/halloffame/1990/Jackie_Stewart_main.htm
http://www.f1girlsonline.com/especialjackiestewart01.html
http://jcspeedway.blogspot.com/2009/06/sir-jackie-o-segundo-escoces-voador.html


http://continental-circus.blogspot.com/2007/07/gp-memria-alemanha-1968.html (Alemanha 1968)

http://continental-circus.blogspot.com/2008/10/francois-cevrt-anatomia-de-um-desastre.html (Acidente mortal de Francois Cevért)


http://continental-circus.blogspot.com/2007/12/bolides-memorveis-stewart-sf3-1999.html (Stewart SF3 de 1999)

http://www.independent.co.uk/news/obituaries/jimmy-stewart-racing-driver-brother-of-jackie-768821.html (Jimmy Stewart)

1 comentário:

Bruno disse...

Parabéns pela ótima homenagem, Paulo. Simplesmente fantástico. Espero que a história de Jackie não termine ainda, pois tem muito a acrescentar para a Fórmula 1 (assumir a FIA, por exemplo...rsrs).
Abraço.